Não Topem com Vampiros

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Harry sabia exatamente dos efeitos que seus beijos causavam em Elena e esperava que isso lhe ajudasse durante a mordida, esperava que seu "feitiço lupino" amenizasse a dor de seu veneno, mas nada havia dado certo e seu plano B tornou-se um grande fiasco. A dor não pôde ser contida, Elena gritara devido ao veneno que a consumia e agora estava desacordada. Contudo, ele sabia que, apesar de inconsciente e de seu rosto inexpressivo, ela ainda podia sentir o queimar de seu corpo em seus sonhos.

O jantar daquela noite estava oficialmente cancelado e Harry não tinha palavras para se explicar à Lyssa, que observava a filha de forma pensativa.

― Coloque-a no quarto e vá para casa! – pede ela, ainda um pouco desorientada.

― Quero ficar, por favor, quero estar aqui quando ela acordar.

Lyssa permanecera em silêncio, apenas acenando afirmativamente com a cabeça, sem saber o que pensar sobre o acontecido.

O mestiço passa os braços por baixo do corpo de Elena, pegando-a no colo e apertando-a levemente contra seu peito, sentindo sua fera interior pulsar forte com aquela aproximação, bem mais forte do que de costume, como se tentasse lhe dizer que estava satisfeito.

No aconchego de sua cama, Elena dormiu por dois dias inteiros. Harry ia vê-la sempre depois da escola e permanecia ao seu lado, na cama, até o anoitecer, quando Lyssa o enviava de volta para casa antes que pegasse no sono. Poucas palavras foram trocadas entre eles, visto que o silêncio parecia dizer mais coisas do que qualquer outra palavra naquele momento. Porém, na manhã do terceiro dia, quando o Sol já estava a pino, Elena abre os olhos.

De início a claridade ofuscava sua vista, obrigando-a a fechar e abrir os olhos várias vezes, para se habituar. Ela olha ao redor um pouco atordoada, sentindo a secura de sua garganta, parando ao ver que havia alguém sentado no chão, ao lado de sua cama. Harry estava brincando distraidamente com os fiapos do tapete desde que chegará a casa das Noolan, e mal notara seu despertar.

― Harry – chama ela com voz rouca, sentindo a sede atrapalhar sua fala.

O mestiço levanta-se do chão com um salto, indo imediatamente para o lado da humana.

― Você está bem? Precisa de alguma coisa? – pergunta afobado.

― Água – resmunga com sua voz rouca.

Ele corre até a cozinha e retorna em poucos segundos, trazendo Lyssa consigo, que desejava saber o porquê de quase ter sido atropelada no andar de baixo e de Harry ter subido as escadas de três em três degraus. E qual não foi sua surpresa e satisfação, ao perceber que sua filha havia acordado.

― Precisa de mais alguma coisa? – pergunta Harry a analisando.

― Sim – responde depois de esvaziar o copo d'água, sentindo um grande alívio na garganta. – Preciso saber: o que aconteceu? Sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim... Não me lembro de ter dormido e muito menos de ter retornado para o quarto.

Harry suspira profundamente e, pacientemente, conta tudo o que lhe acontecera, desde o seu estranho sonho, até o momento em que ficaram sozinhos e ela apagou completamente. Era possível notar o tom melancólico e culpado de sua voz, como se sentisse o peso de seu sofrimento sobre os ombros.

― E então eu a mordi – encerra ele, encarando os olhos arregalados de Elena.

― Você me mordeu? – exaspera-se – E nem sequer me contou antes? – esbraveja histérica, distribuindo tapas por toda a extensão de seu braço. – Eu poderia ter me preparado psicologicamente para isso, sabia? Você não pode fazer as coisas assim, tão de repente!

Leah 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora