42 | My Enemy

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HADES LEWIS

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HADES LEWIS

Eu cheguei em casa e joguei 9 blazer no sofá da sala, estava um pouco alto por conta das doses que tomei no bar após o velório.

Meus olhos inchados entregavam que o dia não havia sido nem um pouco bom. Mas ficou um pouquinho melhor agora que nossos olhares se encontraram.

Ela segura Kenny no colo, balançando-o de um lado para outro. Parece que está com dificuldade para fazê-lo dormir. Seu semblante cansado reflete que o dia também não tem sido bom para ela.

Me aproximo deles e abraço os dois com delicadeza para não acordar o garotinho loiro que parecia ter pegado agora no sono.

— Vamos deitar, amor — murmurei, beijando sua testa. Scarlett subiu as escadas e eu a acompanhei, abri a porta para que ela. Observei enquanto se deitava e silenciosamente colocava Kenny na cama junto, sem desgrudar seu corpo do dele, com medo dele acordar. — Ele vai dormir aqui hoje? — perguntei. Scar balançou a cabeça em afirmação.

— Ele só chora e grita que quer sua irmã, acorda de uma em uma hora tendo pesadelos. E também não vou deixá-lo sozinho em seu quarto, não sabemos que não estamos correndo risco de vida aqui — ela disse, sem olhar para mim. Apenas ficava fazendo carinho nos cabelos loiros e ondulados de Kenny. Nós não deveríamos estar passando por isso agora, com medo de dormir em nossa própria casa.

Preciso dar um jeito nisso, dar um jeito em tudo. Colocar Pablo em uma cela de segurança máxima. Nunca tentaram matar ele na cadeia, mesmo todos sabendo que ele havia avisado sexualmente da própria filha quando ela era criança. Alguns caras ousaram bater nele, nas primeiras semanas ele ficou com o rosto deformado. Era quase irreconhecível.

Mas depois de anos, ele começou a conquistar os caras de lá. Com dinheiro, muito dinheiro e mentiras. Tudo o que ele precisava, ele.pagava para que fizessem. Para sequestrar minha irmã, para matá-la. Ele não sujou as mãos para isso, apenas mandou algum de seu capacho fazer.

— E se eu mandasse alguém lá de dentro matar seu pai? — falei, sem pensar direito. Agora seu olhar estava em minha direção, e estava incrédulo.

— Você precisa descansar, amanhã conversamos. — Ela levantou o lençol da cama para que eu me deitasse. Neguei com a cabeça. Não consigo dormir, não quero dormir. O barulho do tiro vai me acordar assim que eu fechar os olhos. As lembranças vão me torturar, eu correndo com ela nos braços, seu sangue na minha roupa. Não consigo dormir agora.

— Me diz o que você acha, Scarlett. Se eu mandasse alguém da cadeia matar seu pai. Ninguém nunca saberia que fui eu.

— Ah, para de ser ingênuo! Você seria o primeiro suspeito, Hades! É rico, pode pagar qualquer um para fazer o trabalho sujo e, sua irmã foi morta ontem! Então sim, todo mundo saberia que foi você! — ela jogou as palavras em tom alto, irritada. Bom, tem alguma lógica. Mas estou com tanto ódio daquele cara agora que não consigo pensar direito.

— Está protegendo ele? O cara que...

— Não ouse terminar sua frase. — Scarlett me interrompeu.

Respirei fundo, passando a mão pelos cabelos... Estou ferrando tudo, e não consigo parar, não consigo manter minha maldita língua dentro da boca. Mas ela também é culpada por não compreender a minha dor, pois enquanto o irmão dela está em segurança dormindo ao seu lado, a minha irmã está em um caixão a sete palmos da terra. Acho que Scarlett não percebe o desequilíbrio óbvio.

— Eu só quero ficar em paz, quero que ele pague por tudo o que fez a nós todos. Destruiu a vida da minha irmã, matou ela, tirou a mãe do meu sobrinho, avisou de você e matou a sua mãe do mesmo jeito que matou Magnólia. As duas morreram com uma bala na testa, apenas porque se envolveram com ele. — Tento fazer Scarlett entender o meu lado, mas seu semblante está tão desgostoso que me sinto desconfortável. Não queria enumerar os acontecimentos, mas ela precisa saber que eu não sou o errado da história.

— Sabe, eu achei que você tinha mudado. Mas não, ainda desconta sua dor nas pessoas que estão ao seu redor. Isso é triste, Hades. Você parece não ter aprendido nada com o tempo. — Ela se virou para o lado, abraçando Kenny como se ele fosse a única coisa que lhe sobrara. Engoli em seco, que merda ela está falando? Não estou culpando-a de nada.

— Eu só perguntei, ok? Não precisa ficar bravinha por isso — falei, sentando na beirada da cama.

— Não me importo com Pablo vivo ou morto, eu só não queria que meu namorado mandasse alguém matar ele. Não queria que você fosse tão ruim a esse ponto. Realmente também preferia ele morto, mas não sou uma pessoa ruim... Jamais mandaria alguém matá-lo mesmo sendo a principal vítima dele. — Ela permanece sem olhar para mim, apenas proferindo as palavras em tom baixo para não acordar nosso garoto. — Ainda estou viva, mas não tem um dia sequer que eu não pense nos estragos que ele fez.

Deitei no meu lado, olhando fixamente para o teto. Não consigo dormir, não consigo encará-la e não consigo pensar em seguir em frente agora. Para mim só há um caminho, uma única coisa que eu deveria fazer para amenizar a dor. E matar Pablo é essa coisa. Pois eu quero me vingar por Scarlett, por Magnólia e por Kenny. Também por Stella que morreu nas mãos dele.

— Eu nunca vou deixar ele chegar perto de você de novo, te fiz essa promessa há quatro anos e ela permanece. O dia em que Pablo encostar um dedo se quer em você... Eu terei que estar morto, apenas dessa forma ele vai te fazer mal. Só se eu não estiver mais vivo.

— Matando as pessoas que eu amo, ele me faz mal. Mas agradeço a proteção — murmurou, com os olhos fechados. Eu queria não ser tão merda pra ela agora, mas não consigo ser melhor. Não consigo ignorar a dor e ser quem ela merece ter ao lado agora. — Apenas... Apenas não se afunde por causa dele.

Eu vou tentar, amor.

Inimigos Não Se Apaixonam |Em Pausa|Where stories live. Discover now