Capítulo 4 - Not your area

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Audrey ainda estava sem saber como reagir ao que Sherlock tinha acabado de fazer.

— Eu vou matar ele — declarou a mulher quando John se aproximou. — Eu tenho habilidade para isso, você sabe.

O homem riu segurando a bicicleta pelo guidão e a desencostando do meio fio.

— Por que a gente deixa o Sherlock fazer essas coisas? — continuou Audrey tão revoltada quanto decepcionada.

— Faz muito tempo que eu me pergunto isso. — John configurou o GPS para marcar o caminho que eles fariam até a Rua Baker. Não queria correr o risco de o amigo tentar obrigar os dois a refazer o trajeto. — Ainda não descobri a resposta — disse ele por fim com um sorriso no rosto.

Audrey riu e olhou para John antes de entrelaçar seu braço esquerdo com o direito dele e colocar a mão sobre a do amigo também segurando o guidão da bicicleta. Com o apoio ela esperava diminuir a força necessária para empurrá-la.

— Eu já fiz esse caminho duas vezes! Está mais do que provado que é possível! — reclamou a mulher depois de um tempo em silêncio. — Quando eu fui pela primeira vez para a Rua Baker pra pedir a ajuda dele assim que escapei, e me perdi pelo caminho, e depois quando fui andando com Sherlock.

— Sorte nossa ele não ter tentado refazer a versão longa — ponderou John otimista.

— Ele não se atreveria...

Os amigos trocaram um olhar silencioso ambos concordando que o detetive sim seria capaz de algo como aquilo.

— Que sorte a nossa, então. — Audrey sorriu, mas fez uma careta em seguida antes de praguejar.

— O que foi?

— Deixei toda a água no carro. — Ela pegou o celular no bolso. — Vou mandar uma mensagem pedindo para ele estacionar e nos esperar. Afinal, ele não está querendo matar a gente, está? — Audrey riu e foi acompanhada por John.

Foi uma hora de caminhada até o encontro com Sherlock no carro. Audrey preferiu não trocar nenhuma palavra com ele quando pegou uma garrafinha de água para ela, e outra para John, pois ainda estava irritada com o passeio forçado.

— Deixa a bolsa no carro, — pediu Sherlock quando a viu tentando pegar o objeto. — Não carregue peso à toa. Daqui à meia hora a gente se encontra de novo.

Ainda sem trocar nenhuma palavra com ele, Audrey retirou uma banana da bolsa e fechou a porta depois de se despedir da Rosie com um sorriso.

Mais uma vez ela e John se puseram a caminhar depois que o carro se afastou.

— Quer um pedaço? — Ela ofereceu a fruta para o amigo antes de morder.

— Não, obrigado. — O homem sorriu agradecido.

— Certeza? — perguntou ela de novo depois de comer um pedaço.

— Tenho. — John sorriu e acenou para ela com a cabeça confirmando a resposta.

Os dois evitaram conversar muito durante o trajeto, pois aquilo os deixaria ainda mais cansados. Nas paradas seguintes ela tratou Sherlock da mesma forma que na primeira, mas sem conseguir explicar o motivo, sua raiva estava se dissipando sozinha.

A poucos quarteirões da Rua Baker ela inclusive conseguiu sorrir para o amigo. Quando chegaram, Sherlock ainda fez questão de encenar a última parte do que havia sido o primeiro encontro de John e Audrey.

Depois de deixar Rosie aos cuidados da senhora Hudson, ele subiu para o apartamento e ficou olhando pela janela, da mesma forma como havia feito naquele dia. John entrou com a bicicleta deixando Audrey sentada na frente do gradil perto da porta para simular a possibilidade de ter amparado ela daquela forma após chegarem juntos.

YOLO - Só se vive uma vezWhere stories live. Discover now