Capítulo 30 - Mensagem das flores

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Antes que pudesse ser interrompido pela visita de algum cliente, Sherlock saiu de casa na manhã de segunda-feira e seguiu em direção a uma joalheria há algumas quadras do 221B da Rua Baker. Enquanto ele caminhava pela calçada com as mãos dentro dos bolsos do Belstaff, as palavras de John ecoavam em sua mente.

"Você sempre se sentiu confortável com a Molly por perto, trabalham bem juntos, e sem dúvida é uma das pessoas que tem mais paciência com você."

A conclusão dele era perfeita e coerente, assim como quando o amigo havia mencionado o fato dele estar apaixonado por Molly, mas preferir manter uma relação que soubesse controlar porque assim acreditava ser o melhor. Sherlock tinha certeza que daquela forma conseguiria garantir que a amiga seria feliz conforme ele desejava, e sorriu ao perceber o quão egoísta aquilo soava.

Molly era inteligente e independente o suficiente para decidir como gostaria de viver e não precisava de alguém fazendo escolhas por ela. O homem respirou profundamente ao parar em frente à joalheria com o coração acelerado, não pelo exercício, mas pela expectativa de que seu presente colocasse um sorriso no rosto da amiga.

O tilintar agudo de um sino anunciou a entrada de Sherlock fazendo com que o jovem homem, a quem a calvície havia chegado cedo demais, que usava uma lupa para observar alguns anéis de brilhantes sobre o balcão, erguesse a cabeça na direção do recém-chegado.

— Sr. Holmes, em que posso ser útil? — Rick Howard sempre acolhia o detetive consultor com a mesma expressão de gratidão no rosto pela ajuda que havia recebido dele alguns anos atrás na solução de um roubo quando os negócios ainda pertenciam ao seu pai e ele era apenas um aprendiz de joalheiro.

— Trouxe uma peça que ganhei como pagamento durante uma investigação e queria que você a limpasse para mim — pediu Sherlock caminhando na direção do balcão.

— Imagino que vai querer que eu a avalie também? — sugeriu o joalheiro enquanto estendia a mão direita para receber a pequena caixa.

— Não, só limpe mesmo. Pretendo dar de presente para uma pessoa — respondeu o homem com um sorriso no rosto.

Howard não escondeu a expressão de espanto quando viu o pingente formado por três pequenos círculos entrelaçados, dois dourados e um terceiro incrustado de brilhantes brancos suspenso pela fina corrente dourada.

Rapidamente, fazendo uso da lupa, ele analisou o que tinha em mãos e calculou o valor alto da peça que não era apenas dourada, mas de ouro e as pedras se tratavam de diamantes muito bem lapidados. O conjunto já encantava os olhos e uma limpeza apenas destacaria ainda mais sua beleza.

— Saiba que estará presenteando com uma joia de alto valor — afirmou Howard com convicção, porém sem mencionar números.

— Ainda será pouco considerando o que ela merece.

O joalheiro encarou o homem na sua frente e sorriu entendendo do que se tratava. Aquilo fez Sherlock sentir as bochechas corarem um pouco enquanto sorria de volta, arrependido por ter admitido aquilo em voz alta.

— Pois bem, farei o trabalho pessoalmente e acredito que até o final da semana estará pronto.

— Fico grato, — Sherlock agradeceu antes de se virar para sair da joalheria. — Ah, — pronunciou ele girando sobre os calcanhares. — Vou precisar de uma caixa melhor do que essa para dar de presente. Faça-me o favor de incluir no pacote e pagarei tudo junto quando vier buscar a joia.

— Como quiser, Sr. Holmes.

Com tudo combinado, os dois homens se despediram com um aceno de cabeça e Sherlock saiu novamente para as ruas cada vez mais movimentadas de Londres. A ideia de que o pingente estaria pronto no final daquela semana, o fez pensar na possibilidade de sua conversa com Molly acontecer em breve. Apesar de já ter decidido que faria aquilo, ainda parecia algo distante da realidade, mas agora parecia tolice adiar o que precisava acontecer.

YOLO - Só se vive uma vezWhere stories live. Discover now