Capítulo 18 - Natal com neve

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Molly desceu de seu carro na Rua Baker e entrou rápido no 221B, pouco mais de meia hora depois da saída de Audrey na companhia da família Watson, carregando uma sacola com alguns embrulhos. O clima estava cada vez mais frio e a meteorologia garantiu que as chances de um Natal com neve eram grandes.

Ela subiu as escadas seguindo a melodia do violino. Sherlock estava usando toda sua habilidade investigativa tentando compreender o próprio comportamento em relação à amiga e a melhor forma que conhecia para fazer aquilo era pensar enquanto compunha.

— Que lindo, Sherlock — elogiou Molly batendo as mãos uma contra a outra com o som abafado pelas luvas.

A mulher havia ficado em silêncio, de pé atrás da poltrona de estofado amarelo perto da porta, apreciando a melodia até ele parar de tocar.

— Obrigado. — O homem ficou lisonjeado com o elogio, mas um pouco constrangido. Estava compondo aquela música pensando nela, e ainda não estava terminada.

— Acho que nunca tinha ouvido essa antes — declarou ela tirando o casaco, as luvas e deixando as duas peças ao lado da sacola sobre a poltrona.

— Com certeza nunca ouviu. — O sorriso surgiu no rosto de Sherlock acompanhado pelo brilho em seus olhos.

A beleza da amiga com o vestido preto justo de mangas compridas com estampa de flores silvestres amarelas, sobre a meia calça preta e sapatos de salto, conferindo simultaneamente um toque de sofisticação e romantismo captou a atenção dele fazendo Molly enrubescer levemente enquanto era observada com tanto interesse. A mulher também não deixou de apreciar como conjunto novo de terno azul marinho com camisa azul clara o deixavam ainda mais atraente do que de costume.

— Fico feliz que você tenha voltado a compor — declarou ela.

— Como você descreveria o que ouviu? — Já que a amiga não estava ciente que havia servido de inspiração para a criação, Sherlock quis saber qual a impressão estava passando.

— Senti a mesma alegria que tinha naquela valsa que você compôs para a Mary e o John, — ela deu alguns passos na direção do amigo. — É engraçado como aquela música me fez pensar em uma família feliz aproveitando um dia ensolarado... — Molly deu uma risadinha. — Me lembrou da época em que meu pai ainda estava vivo — admitiu ela pela primeira vez em voz alta.

Sherlock sorriu com a análise, satisfeito por ter causado na ocasião exatamente o sentimento que queria. Uma valsa de casamento que remetia a lembranças felizes em família, não poderia ser mais adequada. Mas Sherlock estava ansioso pela análise da composição atual, então se manteve em silêncio enquanto a amiga continuou.

— Mas essa tem também uma aflição, não do tipo ruim, mais como uma curiosidade para investigar mais profundamente alguma coisa complexa de compreender. — Molly riu. — Parece muito com você!

Sherlock sorriu para a amiga pela precisão da análise dela.

— Gostaria de saber o que te inspirou, algum caso difícil? — perguntou ela voltando a atenção para a cozinha.

Dessa vez foi Sherlock quem sentiu as bochechas ardendo. Um sintoma estranho que não se lembrava de já ter experimentado perto da amiga.

— Sherlock, você já ligou o forno? — Molly caminhou na direção do eletrodoméstico.

— Não, eles me pediram para esperar uns 30 minutos. — Ele voltou a tocar o instrumento.

— Bom, então já passou um pouquinho. — A mulher sorriu e acendeu as chamas.

Em seguida ela acionou o temporizador para que avisasse a hora em que o assado estivesse pronto. Enquanto se deixava embalar ao som do violino, Molly conferiu tudo o que eles haviam preparado com antecedência para ver se faltava alguma.

YOLO - Só se vive uma vezKde žijí příběhy. Začni objevovat