Capítulo 71 - Por você...

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Com Audrey mais calma, John começou os preparativos para que ela pudesse ir embora. Amparando a mão dela sobre a sua, ele puxou a agulha, por onde havia sido injetado um analgésico comum, e pressionou o pequeno furo com o polegar por alguns segundos antes de cobrir o local com um band-aid. Depois, Anne ficou sozinha com a paciente e a ajudou a vestir de volta a própria roupa e se acomodar na cadeira de rodas.

— John, — chamou Audrey tocando a mão do amigo. — Posso ir ver a Molly antes da gente ir embora?

— Não podemos demorar — disse ele mudando a direção na qual pretendia empurrar a cadeira.

— Tudo bem — concordou a mulher.

Entrar na baia ao lado de onde ela estava e encontrar a amiga coberta de curativos, com os tubos do acesso venoso periférico e a cânula nasal, cuidado necessário pelo tempo que ela ficou sem respirar, deixou claro para a mulher por que Sherlock preferiu sair ao ver todos aqueles ferimentos. Um aperto no peito, por conta das péssimas escolhas que havia feito quase levou Audrey às lágrimas, mas ela se conteve e forçou um sorriso.

— Molly... — chamou ela quando, com a ajuda de John, ficou de pé ao lado da cama. — Me perdoa... — pediu com um sussurro que quase não saiu.

— Você não tem pelo que pedir perdão, Audrey.

— Eu não devia ter caído tão fácil na lábia dele...

Molly esticou os braços e acolheu a amiga em um abraço dentro das possibilidades que os ferimentos das duas permitiam.

— Não foi só a habilidade do Phil de enganar as pessoas, foi sua vontade de me salvar que te fez ir com ele — afirmou a mulher. A amiga levantou o corpo para olhar para ela. — Você preferiu colocar sua vida em risco a pensar em outra saída.

— Ele disse que eu me acho muito esperta, — revelou Audrey. — Por isso me enganou fácil.

Molly deu um pequeno sorriso e percebeu que Sherlock fazia o mesmo, embora tentasse disfarçar. Não foi a primeira vez que a ideia de que morar com o detetive estava deixando a amiga muito parecida com ele surgiu em sua mente.

— Pois eu te conheço melhor do que o Phil e garanto que ele estava completamente equivocado quando disse isso. — Ela colocou a mão esquerda sobre as duas da amiga que se apoiava no colchão para conseguir ficar em pé com apenas uma perna tocando o chão. — Você é sim muito esperta, mas isso não tem nada de ruim. Seu único objetivo ali era me ajudar e não levar crédito por ter resolvido a situação.

— Audrey, precisamos ir — interrompeu John fazendo a amiga olhar para ele. Uma enfermeira perto da entrada já havia lançado alguns olhares de desaprovação por conta da aglomeração no pequeno espaço.

— A gente conversa mais quando eu for pra casa — sugeriu Molly.

— Tudo bem, — disse ela enquanto as lágrimas silenciosas molhavam seu rosto. — Você ainda vai ter que ficar muito tempo aqui?

— Preciso ficar em observação por conta do tempo que estive desacordada, — respondeu a mulher olhando para a amiga que se ajeitava de volta na cadeira de rodas. — Tanto pela agressão quanto pelo afogamento. É por isso também que preciso disso — ela apontou para a cânula nasal. — Estão monitorando minha oxigenação, — ela mostrou o oxímetro preso ao indicador direito. — E há suspeita de que eu esteja com pneumonia, — Molly indicou a bolsa pendurada do seu lado direito gotejando o medicamento diretamente em sua veia pelo escalpe nas costas da mão. — Antibiótico de amplo espectro até a cultura de bactéria revelar o que exatamente eu contraí naquela água suja.

— Nossa... — foi o único comentário que Audrey conseguiu fazer.

A patologista deu uma risadinha ao perceber a forma automática com a qual havia ditado as informações relativas ao seu estado de saúde esquecendo que a amiga era leiga no assunto.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora