O clima de tensão estava quase palpável quando Molly entrou na sala uma hora depois da chegada deles. Ela cumprimentou John, que se limitou a dar um sorriso efêmero, e caminhou até Sherlock a quem saudou com um beijo notando a tensão da raiva em seus lábios.
Rapidamente ela percebeu que era algo mais sério do que um caso sem solução, ou os dois não estariam com aqueles semblantes.
— O que houve? — perguntou ela sentada no braço da poltrona ao ajeitar um cacho sobre a orelha esquerda do namorado.
— O que houve? — Sherlock tentava precariamente se controlar. — Ele, — apontou para John do outro lado da sala. — Achou que a Audrey não tinha traumas suficientes com que lidar e tentou causar mais um! — O homem quase rosnou ao revelar.
— Cadê a Audrey? — perguntou Molly preocupada.
— Lá em cima, — respondeu John indicando com a cabeça.
Molly se levantou, mas Sherlock a segurou pelo pulso interrompendo a caminhada.
— Ela pode estar dormindo, amor — justificou por conta do olhar de surpresa que recebeu dela.
— O que exatamente aconteceu? — Molly cruzou os braços e continuou de pé. Dependendo do que Sherlock contasse, ela decidiria se iria ou não checar o estado de Audrey.
O homem narrou a história desde o início, mas à medida que a raiva foi tomando conta dele, seu tom de voz foi aumentando. O barulho despertou Audrey, que apenas cochilava, e a curiosidade a fez levantar da cama e descer para descobrir o que estava acontecendo.
A mulher estava no último degrau quando resolveu ouvir dali mesmo o que Sherlock contava. Ela usou o armário aos pés da escada para ocultar sua presença.
— Eu já achei um absurdo eles amarrarem ela na maca, mas a Audrey estava agitada e não tinha outra forma de prosseguir já que ela parecia em transe e não respondia ninguém. Imagino que era isso ou sedação, mas talvez a segunda opção fizesse com que o sonho/memória fosse interrompido.
Sherlock estava de pé perto da lareira e gesticulava com as mãos enquanto falava.
— Pela reação de todos, fui convencido que o procedimento é usual e uma alternativa necessária em alguns casos. Mas o que aconteceu depois que ele aplicou o contraste, — Sherlock cerrou o punho e mordeu o nó do dedo indicador direito tentando controlar a raiva. — Porque você não conta o que aconteceu? — Ele sugeriu de forma agressiva ao amigo até então calado.
John engoliu em seco antes de falar.
— Ela pediu para ser solta e disse que não iria desobedecer de novo... — revelou ele sem conseguir controlar a tremedeira em seu lábio inferior.
— Não parou por aí... — instigou Sherlock rindo de nervoso. — Repete o que ela disse e o que você respondeu!
— A Audrey disse: "Por favor, pai..." — John olhou para as próprias mãos. — E eu falei: "Fica quieta, Catherine".
Audrey cobriu a boca com as mãos e sentiu as lágrimas descendo pelo rosto compreendendo o motivo do amigo a estar evitando.
— E sabe o que ele fez? — perguntou Sherlock para Molly que estava em choque com a história e negou com um aceno de cabeça sem conseguir falar. — Continuou o exame! — gritou o homem caminhando pela sala na direção do amigo. — Se eu não tivesse ameaçado arrancar ela de lá à força, não sei quanto tempo mais teria durado a tortura!
A postura ameaçadora de Sherlock fez o amigo se levantar pronto para aceitar um soco, pois ele achava que era mínimo que merecia depois do que havia feito.
![](https://img.wattpad.com/cover/343165450-288-k636278.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
YOLO - Só se vive uma vez
FanfictionDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...