Capítulo 57 - O pequeno prodígio

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John resolveu começar pelo corte na perna de Audrey depois de concluir que o ferimento na cabeça aparentemente não era tão grave. Já tendo visualizado o do braço, ele queria ver como estava a perna da amiga.

— Ai, ai, ai... — gemeu Audrey quando John desamarrou a polaina que ela usou para tentar estancar o sangramento.

— Me perdoa — pediu ele enquanto continuava o trabalho.

— Tudo bem. — Audrey sorriu, mas logo depois fez uma careta quando John tentou erguer a perna direita da calça. — Para, para! — pediu ela. — Acho que vai ser mais fácil se eu tirar — anunciou enquanto desabotoava a calça jeans.

Prestes a abrir o zíper, ela notou que John a encarava sem saber como reagir e só então percebeu que se sentia tão à vontade com o amigo que ignorou o fato do quanto seria embaraçoso para os dois se ela ficasse de calcinha na frente dele. Audrey acabou tendo uma crise de riso que foi acompanhada por John.

— Tem uma tesoura na gaveta da cozinha, — disse ela abotoando a calça de novo. — Eu não vou ter como usar esse jeans outra vez mesmo. Pode cortar — garantiu ela ainda rindo.

— Nesse caso, acho que vai ser melhor cuidar disso no banheiro — sugeriu John. — Vamos fazer menos sujeira.

— Tem razão, — Audrey sentou e colocou as pernas no chão. — Me ajuda?

Sem precisar responder, John tirou os sapatos e as meias dela, passou o braço direito em volta da cintura da amiga que se apoiou com o braço esquerdo sobre os ombros dele e ambos ficaram de pé.

Os pés da mulher mal tocavam o chão enquanto o homem a conduzia até o banheiro onde a sentou na borda da banheira com os pés dentro dela. Na sequência, ele caminhou até a cozinha e encontrou a tesoura no lugar onde sabia que estava guardada e voltou para junto de Audrey.

— Tem certeza? Eu posso chamar a senhora Hudson para te ajudar a trocar essa calça por uma peça mais curta.

— Certeza absoluta — garantiu ela. — Olha só o estrago e a sujeira. Mais fácil eu transformar ela em uma bermuda do que lavar e costurar.

— Okay, então. — O médico tirou o casaco preto, arregaçou as mangas da camisa social que usava e se aproximou da banheira para começar o trabalho.

— Estranho como o jeans não protegeu minha perna, — comentou ela enquanto o amigo lutava contra a resistência do tecido com cuidado para não a machucar ainda mais.

— Na verdade ele protegeu — explicou John. — Pelo que eu estou vendo aqui, alguma coisa pontiaguda rompeu e penetrou sua pele, se não fosse o suporte que o jeans deu, acredito que teria rasgado do joelho até o calcanhar.

Audrey emitiu um gemido agudo e fez uma careta. — Ainda bem que eu decidi me vestir assim então.

Com um corte em volta do joelho e outro vertical na direção do pé, o homem removeu o tecido sem esforço da perna da amiga.

— Vou lavar com água e sabão antes de fazer os curativos — declarou o médico deixando a tesoura e o pedaço de pano sujo no chão perto dele.

— Tá bom. — Ela sorriu enquanto John abriu a torneira e juntou uma porção d'água com as duas mãos.

O médico repetiu o gesto algumas vezes até restar apenas o ferimento de onde escorria um filete de sangue. Ele precisou tomar cuidado com o sabão líquido, para que a substância não caísse dentro do ferimento. Audrey manteve as duas mãos segurando firme na borda da banheira durante o procedimento.

— O corte foi muito profundo, — a expressão de John estava entre a preocupação e o lamento. — Vou precisar verificar se ficou algum fragmento aqui dentro.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora