Capítulo 66 - Trauma de infância

12 2 29
                                    

John e Greg estavam devastados por voltar para o 221B da Rua Baker sem notícias sobre o paradeiro da amiga, mas o estado de nenhum dos dois se comparava ao de Sherlock. A quantidade de fantasmas do passado sobre os ombros dele o impediam até mesmo de falar.

Mais uma vez teve a chance de evitar que Molly fosse ferida e fracassou. Por maior que fosse a vontade de encontrá-la com vida, a dor de olhar para ela depois de tudo seria enorme. Em silêncio, o detetive desabou em sua poltrona sob os olhares preocupados dos dois amigos.

A noite inteira de investigação sem resultando dava a sensação de que o dia anterior não havia terminado e os primeiros raios de sol clareando a cidade, para ele pareciam não fazer sentido. Sem muito que fazer, John pediu a Greg que ficasse de olho em Sherlock e subiu para o andar de cima. Odiava ser o portador de más notícias, mas precisava explicar para a amiga o porquê de não ter atendido suas ligações.

O pai deu um pequeno sorriso ao abrir a porta do quarto da babá e encontrar a filha adormecida ao lado da mulher. Obviamente não pretendia contar para a criança o que estava acontecendo, por isso precisava acordar Audrey e a retirar dali primeiro.

— Por Deus, John, — sussurrou ela ao abrir os olhos e encontrar o amigo agachado ao lado da sua cama. — Eu te liguei a noite toda. O que aconteceu?

— Vem comigo — pediu ele também falando baixo.

Sem movimentos bruscos, Audrey soltou Rosie do abraço e se levantou da cama recebendo a bengala das mãos do amigo antes de sair do quarto e fechar a porta.

— Qual o problema? — Ela estava cada vez mais aflita.

— O Phil sequestrou a Molly.

Audrey precisou se segurar em John para não cair pela escada quando seus músculos pareciam ter perdido completamente o tônus ao ouvir a notícia. Ela balançou a cabeça em negativa, mas o homem confirmou com o aceno contrário.

A mulher abraçou o amigo e escondeu o rosto ao lado do pescoço dele abafando o choro que não conseguiu conter. Por mais que soubesse que Sherlock conseguiria trazer Molly de volta, Audrey lamentava o sofrimento pelo qual a amiga estava passando. Pensar no detetive trouxe mais uma preocupação para ela.

— Como ele está? — Ela fungou secando as lágrimas depois de levantar a cabeça.

— Nada bem — respondeu John também passando a mão no rosto para secar as próprias lágrimas.

— Vem, — Audrey segurou a mão direita dele. — Vou preparar uma bebida quente para vocês.

Sem tentar impedir a amiga, John apenas a acompanhou até a cozinha e, exausto como estava, soltou o corpo sobre uma das cadeiras enquanto ela circulava pelo cômodo.

Audrey ficou um pouco envergonhada ao encontrar o detetive Greg no apartamento, pois não esperava mais ninguém além dos amigos presente enquanto ela trajava apenas seu pijama comprido de flanela. Aos poucos, no entanto, aquilo foi se dissipando em virtude do semblante de Sherlock que mal parecia estar respirando.

Ela pensou em preparar um chá, depois um café, e por fim acabou se decidindo por chocolate quente. Sabia que os três homens estavam cansados e famintos e um leite com carga extra de açúcar parecia uma boa opção. Se quisessem comer, havia biscoitos em um pote no armário, mas ela sabia que se Sherlock aceitasse a caneca de chocolate já seria um milagre.

John e Greg acompanharam em silêncio enquanto Audrey atravessou a sala e caminhou na direção do detetive com uma caneca cheia da bebida doce e quente.

— Toma — disse a mulher com a voz suave.

— Não como enquanto trabalho — respondeu ele em seu tom barítono sem olhar para ela.

YOLO - Só se vive uma vezWhere stories live. Discover now