Capítulo 69 - Mentira programada

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John fez uma manobra arriscada, porém rápida, para estacionar o Aston Martin atrás do sedan preto. As marcas do pneu ficaram no asfalto quando ele girou o volante e puxou o freio de mão parando próximo do meio fio. Sherlock pulou para fora do veículo antes do amigo e foi seguido por ele até a única entrada com o portão em arco no muro branco.

Ao ouvir o barulho de derrapagem, Molly sabia que estava salva, só não tinha ideia de como atrasar Phil. Numa tentativa desesperada, ela fingiu tropeçar em seus próprios pés e caiu levando o criminoso com ela. Aflito por também ter ouvido o barulho do carro, o homem mais que depressa tentou colocá-la em pé novamente, mas a mulher resistiu.

— Sherlock! — gritou ela sem saber se ele conseguiria ouvir.

Phil na mesma hora usou a mão para cobrir a boca de Molly.

— É melhor você ficar quieta senão eu quebro seu pescoço agora mesmo! — Ele demonstrou que tinha força suficiente para isso apertando o rosto dela.

Molly decidiu cooperar ao mesmo tempo em que o atrasava o máximo que pudesse, pois agora tudo o que o namorado precisava era de um pouco mais de tempo.

— Não se preocupe. Logo ele vai estar morto e vocês vão poder se encontrar no inferno — disse o homem animado enquanto a arrastava pelo caminho.

Sherlock, que forçava a grade para ele e o amigo conseguirem entrar, parou de repente.

— O que foi? — perguntou John.

— Tive a impressão de ter ouvido meu nome.

— Elas devem saber que estamos aqui, — sugeriu John deslocando a grade alguns centímetros. — Ele deve estar mantendo as duas sob vigilância.

— Tem razão. — Sherlock o ajudou a puxar a estrutura e logo havia espaço para os dois entrarem.

Eles estavam preparados para vários cenários, menos para o que encontraram assim que entraram na recepção. Sherlock deu de cara com Audrey, aparentemente em transe hipnótico, e antes que ele conseguisse se aproximar, ela apontou a arma que segurava de maneira firme na direção dele.

Pode ser que ele tente te enganar, mas não acredite. — A voz de Phil ecoou na mente da mulher. — Você conhece Sherlock Holmes. Alto, sobretudo, cachecol azul talvez, arrogância. Jamais aceita que o contrariem. Não adianta argumentar. Você precisa matar ele para continuar livre.

— Audrey... — Sherlock chamou controlando a voz para soar o mais tranquilo que conseguisse naquele momento. Seus olhos percorreram os pequenos ferimentos da amiga e ele teve certeza que ela havia tentado lutar. — Abaixa essa arma.

— Não, — a mulher piscou os olhos algumas vezes sentindo uma sensação estranha. Audrey deixou a arma pronta para ser disparada, e pousou o dedo no gatilho. — Você são vai me levar presa. Eu não vou ser torturada de novo!

— Eu não vou levar você pra cadeia, eu vim resgatar você — argumentou ele.

Cadeia. Você é uma assassina. Matou várias pessoas, ele quer te colocar na cadeia.— Outra vez a voz de Phil com o discurso que ele fez minutos antes. — You only live once.

O fato de Audrey ter realmente trabalhado naquela função por algum tempo foi uma ajuda com a qual o criminoso não contava. As memórias falsas se misturavam com as verdadeiras de uma maneira que a mulher não conseguia separar.

— Eu fiz aquelas pessoas desafiarem a morte e elas não sobrevieram. Agora você veio para me prender. — Audrey piscou os olhos e agitou a cabeça confusa com as próprias palavras. Não pareciam pertencer a ela.

YOLO - Só se vive uma vezWhere stories live. Discover now