Capítulo 15 - Museu de pesadelos

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Rosie finalmente encontrou um lugar acolhedor para onde acordava animada para ir todas as manhãs. Foi um alívio ver a menina cada vez mais empolgada com a creche e os novos colegas. Era uma etapa importante da vida dela que havia começado de uma maneira não muito boa, mas melhorou muito e todos esperavam que continuasse assim.

Já o comportamento de Sherlock estava deixando Molly cada vez mais intrigada. Ele continuava gentil com ela, como há algum tempo havia aprendido a ser, mas havia algo mais que a mulher não conseguia explicar. Por algumas vezes ela teve a certeza que o homem a encarava ao invés de olhar as amostras no microscópio, mas quando Molly perguntava se precisava de algo, Sherlock desconversava e voltava a prestar atenção ao que fazia.

O jardim de inverno de John estava ficando cada vez mais vivo e colorido com as plantas e outros itens de decoração comprados por Audrey. Ela havia inclusive levado Rosie depois da aula com ela até uma loja para escolher alguns vasinhos para as flores, e voltou com vários em formato de bichinhos e um com estampa de unicórnios que a própria mulher escolheu.

Enquanto isso, Londres continuava segura com Sherlock atendendo seus clientes e sempre disposto a ajudar o detetive inspetor nas investigações acompanhado na maioria das vezes por John e em algumas por Audrey, que estava mostrando cada vez mais gosto em desvendar mistérios intrincados, sem precisar sair de casa.

Mas o passado da mulher era um museu de pesadelos que sempre conseguia um jeito de assombrá-la.

O expediente como babá havia chegado ao fim e, contente por mais um dia em que havia conseguido fazer tudo o que planejou, ela se despediu de John e Rosie e caminhou até a porta. Audrey já estava com a mão na maçaneta quando o sorriso desapareceu do seu rosto. Um calafrio se espalhou pelo seu corpo e ela ficou paralisada, sem coragem para se mover.

— Audrey... — chamou o homem começando a ficar preocupado com a paralisia repentina da amiga. — Você está bem?

— Eles vieram me buscar — sussurrou ela enquanto lágrimas volumosas escorriam pelo seu rosto.

— Quem? — perguntou John, tão confuso quanto Rosie, andando até a janela perto da porta e afastando a cortina para ver o que havia assustado a mulher. — Não tem ninguém lá fora... — A experiência do médico, no entanto, começou a alertá-lo sobre o que realmente estava acontecendo.

— Eles devem ter se escondido, — argumentou ela. — Eu vi o carro passando! Devem ter vindo me prender pelas mortes. — A respiração de Audrey estava irregular.

John se aproximou da amiga lentamente com medo de que qualquer movimento brusco pudesse assustá-la ainda mais.

— Audrey, você está segura. — Ele tocou o ombro direito da mulher com a mão esquerda e a escorregou até o pulso dela onde constatou, com uma pequena pressão do polegar, que os batimentos cardíacos estavam muito acima do normal esperado. — Não tem ninguém lá fora.

— Tem sim! Eu vi! — Ela olhou aflita para John, pelo amigo não acreditar nela, e em sua visão periférica viu Rosie, que de tão assustada com a situação, não conseguia nem chorar. — Eu vi... — repetiu ela implorando pela confirmação de que não estava ficando louca.

Com delicadeza, John a fez soltar a maçaneta da porta aliviando a tensão em sua mão, evidente pelos nós dos dedos brancos com a circulação sanguínea prejudicada, e adicionou mais um sintoma à sua lista enquanto fazia o diagnóstico. O corpo de Audrey tremia descontroladamente.

— Vem comigo — pediu ele com uma voz suave enquanto conduzia a amiga pela sala, sob o olhar atento da filha, até o sofá grande onde acomodou Audrey reclinada com as costas em duas almofadas e as pernas esticadas. — Me fala o que você está sentindo. — Com carinho ele afastou os cabelos grudados pelo suor no rosto dela.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora