Capítulo 58 - Sentimento incômodo

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Com Sherlock machucado, Greg precisou descobrir um jeito de ampliar sua força para despregar as tábuas que impediam o acesso ao local seguinte. Usando uma alavanca improvisada, e com a ajuda de Molly, ele desprendeu o suficiente para que o trio pudesse passar. A área onde Audrey havia caído estava bem na frente daquela entrada e foi facilmente identificada pelos destroços do telhado no chão.

Enquanto o inspetor olhava para o teto, mais uma vez impressionado pela resistência física da mulher, que mesmo com a queda havia chegado andando a Rua Baker, Sherlock revirava os destroços atrás de uma pista que ele imaginou encontrar por ali. Ao localizar o pequeno dispositivo de filmagem, um sentimento familiar que ele odiava se manifestou com intensidade.

— Sua conexão. — Ele colocou a câmera na palma da mão de Greg. — São imagens da Audrey realizando o desafio mortal, Phil Magick e Maniphking são a mesma pessoa — disse Sherlock antes de sair andando em direção à sacada.

Molly olhou espantada para o inspetor, que tirou o celular do bolso para comunicar os novos fatos pedindo reforço, e precisou correr para alcançar o namorado já sabendo sobre o sentimento de culpa que estava crescendo dentro dele. A mulher o encontrou agachado na sacada afastando alguns cacos de vidro com as mãos protegidas pela luva de couro.

— Ela me pediu pra encontrar e levar de volta — disse Sherlock ficando de pé e virando de frente para Molly.

— Dessa vez deu tempo, está tudo bem agora. — Molly segurou as mãos do detetive em volta do celular destruído. — Daqui a pouco ele vai ser preso para prestar depoimento.

— Não vai. — Sherlock balançou a cabeça em negativa enquanto Greg caminhava na direção dos dois. — Temos prova que Audrey esteve aqui, participou do desafio, sobreviveu, mas nada liga isso tudo ao Phil. O caso da morte dos pais dele foi encerrado.

— Isso, — lamentou o detetive da Scotland Yard. — Vou trazer uns oficiais pra cá e fazer uma busca mais detalhada pela manhã, mas a casa parece estar vazia. Quem quer que tenha invadido já está longe. — Greg sorriu revelando a forma como justificou a entrada dele na casa sem mandado. — O máximo que posso fazer é tentar localizar Phil Priddle e ficar de olho nele.

— De qualquer forma encerra o caso — comentou Molly de maneira serena. — Seguido de perto ele não vai poder continuar com esse plano.

Sherlock deu um sorriso tímido pelo empenho da namorada em tentar aliviar a culpa dele enquanto o barulho de sirenes avisava para o trio que o reforço pedido por Greg havia chegado. Com certeza ao ver o detetive consultor no local, eles duvidariam que o invasor da mansão fosse desconhecido, mas depois de receber ajuda para resolver tantos casos complicados, os policiais se habituaram a ignorar as contravenções de Sherlock.

Ao contrário do que pensavam, no entanto, Phil não só estava ligado ao crime, como estava presente acompanhando as deduções do detetive desde que os três haviam chegado. Utilizando as passagens secretas da casa que ele conhecia tão bem, o jovem adulto viu seu plano perfeito de retorno ao sucesso na internet desmoronar por conta de duas mulheres e um detetive intrometido. Escondido nas sombras ele prometeu para si mesmo que iria se vingar.

Ele vai concluir a investigação.

Pensava enquanto corria pelo caminho até o porão. Precisava sair dali antes que sua presença fosse percebida. 

Sherlock vai ser o responsável por colocar a tal de Audrey na cadeia pela morte dessa tal de Molly. — Phil sorriu com a genialidade do plano recém-elaborado. — E talvez ela possa levar a culpa das outras mortes também, já que a câmera que eu deixei no telhado não estava em uma posição que focasse o rosto. Até que ela cair dentro da casa não foi um revés tão ruim.

YOLO - Só se vive uma vezDonde viven las historias. Descúbrelo ahora