John não conseguia esconder a surpresa com o que havia presenciado Audrey fazer e, assim que entrou no carro, fez questão de declarar isso a ela.
— Não sabia que você era brava desse jeito! — comentou John sorrindo.
— Me desculpa pelo descontrole — pediu a mulher um pouco sem graça.
— Não, não precisa se desculpar. — Ele se apressou em dizer. — Eu sou muito mais descontrolado do que você.
Os dois riram reconhecendo o quanto aquela afirmação era verdadeira.
— Foi injusta a forma que ela falou da Rosie. Você cria ela tão direitinho e ela é uma criança tão educada. — Audrey dobrou uma das pernas e se sentou de lado no banco do carona para olhar de frente para o amigo. — Você está fazendo um ótimo trabalho.
— Obrigado — agradeceu o pai com um brilho no olhar.
— Por falar nisso... — Audrey ergueu as sobrancelhas ao se lembrar de mais um detalhe sobre o evento que não havia contado para o amigo. — Eu dei sorvete para a Rosie, mesmo sabendo da sua regra.
— Imagino que ela aceitou sem reclamar... — John também se virou no banco para ficar de frente para a mulher.
— Claro que não! Ela não queria e eu precisei insistir. — A mulher sorriu um pouco sem graça. — Na verdade, mentir é uma palavra melhor para o que eu fiz.
— Precisou enganar a Rosie para ela aceitar o sorvete?
— Foi — admitiu Audrey rindo. — Eu disse que se fosse o primeiro dia de aula ela podia tomar sorvete, mesmo que tivesse tomado no dia anterior.
John riu do malabarismo feito pela amiga.
— Eu não gosto de mentir... — Ela desviou o olhar.
— Eu sei, e isso nem de longe é uma coisa ruim — declarou o homem. — Principalmente quando estamos entre amigos. A sinceridade, mesmo que cause algum desconforto, é o que fortalece a relação.
A mulher olhou sorrindo para o amigo.
— Mas o que te levou a inventar tudo isso para a Rosie aceitar um sorvete? — perguntou ele se ajeitando no banco e afivelando o cinto de segurança.
— Uma senhora passou pela gente quando a Abelhinha tava chorando muito e eu expliquei que ela tinha caído e cortado o lábio. — Audrey também se ajeitou e afivelou seu cinto. — Ela então sugeriu o sorvete para diminuir um pouco a dor. Até funcionou e quando eu te enviei a primeira mensagem, ela tava melhor. Mas depois de um tempo piorou de novo.
— É uma anestesia passageira o que o frio provoca nesses casos — confirmou John.
— Foi o que imaginei, mas acabou sendo o suficiente para eu conseguir ver o tamanho do machucado e decidir se era necessário levar ela pro hospital ou se você mesmo poderia cuidar.
— Você decidiu muito bem! — elogiou.
John já estava para ligar o carro e voltar para a Rua Baker quando uma ideia lhe ocorreu. Deixando a chave na ignição sem dar a partida, ele pegou o celular dentro do bolso do casaco e fez uma ligação. Depois de uma conversa rápida que o deixou animado, o homem guardou o aparelho e finalmente ligou o carro.
— Audrey, você se importaria se a gente fosse a um lugar? Se não quiser ir deixo você em casa antes, sem problema.
— Claro que não me importo, John. Além do mais, estou no meu horário de trabalho. — Ela sorriu. — Aonde vamos?
— Eu consegui vaga para a Rosie em duas creches e a segunda opção ainda está disponível. É um pouquinho mais longe de casa, mas se o lugar for mais acolhedor que esse, eu acho que vai valer à pena — explicou ele enquanto manobrava o carro para fora da vaga.
YOU ARE READING
YOLO - Só se vive uma vez
FanfictionDr. Watson disse certa vez que normal e bem são termos relativos quando se trata dos Holmes, e o mesmo parece valer para quem frequenta o 221B da Rua Baker. Rosie iniciou a vida escolar, ainda contando com sua babá, Audrey, que conseguiu um lugar pe...