Capítulo 68 - Cruelmente manipulada

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Com as duas mulheres presas, Phil podia dar continuidade ao seu plano. O esquema foi concebido assim que ele encontrou a clínica de fisioterapia desativada e observou como o lugar era por dentro.

O complexo com acesso pela rampa à direita da recepção possuía um amplo galpão com vários aparelhos para a prática de exercício dividindo espaço com uma pequena lanchonete ao lado da qual uma entrada com escadas e um elevador de acessibilidade, levava até aos vestiários e a piscina no patamar inferior. Obviamente toda essa informação havia sido visualizada apenas na internet, pois o local que Phil encontrou desde a primeira vez que esteve ali estava bastante deteriorado.

O galpão estava vazio, pois os aparelhos haviam sido removidos. Da lanchonete restavam apenas algumas mesas de refeitório com banco fixo aparafusadas no chão e muito sujas, a estufa onde ficava os alimentos e as placas com o cardápio e os preços despencando da parede atrás dela. O elevador não funcionava há muito tempo e por isso Phil usou a escada para chegar até a piscina. Era ali que seu plano aconteceria. O homem sorriu.

Primeiro ele jogaria Molly de cabeça contra o piso de azulejo, se ela não morresse de imediato, poderia bater com a cabeça dela até estar consumado. Em seguida hipnotizaria Audrey e a deixaria ali pronta para assumir o crime. Mesmo que ela acordasse do estado hipnótico e ficasse confusa, a gravação nas câmeras seria prova suficiente contra ela.

Nesse momento Phil percebeu uma falha perigosa em seu plano. Se Molly não morresse em sua primeira queda, intervir diretamente poderia acabar o colocando no enquadramento da filmagem. Um vídeo cheio de cortes não era seu feitio.

Phil se aproximou da beirada da piscina e ficou ainda mais frustrado ao perceber o resto de água lá dentro. Mesmo tendo profundidade suficiente para uma queda fatal, a absorção de impacto pelo líquido com certeza atrapalharia seus planos. O homem pulou dentro da água lodosa e começou a procurar o ralo de fundo para desobstruir a saída e se livrar do problema.

Mycroft garantiu ao irmão que assim que tivesse imagens do carro em que Audrey havia embarcado e o seu trajeto enviaria para ele. Esperando pelo retorno, os três homens estavam ansiosos para entrar em ação com o nível de adrenalina os deixando inquietos. Greg só esperava a rota para mandar todos os carros de polícia que estavam à sua disposição estacionados em frente ao 221B na direção indicada.

O trabalho sujo de Phil, ainda tentando se livrar da água, foi interrompido pelo toque de seu celular. Ele não podia deixar de atender, pois apenas uma pessoa possuía aquele número. Sem poder ficar de vigia ao mesmo tempo em que sequestrava as mulheres, ele precisava de um olho na Rua Baker monitorando a movimentação para saber se precisaria ou não apressar o que queria fazer. Se o telefone estava tocando, ele sabia que precisava se apressar.

A conversa com o interlocutor foi rápida. Havia uma grande concentração de carros de polícia na rua e Phil sabia que logo todos estariam vindo em sua direção. A solução, no entanto, era muito simples. Seu vigia não era um transeunte qualquer, mas um cérebro manipulável que se mostrou muito obediente. Um desconhecido, prestes a ficar famoso se alguém o filmasse em seus últimos momentos.

Quando o aviso de mensagem recebida piscou na tela do computador em cima da mesa, os três viraram o corpo para a tela. Sherlock foi quem abriu a mensagem que logo exibiu várias imagens com fotos de Audrey e do carro, além de mapas com a rota já traçada.

Imediatamente os homens correram escada abaixo sob o olhar preocupado da senhora Hudson que com as mãos sobre o peito rezava para que eles conseguissem salvar Molly e Audrey. Ela fechou os olhos e desejou poder fazer alguma coisa.

You only live once — disse Phil ao telefone.

You only live once — repetiu o homem do outro lado da linha.

YOLO - Só se vive uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora