≈Amanda•
Estar com o Antônio era como um respiro no caos da minha vida. Mariana tinha razão quando dizia que eu estava engessada. Meus dias monótonos e tristes se resumiam a ir ao hospital, voltar para casa e as vezes beber alguns negronis no bar próximo ao hospital. Desde o fim do meu último relacionamento, tóxico diga-se de passagem, eu não sabia mais o que era viver o momento e ser feliz. Estar com alguém que tira o melhor de nós, e não lágrimas, era incrível. Antônio surgiu em um dia que eu estava repensando toda a minha vida e meus próximos passos. A frase da paciente ressoava na minha mente e nos meus desejos. Estar em um carro, em uma rodovia, sem rumo, com um completo desconhecido, que no momento já parecia super conhecido, era como se eu estivesse assistindo o filme da vida que eu gostaria de ter. Que eu posso ter. Uma nova vida.— Amanda?
Levei alguns segundos para perceber que Antônio me chamava. Sorri. Ele me arrancava sorrisos com uma facilidade impressionante.
— Sim?
— Você estava longe.
— Estava pensando na vida.
— Não! Sem pensar na vida, pensamos amanhã quando voltarmos.
Sorri e concordei, ele tinha razão. Nada do que fizéssemos agora mudaria o que quer que seja.
— Acho que chegamos.
Olho ao redor e encontro um estacionamento improvisado e uma trilha simples. Encaro Antônio que sorri como um menininho empolgado.
— Esse é o momento em que o narrador fala "ela não deveria ter confiado no estranho, 7 dias depois o corpo dela foi encontrado em mata fechada".
— Que humor grotesco, Amanda! - ele repreende gargalhando. - mais fácil você enterrar meu corpinho, mulheres tem o dom de fazer as coisas mais bem feitas do que os homens.
— Nisso eu tenho que concordar.
— Ei!
— Ué, você quem disse. - dou de ombros sorrindo e procuro um protetor solar na minha bolsa - sua sorte é que sempre ando com um.
Passo o protetor no meu rosto e fico em pé em frente a ele. Antônio fecha os olhos esperando eu esfregar o produto em seu rosto e eu reparo em quanto ele é lindo e passa uma vibe de paz. Não resisto a beija-lo com delicadeza. Meus lábios tocam o dele com carinho e sinto as mãos dele ao redor da minha bunda me puxando mais pra frente para aprofundar o beijo. Faço carinho com os polegares nas bochechas dele e suspiramos juntos quando paramos o beijo. Antônio sorri pra mim fechando os olhos e eu tenho a certeza que quero guardar essa essa memória na gaveta das coisas especiais da vida.
Passo o protetor em todo o rosto dele e nos ombros.
— Vamos?
Concordo e ele pega na minha mão entrelaçando nossos dedos. Não sei da onde ele veio, nem o motivo de entrar na minha vida, mas agradeço ao Universo por ter me proporcionado essas horas de felicidade pura.
Antônio tagarela sobre a importância de locais como aquele ao redor da cidade grande e como é um refúgio. Ouço com atenção mas só consigo reparar em como é gostoso ouvir ele falar sobre temas que ele gosta. Chegamos ao lago cristalino com uma ponte de madeira e sorrio ao ver ele retirar a blusa e a calça jeans.
— Vem, Amanda! - ele grita pulando na água e eu balanço a cabeça fazendo que não.
— Tenho medo!
— Eu te protejo, vem, linda!
Retiro a saia de renda branca e amarro minha blusa com um nó firme. Caminho para água e grito ao sentir o gelado.
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...