Capítulo VI

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≈Amanda•
Estar com o Antônio era como um respiro no caos da minha vida. Mariana tinha razão quando dizia que eu estava engessada. Meus dias monótonos e tristes se resumiam a ir ao hospital, voltar para casa e as vezes beber alguns negronis no bar próximo ao hospital. Desde o fim do meu último relacionamento, tóxico diga-se de passagem, eu não sabia mais o que era viver o momento e ser feliz. Estar com alguém que tira o melhor de nós, e não lágrimas, era incrível. Antônio surgiu em um dia que eu estava repensando toda a minha vida e meus próximos passos. A frase da paciente ressoava na minha mente e nos meus desejos. Estar em um carro, em uma rodovia, sem rumo, com um completo desconhecido, que no momento já parecia super conhecido, era como se eu estivesse assistindo o filme da vida que eu gostaria de ter. Que eu posso ter. Uma nova vida.

— Amanda?

Levei alguns segundos para perceber que Antônio me chamava. Sorri. Ele me arrancava sorrisos com uma facilidade impressionante.

— Sim?

— Você estava longe.

— Estava pensando na vida.

— Não! Sem pensar na vida, pensamos amanhã quando voltarmos.

Sorri e concordei, ele tinha razão. Nada do que fizéssemos agora mudaria o que quer que seja.

— Acho que chegamos.

Olho ao redor e encontro um estacionamento improvisado e uma trilha simples. Encaro Antônio que sorri como um menininho empolgado.

— Esse é o momento em que o narrador fala "ela não deveria ter confiado no estranho, 7 dias depois o corpo dela foi encontrado em mata fechada".

— Que humor grotesco, Amanda! - ele repreende gargalhando. - mais fácil você enterrar meu corpinho, mulheres tem o dom de fazer as coisas mais bem feitas do que os homens.

— Nisso eu tenho que concordar.

— Ei!

— Ué, você quem disse. - dou de ombros sorrindo e procuro um protetor solar na minha bolsa - sua sorte é que sempre ando com um.

Passo o protetor no meu rosto e fico em pé em frente a ele. Antônio fecha os olhos esperando eu esfregar o produto em seu rosto e eu reparo em quanto ele é lindo e passa uma vibe de paz. Não resisto a beija-lo com delicadeza. Meus lábios tocam o dele com carinho e sinto as mãos dele ao redor da minha bunda me puxando mais pra frente para aprofundar o beijo. Faço carinho com os polegares nas bochechas dele e suspiramos juntos quando paramos o beijo. Antônio sorri pra mim fechando os olhos e eu tenho a certeza que quero guardar essa essa memória na gaveta das coisas especiais da vida.

Passo o protetor em todo o rosto dele e nos ombros.

— Vamos?

Concordo e ele pega na minha mão entrelaçando nossos dedos. Não sei da onde ele veio, nem o motivo de entrar na minha vida, mas agradeço ao Universo por ter me proporcionado essas horas de felicidade pura.

Antônio tagarela sobre a importância de locais como aquele ao redor da cidade grande e como é um refúgio. Ouço com atenção mas só consigo reparar em como é gostoso ouvir ele falar sobre temas que ele gosta. Chegamos ao lago cristalino com uma ponte de madeira e sorrio ao ver ele retirar a blusa e a calça jeans.

— Vem, Amanda! - ele grita pulando na água e eu balanço a cabeça fazendo que não.

— Tenho medo!

— Eu te protejo, vem, linda!

Retiro a saia de renda branca e amarro minha blusa com um nó firme. Caminho para água e grito ao sentir o gelado.

A CuraWhere stories live. Discover now