Capítulo VIII

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≈Amanda•

Quando eu pensava no fim de semana era como se eu tivesse vivido um filme. Antônio se despediu no outro dia de manhã, eu segui meu dia descansando até o horário de um novo plantão e recomecei minha rotina. Não mandei mensagens pra ele ao longo da semana, ele também não me enviou nada. O que deixava ainda mais forte a sensação de que tudo havia sido uma fantasia.

— Você tem andado tão distante.

— Ah Mari, só pensando na vida.

Ela arrumava o jaleco balançando o corpo na cadeira do dormitório. Nossa noite havia sido agitada com um óbito e um acidente trágico com três feridos, o que deixava todo o clima da equipe ainda mais triste.

O sol clareava no horizonte e víamos resquícios dele pela parede de vidro.

— Noite difícil, né? Quando vejo jovens morrerem assim sempre repenso minha vida, apesar de fazer parte da nossa profissão.

— Ele só tinha 21 anos... penso nos pais, você ouviu o grito da mãe quando recebeu a notícia?

— Sim, foi muito triste. Parece que ainda está ressoando na minha mente.

Meu celular vibra e eu tomo um susto achando que é mais uma emergência.

Meu celular vibra e eu tomo um susto achando que é mais uma emergência

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Dei risada para o celular, o que resultou em uma Mariana curiosa tentando ver com quem eu falava

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Dei risada para o celular, o que resultou em uma Mariana curiosa tentando ver com quem eu falava. Não revelei, não me sentia pronta para falar sobre o Antônio. Nem mesmo para ela.

Atendo mais alguns pacientes e vejo o tempo voar. Me arrumo para passar o plantão e quando saio vejo Antônio de braços cruzados conversando com o Sr. Genaro, o controlador de acesso do hospital.

— Bom descanso doutora!

— Bom término, Sr. Genaro.

Antônio beija minha bochecha quando me aproximo e me aperta em um abraço firme.

— Foi um prazer, Antônio!

— O prazer foi meu, Sr. Genaro. Bom trabalho!

Antônio abre a porta do carro pra mim e entro colocando minhas coisas no banco de trás.

— Onde você quer comer?

— Sinceramente? Na minha casa.

— Ué, não vai tirar até meu último centavo? Esperava mais de você.

— Estou realmente muito cansada, mas amanhã é outro dia. - dou uma risadinha maléfica e ele balança a cabeça rindo. - Hoje você não trabalha?

— Não, eu vou ter que resolver algumas burocracias mais tarde então tirei o dia de folga. Vantagens de ser o meu próprio chefe.

— Rico. Um dia chego lá.

— Confio em você!

Ele puxa minha mão e da um beijo sorrindo.

— Vou parar ali para comprar algumas coisas.

Antônio estaciona o veículo e entra em uma padaria que mais parece um shopping, espero no carro e alguns minutos depois vejo ele retornar com mais de 3 sacolas.

— Meu Deus, comprou tudo?

— O suficiente pra alimentar uma plantonista.

Dou risada e ele joga as sacolas no meu colo.

— Quer me contar o que aconteceu no plantão e o motivo de você não estar bem?

— Tive um caso dificil. Jovem, 21 anos, estava voltando da faculdade... o veículo derrapou em uma ribanceira e ele estava sem cinto, foi arremessado para fora do veiculo em uma árvore, teve a coluna fraturada na hora, chegou com vida mas faleceu.

— Meu Deus, ele estava bebado?

— Ai que está, não estava. Disseram que foi algum problema mecânico no carro, mas não da para saber.

Antônio aperta minha mão como quem me da forças.

— Depois tivemos um acidente com outro veículo, mãe, pai e dois filhos, os pais e a filha mais velha tiveram escoriações e o bebê não teve nada.

— Um caso muito triste e um que no fim ficou tudo bem.

— Sim... mas o do jovem mexeu comigo. A reação dos pais sempre me dói.

— Amo o fato de você ainda ter tanta empatia mesmo depois de anos de profissão.

A palavra me atinge como uma bola de basquete. A voz do meu ex gritando que eu só tinha empatia pelos meus pacientes é dolorosamente alta nas minhas memórias. Sorrio e abaixo a cabeça tentando esconder meus sentimentos.

— Isso é lindo, Amanda. Muito lindo. Gostaria muito que existissem mais pessoas no mundo como você!

Meu olhos ardem com as lágrimas involuntárias e ele me olha confuso.

— Obrigada, Antônio. Obrigada.

Mais uma vez ele ressignificava um momento da minha vida. Chegamos ao meu apartamento e ele arruma a mesa enquanto tomo banho e visto algo confortável.

— Uau, que linda. - dou risada da reação e ensaio um desfile cômico no corredor. Meu pijama de ovos era tudo, menos lindo. Mas ele fazia de tudo pra eu me sentir bem.

Sentamos para comer e ele me conta sobre a semana, o trabalho e me explica sobre uma ação social que fará no fim de semana.

— Nem tudo é de graça, eu queria te ver hoje para pedir um favor. Amanhã teremos uma ação social em uma comunidade da região, eu vou dar aulas de jiu jitsu e defesa pessoal mas teremos outras coisas, uma delas é uma palestra sobre a importância do autoexame e da saúde feminina. A médica que faria a palestra teve um problema e só me avisou hoje. Você poderia ir com a gente?

— Antônio, eu sou tímida!

— Você é incrível e vai se sair muito bem!

Respiro algumas vezes tentando controlar minha ansiedade e vejo ele sorrir iluminando a sala.

— Eu sei que você consegue. Vamos? Será incrível!

Fecho os olhos e concordo, rindo quando ele beija minha bochecha e meu pescoço.

— Obrigado! Você é maravilhosa!

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Boa tardeee,

Mais uma atualização pq to empolgada com essa história hahahahahah

Espero que estejam gostando tanto quanto eu ♥

Beijo, Le.

A CuraWhere stories live. Discover now