≈Antônio•
Os dias se arrastam devagar. Dona Wilma virou uma especialista em dieta para oncológicos. Todo dia ela preparava um banquete com tudo o que eu precisava para me manter forte, o que ela não sabia, e eu tentava evitar ao máximo, era que em grande parte das vezes o esforço dela era em vão, já que as náuseas estavam me castigando cada vez mais.
— Filho, eu li na internet esse dias. - a voz dela surgiu distante quando eu me abaixei no vaso pela terceira vez no dia, minha queda de pressão com o esforço foi tamanha que tudo apagou. Acordei com ela gritando e me balançando. — ANTÔNIO! SOCORRO, ANTÔNIO!
— Mãe, calma, calma. - pedi sentando no chão do banheiro e levando a mão a testa - foi só a minha pressão.
— Vamos para o hospital!
— Mãe, não foi nada. É reação. Calma.
— Não é normal.
— É normal, mãe. Calma. Respira.
Sorri fraco pra ela e vi o desespero nos olhos e rosto. Meu celular toca e ela me ajuda a levantar. Era Amanda. Sento na cama e atendo a ligação.
— Ei! - sorrio.
— Nossa, que cara é essa? - ela pergunta assustada - você está branco.
— Não foi nada.
Dona Wilma tira o celular da minha mão.
— Ele está mentindo Amanda, vê se você coloca juízo na cabeça dele. Estou falando para irmos para o hospital e ele não aceita. Ele desmaiou de novo!
Minha mãe fala exasperada e eu reviro os olhos.
— Já está tudo bem, ela está na EUROPA mãe, Amanda não vai fazer nada, me devolve o celular.
— NÃO! Já que você não me ouve, pelo menos ouça ela.
— Mãe!
— ANTÔNIO!
— ANTÔNIO! - ouço Amanda gritar no celular.
— Agora pronto, as duas.
— Sim, as duas!
Pego o celular de volta e encontro uma Amanda extremamente brava.
— Antônio Carlos!
— Amanda Alice!
— Não venha com Amanda Alice, Antônio você está doente de novo! Estou enviando uma série de exames, quero que você faça todos e me envie os resultados.
— Não precisa.
— Precisa sim.
— Amanda, não precisa.
— Antônio não existe uma democracia aqui.
— Amanda... eu já sei o que eu tenho. Quando você voltar conversamos. Não precisa se preocupar.
— O que você tem?
— Quero conversar com você pessoalmente, faltam 3 dias pra você voltar.
— Antônio! - ela morde o lábio e eu sei que ela já imagina o que seja.
— Vai ficar tudo bem! Aliás, porque você me ligou?
— Era pra você escolher os vinhos... - ela sorri fraco e vira a câmera mostrando uma infinidade de bebidas.
Passamos longos minutos analisando um por um e escolhendo. Fazemos o mesmo com os queijos e pela primeira vez em dias me empolgo ao pensar em outra coisa.
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...