Capítulo XIII

1.1K 84 72
                                    

≈Antônio•

Os dias se arrastam devagar. Dona Wilma virou uma especialista em dieta para oncológicos. Todo dia ela preparava um banquete com tudo o que eu precisava para me manter forte, o que ela não sabia, e eu tentava evitar ao máximo, era que em grande parte das vezes o esforço dela era em vão, já que as náuseas estavam me castigando cada vez mais.

— Filho, eu li na internet esse dias. - a voz dela surgiu distante quando eu me abaixei no vaso pela terceira vez no dia, minha queda de pressão com o esforço foi tamanha que tudo apagou. Acordei com ela gritando e me balançando. — ANTÔNIO! SOCORRO, ANTÔNIO!

— Mãe, calma, calma. - pedi sentando no chão do banheiro e levando a mão a testa - foi só a minha pressão.

— Vamos para o hospital!

— Mãe, não foi nada. É reação. Calma.

— Não é normal.

— É normal, mãe. Calma. Respira.

Sorri fraco pra ela e vi o desespero nos olhos e rosto. Meu celular toca e ela me ajuda a levantar. Era Amanda. Sento na cama e atendo a ligação.

— Ei! - sorrio.

— Nossa, que cara é essa? - ela pergunta assustada - você está branco.

— Não foi nada.

Dona Wilma tira o celular da minha mão.

— Ele está mentindo Amanda, vê se você coloca juízo na cabeça dele. Estou falando para irmos para o hospital e ele não aceita. Ele desmaiou de novo!

Minha mãe fala exasperada e eu reviro os olhos.

— Já está tudo bem, ela está na EUROPA mãe, Amanda não vai fazer nada, me devolve o celular.

— NÃO! Já que você não me ouve, pelo menos ouça ela.

— Mãe!

— ANTÔNIO!

— ANTÔNIO! - ouço Amanda gritar no celular.

— Agora pronto, as duas.

— Sim, as duas!

Pego o celular de volta e encontro uma Amanda extremamente brava.

— Antônio Carlos!

— Amanda Alice!

— Não venha com Amanda Alice, Antônio você está doente de novo! Estou enviando uma série de exames, quero que você faça todos e me envie os resultados.

— Não precisa.

— Precisa sim.

— Amanda, não precisa.

— Antônio não existe uma democracia aqui.

— Amanda... eu já sei o que eu tenho. Quando você voltar conversamos. Não precisa se preocupar.

— O que você tem?

— Quero conversar com você pessoalmente, faltam 3 dias pra você voltar.

— Antônio! - ela morde o lábio e eu sei que ela já imagina o que seja.

— Vai ficar tudo bem! Aliás, porque você me ligou?

— Era pra você escolher os vinhos... - ela sorri fraco e vira a câmera mostrando uma infinidade de bebidas.

Passamos longos minutos analisando um por um e escolhendo. Fazemos o mesmo com os queijos e pela primeira vez em dias me empolgo ao pensar em outra coisa.

A CuraWhere stories live. Discover now