Capítulo XXXIX

997 85 71
                                    

≈Antônio•

O tempo passa em um tic tac lento quando a médica me ajuda a segurar Aurora. A boquinha pequena faz menção de chorar novamente mas eu beijo a testa dela e sussurro que não precisa chorar. A pequena se acalma e aninha em meu peito como se fossemos velhos conhecidos. E éramos.

Amanda me olha emocionada enquanto eu choro sentindo o cheirinho da nossa filha.

Obrigado, Deus. Obrigado por ter ouvido minhas preces. Obrigado por ter permitido que eu vivesse esse momento. Obrigado por permitir que ela chegasse aqui em nossos braços bem e saudável.

Obrigado!

A médica retira Aurora do meu colo e eu sinto um vazio absurdamente inexplicável. Amanda me olha e sei que ela sente o mesmo. Os médicos fazem os primeiros exames e constatam que Aurora estava perfeita.

— Parabéns para os dois, vocês foram incríveis.

— Obrigado por todo o suporte ao longo desses meses, Anne. Nossa filha não poderia ter vindo ao mundo por mãos melhores.

— Imagina, Antônio. Foi um grande prazer. Já enviamos o cordão para o armazenamento. Ele está passando pelo processo e ficará guardado. Vamos torcer para que não seja necessário utilizar, mas, caso seja, estará pronto.

— Obrigada, amiga. - Amanda sorri e aperta a mão da médica.

Vejo Anne se afastar e beijo suavemente os lábios de Amanda querendo guardar cada segundo daquela manhã em minha memória.

Aguardo pacientemente o retorno das duas para o quarto, junto com dona Regiane que ainda não havia parado de chorar desde que viu a neta pelo vidro da sala de parto.

— Ela é perfeita, mãe. Perfeita! - falo empolgado no telefone vendo Dona Wilma emocionada pela tela - a Amanda foi incrível. Uma leoa. Eu estou tão orgulhoso dela.

— Vocês dois são incríveis, filho! Vocês três.

Conversamos por alguns minutos e vejo a porta se abrir. Amanda entra com Aurora dormindo tranquilamente no colo. Viro a câmera e vejo minha mãe limpar as lágrimas ao olhar a neta.

— Minha querida, parabéns. Ela é linda!

— Obrigada, dona Wilma. - Amanda sorri e abraça a mãe emocionada.

— Filha, estou tão orgulhosa de você. Você foi perfeita! Vocês duas.

Amanda inclina nossa pequena em direção a mãe e as lágrimas de Dona Regiane inundam a sala em uma emoção palpável. Assisto a cena das três gerações em harmonia e sinto uma paz inexplicável.

≈Amanda•

Pegou tudo? - Questiono vendo Antônio carregar todas as malas.

— Só não tô carregando você e a Aurora, de resto acho que o quarto inteiro está nos meus braços.

Dou uma risada com a reclamação dele.

— Eu falei que você não precisava trazer tudo, mas além das malas dela você resolveu trazer o quarto para o hospital.

— E se ela precisasse de algo que não tivesse aqui? Eu queria me precaver.

— Exagerado.

— Prevenido.

Aurora dormia tranquilamente nos meus braços enquanto andávamos pelo hospital até o carro. Havíamos recebido alta há poucas horas e estávamos loucos para ir para casa.

Antônio acomoda todas as malas no carro e ajudo ele a arrumar o bebê conforto. Sento no banco de trás com a nossa filha e vejo ele olhar mais de 15 vezes ao redor antes de sair com o carro.

— Amor, você sabe que estamos no estacionamento de um hospital, né?

— Estou me precavendo. Não fala comigo tô concentrado.

Dou uma risada baixinha, ele estava neurótico.

O veículo se movimenta a menos de 10km por hora e eu tenho certeza que chegaremos em casa ao anoitecer.

Os carros buzinam ao nosso redor e eu me controlo para não rir ao ver que ele estava suando.

— Amor, acho melhor eu dirigir.

— Não faz piadinhas. Eu estou concentrado. Nossa filha está no carro.

— Antônio ela não vai acordar se você acelerar.

— Deus me livre se tivermos um acidente, não. Deixa eu ir devagarinho, quem tiver pressa que passe. Não vou arriscar.

— Amor!

— Amor, você está me desconcentrando.

Dou risada e vejo ele revirar os olhos. Alguns, muitos, minutos depois chegamos ao estacionamento do prédio e vejo Antônio limpar o suor da testa.

— Chegamos.

— Quase a tempo do aniversário de 1 ano da Aurora.

Vejo ele me mostrar o dedo do meio e dou outra gargalhada. Estava encantada em como ele estava sendo atencioso e cuidadoso.

Descemos do carro e ele me segura firme, apesar do parto ter sido normal eu ainda estava sensível e andando com dificuldade.

A coelhinha fazia barulhos suaves no bebê conforto e andamos em silêncio por alguns segundos até o alarme de um carro disparar e tocar alto o suficiente para assusta-lá.

— FILHO DA PUTA! - Antônio grita e eu bato no braço dele.

— A boca, olha a criança.

— Desculpa, desculpa. Filha, não pode falar palavrão. O papai errou.

Pego Aurora e acalmo enquanto entramos no elevador. Subimos de uma vez até nosso andar e ao abrir a porta minha mãe já nos espera no hall.

— Sejam bem vindos! - ela sorri e eu agradeço a Deus por tudo ter dado certo.

Dona Regiane beija e cheira Aurora a todo tempo até que ela dorme novamente. Colocamos ela pela primeira vez no berço e choro de emoção ao olhar o quarto pronto com ela descansando tranquila.

— Parece um sonho. - Antônio me abraça.

— É melhor do que o sonho, é a realidade. É a nossa família.
____________________________________

Talvez eu esteja um pouco empolgada hoje 😂🤍

Eu to simplesmente apaixonada pela versão tonho Papai da coelhinha 🤧🤧🤧🤧🤧🤧

A CuraWhere stories live. Discover now