≈Amanda•
— Você pode ficar por enquanto?
— Claro. Você não está bem?!
— Estou, mas... gosto da sua companhia.
Antônio sorri e aperta minha mão.
— Meu compromisso é apenas a tarde, posso ficar até você pegar no sono.
Agradeço e deitamos na cama vendo um programa qualquer na tv. Antônio alisa meu cabelo em um cafuné carinhoso e eu bocejo algumas vezes.
— O que aconteceu na sua mão? - pergunto vendo uma marca de perfuração.
— Precisei tomar uma medicação essa semana.
— O que houve?
— Não estava me sentindo bem. Não se preocupa, já está tudo bem.
— Quando acontecer essas coisas me avisa.
— Obrigado, Amanda.
Sinto meus olhos pesarem e o cheiro dele me invadir. Durmo pensando em como ele é confortável.
≈ Antônio•
Sinto a respiração dela cada vez mais pesada e percebo que ela dormiu. Há exatamente 1 semana eu a conhecia, mas, quando estávamos juntos, parecia que faziam muitos anos. Amanda era alguém verdadeiramente boa, feliz e preocupada. O tipo de pessoa que era como ar puro em um domingo ensolarado. Aquele cheiro de felicidade e paz.
Minha manhã havia sido regada a enjoo e vômitos. As reações da quimioterapia estavam cada vez mais fortes e eu estava aprendendo a lidar com os sintomas. Sentir meu corpo, que sempre foi tão forte, fraquejar era muito difícil.
Não me sentia nem de longe pronto para expor isso a Amanda, mesmo sabendo que ela é médica. Enquanto fosse possível eu manteria oculto, sem despejar nela a carga da minha doença.
Se por um lado a quimioterapia me causava grandes dores, por outro Amanda era minha cura para cada sintoma. Era como se o cheiro dela amenizasse os enjoos, a presença amenizasse as dores e as tonturas cessassem a cada riso.
Estar, nem que seja deitado olhando um programa de fofoca, com ela era como estar medicado.
— Para, não fala assim comigo. Por que você está me xingando? Para. Não faz isso.
— Amanda? Amanda? - mexi de leve no braço dela fazendo carinho - Amanda acorda, é um pesadelo, estou aqui.
Ela abre os olhos assustada e tenta entender o que está acontecendo, olha pra mim confusa e leva alguns segundos para me reconhecer.
— Antônio? Me desculpa.
— Ei, você estava sonhando, não precisa pedir desculpas.
— Eu falei alguma coisa?
— Pediu para alguém não te xingar. - essa frase desperta algum tipo de gatilho nela e as lágrimas rolam copiosamente. Abraço forte o corpo dela. - Ei, ei eu to aqui. Não fica assim não, eu to aqui.
— Me desculpa, me desculpa.
— Amanda, para de pedir desculpa, eu tô aqui. Você quer conversar sobre isso?
Ela balança a cabeça e eu apenas a abraço mais forte ficando em silêncio.
— Você estava sonhando com seu ex?
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...