≈Amanda•
Meu estômago girava como eu estivesse em uma montanha russa, minha cabeça latejava e eu abraçava o vaso com ainda mais força.
Foi quando ouvi a gritaria.
— Você tá maluco seu filho da puta? Quem você acha que é para aparecer aqui dessa forma?
— Quem é você?
— Não te interessa. Cai fora, AGORA!
— Você não é nada, maluco. Tá achando que pode gritar dentro da minha casa? Cai fora você.
Sinto um ódio descomunal subir pelo meu corpo e volto correndo pra sala.
— Sua casa? Nada aqui é seu, muito menos a nossa filha. Se você não sair agora eu vou chamar a polícia.
— Nossa filha? Você tá enganando esse otário?
A cena é rápida demais, a mão de Antônio voa em direção ao rosto do Felipe fazendo sangue automaticamente voar na roupa dele, parede do corredor e chão. Felipe leva a mão ao nariz que com certeza quebrou e começa a gritar.
Antônio acerta novamente o maxilar dele e os dois caem no chão. Felipe gritando de dor e Antônio cego de ódio.
— PARA! PARA! PARA - começo a gritar.
Sinto algo nas minhas pernas e vejo um sangue fino descendo pela minha coxa.
— Antônio! - chamo aos prantos e quando ele me olha se assusta.
Ele levanta correndo ao meu encontro e Felipe permanece no chão gritando com a mão no rosto.
— Pega um vestido, vamos para o hospital.
Antônio bate e tranca a porta largando Felipe no corredor e ouvimos alguns vizinhos sairem para socorrer ele.
Coloco uma roupa e em segundos Antônio já estava com as chaves do carro e me levando porta a fora.
Quando saímos Felipe já não estava mais lá, choro com medo de algo ter acontecido com o meu bebê. Antônio aperta minha mão me dando forças.
— Ele estava mentindo, você sabe, né?
Antônio balança a cabeça.
— Ela é sua filha!
— Eu sei, Amanda. Nunca duvidei nem por um mísero segundo.
Sinto um arrepio ao ouvir ele falar meu nome, havia desacostumado a ele me chamando assim.
— Amor? - ele me olha quando o farol fecha - jura?
— Juro!
Respiro por alguns segundos e choro baixinho.
Flashback on
≈4 meses antes≈
Ainda estava me acostumando com o silêncio da casa e a falta que ele fazia. Faziam dois meses que ele havia ido embora. Mesmo com todos os defeitos quando estávamos bem, éramos ótimos juntos.
Ainda que a forma dele ir embora tenha sido muito abrupta, eu sentia falta dele.
Ouvi a porta abrir e como se tivesse me sentido, Felipe entra bebado e feliz.
— Amor! - ele grita abrindo os braços. Que saudade!
Olho confusa pra ele e o vejo caminhar até mim.
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A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...