Capítuko XII

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≈Antônio•

—Oi... mãe?

Mônica me olha com um sorriso quando atendo o celular. Vejo ela fazer um joinha e sorrio.

— Na verdade... Mãe... - meus olhos se enchem de lágrimas antes que eu conseguisse falar, minha voz embargada denúncia que algo realmente não está certo - Mãe... eu preciso de você.

~ 2 dias depois ~

— Mãe! - abro os braços e ela me agarra como se a vida dependesse disso, choramos agarrados sentindo um o corpo do outro. Sinto ela soluçar dizendo que agora estava comigo. Por mais complicada que fosse a nossa convivência, não existia nada melhor do que ter a segurança de estar com ela. É como se toda a minha bateria tivesse sido recarregada naquele abraço. Respiro fundo sentindo o cheiro dela e sorrio quando ela beija minha bochecha fazendo carinho.

Após o telefonema, no centro de tratamento, nós conversamos brevemente e avisei que ligaria a noite. Juntei minhas forças e coragem e contei tudo a ela de uma vez, diagnóstico, exames, sentimentos e sobre a quimio. Contei até mesmo sobre Amanda e tudo o que estávamos vivendo. Pedi para que ela viesse ficar comigo durante o período da quimioterapia e ela concordou no mesmo instante.

O ciclo de quimio para o meu tipo de câncer e estágio duravam 4 meses, 1 vez a cada 20 dias mais ou menos, minha próxima sessão seria no retorno de Amanda e eu torcia muito para já estar bem melhor e nem precisar contar nada a ela. Dona Wilma estava mais do que ciente de que eu não queria comentários para ela ou para a família.

Guiei ela pelo aeroporto até o carro e de lá até minha casa, conversamos amenidades mas eu sabia que não conseguiria fugir muito mais. Respiro fundo quando sirvo a comida e vejo ela cruzar os dedos me olhando.

— Junior, eu estou muito chateada por você não ter me contado que estava passando por isso. Dois meses de tratamento, meu filho. Dois meses passando por tudo isso sozinho sendo que eu poderia ter te ajudado, cuidado de você. É inaceitável que você tenha agido assim.

— Me desculpa mãe, eu sei que não foi uma atitude legal.

— Legal, Junior? Foi doloroso demais saber que você sofreu antes, durante e pós diagnóstico. Saber que eu estava vivendo minha vida tranquila longe de você e tu aqui sofrendo meu filho. Eu sou sua mãe, eu te gerei. Cada pedacinho do seu corpo saiu de mim, seu sofrimento é o meu sofrimento.

— Eu sei mãe. - abaixei a cabeça envergonhado e sentindo profundamente que eu tivesse feito ela sofrer e se questionar como mãe.

— Filho, eu te amo mais que tudo no mundo, sei que não posso te curar, mas posso te apoiar e estar com você todos os dias, fazer sua comidinha, que você tanto gosta, agora que você precisa muito de uma alimentação regrada e saudável.

Dona Wilma aperta minha mão e me sinto em paz.

Meu celular toca e sorrio ao ler o nome da Amanda na tela. Atendo a chamada de vídeo e vejo o sorriso dela se iluminar no minuto seguinte.

— Antônio!!! Você não vai acreditar!

— Amanda! Me conta. - a empolgação dela me invade e eu sinto os pelos do meu braço se arrepiarem com a felicidade dela.

— Antônio, eu simplesmente conheci um casal de italianos que faz VINHOS e queijos. - arregalo os olhos - ANTÔNIO, CASEIROS, ANTÔNIO! - ela grita empolgada virando a câmera e me mostrando uma vinícola italiana bem rustica, bem como uma cozinha que deve datar no mínimo de 1850.

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