Capítulo XVI

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≈Amanda•

Vamos para a cama e abraço Antônio deitando com a cabeça no ombro dele.

— Eu queria te contar algumas coisas também. - falo hesitante.

— Pode falar, Amanda. Sou todo ouvidos.

— Eu também quero te contar sobre o meu ex e o motivo de eu ter reagido assim a sua ocultação.

Antônio faz carinho na minha mão e respiro fundo antes de começar.

FlashBack on

Eu não acredito que você vai largar o nosso jantar para ir ao hospital, Amanda.

— Eu estou de sobre aviso, não tem o que eu fazer, tentei mudar mas não consegui.

— Foda-se, não vai.

— Eu não tenho opção.

— Você sempre tem opção, Amanda. - ele gritou batendo na mesa de jantar.

— Não nesse caso.

Respiro fundo balançando minha cabeça e caminho para fora do apartamento. Toda vez que era chamada era isso. Toda vez uma nova discussão.

Flashback off

— Felipe era engenheiro, bem sucedido e não fazia o mínimo para entender meu lado e que eu estava construindo minha carreira. No começo do nosso relacionamento, enquanto eu estudava e estava disponível para viver nosso relacionamento, tudo eram mil maravilhas. Até que virei plantonista de UTI e ele simplesmente se negou a ser compreensivo com a minha vida profissional.

Antônio apertou minha mão com força. Sentia os espasmos dele aumentarem

— Todas as vezes que eu estava de sob aviso, ou quando tentava contar algo sobre os meus paciente, ele se revoltava e brigava comigo. Dizia que eu só tinha olhos para a minha vida profissional, que não cuidava da casa, que não cozinhava mais ou me importava com ele, reclamava de cada momento em que eu não estava junto dele.

— Babaca! - Antônio falou entre dentes.

— Por diversas vezes eu pegava o telefone durante o plantão e encontrava audios e textos falando sobre o quanto ele odiava a minha profissão e o fato de eu passar tanto tempo no hospital. Por diversas vezes deu a entender que eu tinha um amante no hospital por emendar plantões quando algum médico faltava.

— Meu Deus, Amanda. - Antônio fechou a mão e senti a respiração dele ficar intensa.

— Descobri a primeira traição dele alguns meses antes dele me deixar. Não confrontei, entendi que ele havia feito porque eu não estava ficando tanto em casa.

— Ele fez porque era um babaca, Amanda. A culpa definitivamente não foi sua.

— Não, tudo bem, eu realmente não estava sendo presente.

— Amanda, olha pra mim. - ele puxa meu rosto - não existe um cenário em que você estar priorizando seu trabalho seja motivo plausível pra ele te trair. Nenhum cenário é, mas, principalmente esse, definitivamente não é.

Sorri fraco.

— Os dias foram passando e eu me recusava a manter relações com ele, meu tesão por ele simplesmente acabou. Ai ele passou a me chamar de frígida. Nojenta. E muitos outros nomes. Dizia que bater uma dava mais tesão nele do que me olhar ou sentir. E eu poderia dizer o mesmo sobre ele, mas... bom, ficava quieta. Me culpava por ele ter me traído. Me culpava por não ter tesão nele. Me culpa por querer passar mais tempo no hospital do que em casa. Bom... me culpava por tudo. Em algumas brigas ele dizia que eu nunca me importei com ele.

A CuraWhere stories live. Discover now