Capítulo XVII

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≈Antônio•

Reviro os olhos quando vejo Amanda repetir, pela décima primeira vez que minha mãe não gostará dela devido ao incidente, ou então que o jantar deveria ser cancelado. Espero pacientemente na sala enquanto ela anda nervosa pelo corredor procurando alguma coisa. Seguro ela com força pelos ombros e nos encaramos por alguns segundos.

— Respira, calma!

O telefone dela toca. Amanda se desvencilha e corre para atender como se a vida dela dependesse daquilo.

— Boa noite, sim. - ela ouve pacientemente - Ta certo chego em 20 minutos.

Amanda me olha e entendo que ela deve ir ao hospital.

— Me desculpa. - ela pede juntando as mãos - me perdoa, sério. Por mais que eu estivesse desejando que o jantar fosse adiado, isso não era exatamente o que eu queria.

Dou risada encarando ela.

— Vamos, eu te levo. Pega as suas coisas.

Amanda corre para o quarto e em poucos segundos retorna pronta e com a bolsa de plantão

— Você sabe o que houve?

— Um acidente grave, parece que foi um ônibus e quatro carros de passeio, tem alguns mortos e muitos feridos, precisamos de todos os médicos a disposição, teremos algumas cirurgias e com certeza a UTI ficará lotada.

— Meu Deus, que pena.

Entramos no carro e dirijo rápido enquanto Amanda digita mensagens para os amigos de trabalho confirmando que todos conseguiram ser avisados e chamados.

Chegamos no hospital em pouco tempo e Amanda me da um selinho antes de ir para o atendimento.

≈Amanda•

Eu estava louca para me livrar do jantar mas obviamente não queria uma emergência dessas. Entrei no hospital correndo para deixar minhas coisas no conforto médico e me dirigi a UTI.

Marcela caminhou até mim com os olhos arregalados.

— Acho que é o maior acidente que já vi, está passando em todos os jornais.

— Vamos fazer o nosso melhor pra reverter o que pudermos. Me passa os meus.

— Adolescente, sem identificação, por volta de 15 anos. Teve o braço direito e o pé esquerdo amputados. Estabilizamos. Temos que monitorar a saturação, o raio x mostrou uma lesão séria no tórax.

Marcela me passa cada um dos pacientes, entro em cirurgia com uma ruptura de baço e após quase 4 horas volto para a UTI e assumo mais 2 mulheres, sendo uma idosa em estado gravíssimo que não conseguimos reverter e uma jovem de 30 e poucos anos com traumatismo craniano. Faço a entubação quando a saturação dela despenca e estabilizo induzindo o coma. Torcemos para o quadro ser revertido.

Caminho pela UTI verificando batimentos, saturação e responsividade neurológica de cada paciente. Temos mais uma intercorrências, a adolescente de mais cedo tem uma parada cardiorrespiratória e a equipe corre para tentar reverter. Monto nela fazendo massagem cardíaca.

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