≈Antônio•
Reviro os olhos quando vejo Amanda repetir, pela décima primeira vez que minha mãe não gostará dela devido ao incidente, ou então que o jantar deveria ser cancelado. Espero pacientemente na sala enquanto ela anda nervosa pelo corredor procurando alguma coisa. Seguro ela com força pelos ombros e nos encaramos por alguns segundos.
— Respira, calma!
O telefone dela toca. Amanda se desvencilha e corre para atender como se a vida dela dependesse daquilo.
— Boa noite, sim. - ela ouve pacientemente - Ta certo chego em 20 minutos.
Amanda me olha e entendo que ela deve ir ao hospital.
— Me desculpa. - ela pede juntando as mãos - me perdoa, sério. Por mais que eu estivesse desejando que o jantar fosse adiado, isso não era exatamente o que eu queria.
Dou risada encarando ela.
— Vamos, eu te levo. Pega as suas coisas.
Amanda corre para o quarto e em poucos segundos retorna pronta e com a bolsa de plantão
— Você sabe o que houve?
— Um acidente grave, parece que foi um ônibus e quatro carros de passeio, tem alguns mortos e muitos feridos, precisamos de todos os médicos a disposição, teremos algumas cirurgias e com certeza a UTI ficará lotada.
— Meu Deus, que pena.
Entramos no carro e dirijo rápido enquanto Amanda digita mensagens para os amigos de trabalho confirmando que todos conseguiram ser avisados e chamados.
Chegamos no hospital em pouco tempo e Amanda me da um selinho antes de ir para o atendimento.
≈Amanda•
Eu estava louca para me livrar do jantar mas obviamente não queria uma emergência dessas. Entrei no hospital correndo para deixar minhas coisas no conforto médico e me dirigi a UTI.
Marcela caminhou até mim com os olhos arregalados.
— Acho que é o maior acidente que já vi, está passando em todos os jornais.
— Vamos fazer o nosso melhor pra reverter o que pudermos. Me passa os meus.
— Adolescente, sem identificação, por volta de 15 anos. Teve o braço direito e o pé esquerdo amputados. Estabilizamos. Temos que monitorar a saturação, o raio x mostrou uma lesão séria no tórax.
Marcela me passa cada um dos pacientes, entro em cirurgia com uma ruptura de baço e após quase 4 horas volto para a UTI e assumo mais 2 mulheres, sendo uma idosa em estado gravíssimo que não conseguimos reverter e uma jovem de 30 e poucos anos com traumatismo craniano. Faço a entubação quando a saturação dela despenca e estabilizo induzindo o coma. Torcemos para o quadro ser revertido.
Caminho pela UTI verificando batimentos, saturação e responsividade neurológica de cada paciente. Temos mais uma intercorrências, a adolescente de mais cedo tem uma parada cardiorrespiratória e a equipe corre para tentar reverter. Monto nela fazendo massagem cardíaca.
![](https://img.wattpad.com/cover/346738805-288-k453899.jpg)
STAI LEGGENDO
A Cura
FanfictionA cura é muito mais do que o objetivo, é se permitir viver a plenitude do processo. Quando Antônio descobre que está doente, ele perde todas as certezas da própria vida. Quando Amanda sofre uma grande desilusão, ela resolve ser livre. Um em busca de...