Capítulo X

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≈Antônio•

— Você se importa de irmos embora?

— Claro que não, Antônio. Você quer que eu dirija?

— Se você não se incomodar. Eu só preciso de um banho e deitar um pouco.

— Vou pegar as nossas coisas e avisar o Mike.

Concordo e vejo Amanda se afastar, fecho os olhos dentro do carro sentindo minha espinha gelar e o arrepio tomar conta do meu corpo, vômito mais uma vez e sinto a Terra girar como um brinquedo de parque de diversões.

Amanda volta em um trote apressado. Permaneço de olhos fechados e vejo ela colocar a mão no meu pescoço sentindo minha temperatura.

— Você está febril, mas não está alta. Essa virose te pegou legal. - respondo um "uhum" baixinho e não abro os olhos para não enjoar.

Ela retirava o melhor de mim, mentir/ocultar sobre minha doença era extremamente doloroso. Ainda que eu quisesse falar sobre isso pra ela, a voz de Michelle ressoava em minha mente discorrendo sobre o quanto era insuportável conviver comigo e com as minhas crises. Prefiro me manter em silêncio.

Amanda acelera o veículo e eu programo o GPS para a minha casa.

— Você se importa de irmos para a minha casa?

— Não, Antônio. Eu ia falar para fazermos isso isso. - ela sorri fraco e eu devolvo tão fraco quanto.

Não demora muito para chegarmos ao meu prédio e vejo Amanda recolher as coisas do banco de trás antes de sair totalmente do veículo.

— Nem adianta protestar, eu vou ficar com você até ter certeza de que você está bem.

— Só não toca muito em mim.

— Antônio, eu sou médica.

Concordo e guio ela pelo meu condomínio até o meu apartamento.

— Ok, agora estou com vergonha das vezes que você foi na minha casa, isso aqui está muito arrumado.

— Eu tenho mania de limpeza e organização - dou risada com a cara dela e vou retirando minha roupa para tomar um banho - fica a vontade.

Ela concorda. Entro no banho e a água quente faz minha pressão cair ainda mais, em segundos não vejo mais nada.

≈Amanda•

Estava na cozinha preparando algo para comermos quando ouço um estrondo muito alto, corro para o banheiro e encontro Antônio desmaiado.

— Antônio! - grito correndo até o box do banheiro. Ela não acorda. Desligo o chuveiro e balanço ele chamando, ele acorda assustado e desnorteado.

— O que aconteceu?

— Você desmaiou, vem.

— Não, eu preciso tomar banho. — olho pra ele e vejo a vergonha.

— Espera aqui. Eu vou te ajudar.

— Amanda, não precisa.

Saio antes que ele reclame e vou até a cozinha, busco um banco de plástico, retiro minhas roupas no banheiro e entro no box com ele.

— Para de reclamar, não vou deixar você se machucar.

Ajudo ele a lavar o cabelo e vejo os olhinhos fechados e o sorriso.

— Obrigado.

— Não precisa agradecer, eu tô com você. Vai ficar tudo bem.

≈Antônio•

Ouvir essas palavras dela fez meu peito se retorcer, queria contar a ela a verdade, o motivo da minha fraqueza, do meu desmaio, do meu mau estar, mas o medo dela me ver como um paciente e não como um homem era muito grande. Não queria que ela se sentisse na obrigação de cuidar de mim. Menos ainda queria ser um peso pra ela.

Respiro fundo de olhos fechados sentindo a mão dela passear pelo meu corpo, não consigo parar de pensar em como sou grato por ter encontrado ela.

Tento me levantar mas ela não deixa, então puxo ela para um abraço, colocando meu rosto na barriga dela. Amanda ri e esse, novamente, se consagra como meu som favorito no mundo.

— Obrigado por estar aqui.

— Não há outro lugar em que eu quisesse estar.

— Você já me disse isso uma vez.

— Sua presença faz isso comigo.

Sorrio e beijo a barriga dela.

— Posso assistir você tomar banho?

— Antônio!

— O que é? Pelo menos eu tô pedindo, você já chegou passando a mão em mim.

— ANTÔNIO!

Nós dois gargalhamos e me dou conta de como esse foi um momento extremamente íntimo e especial.

Me levanto segurando na parede e testo meu equilíbrio, aparentemente tudo já está normal. Abraço Amanda por trás e beijo o pescoço dela, a água cai em nós dois e sorrio contra a pele dela quando a sinto fazer carinho na minha mão.

Busco o sabonete e é a minha vez de ensaboar ela, começo pelos seios e me demoro ali. Meus dedos passeiam pelos ombros dela massageando com carinho. Apesar de estarmos nus cada gesto demonstra cuidado, não sexo.

Viro Amanda de frente e passo minhas mãos no cabelo dela, ensaboando, ela fecha os olhos com um sorriso discreto e eu massageio o couro cabeludo com delicadeza. Ela suspira e eu sinto uma vontade quase irresistível de beijar a boca dela. Lembro do nosso combinado de mantermos a amizade e me controlo... até ela morder o próprio lábio. Esfrego meu polegar pelo lábio inferior e vejo ela abrir um pouco mais a boca ainda de olhos fechados. Umedeço meu próprio lábio e vejo ela sorrir.

— Posso?

Ela acena e meu próximo ato é um beijo carregado de carinho e gratidão. Colo o corpo dela na parede e ela murmura reclamações sobre o frio. Volto a beija-la com mais força e não demora muito para meu membro se animar.

Amanda me empurra de leve e eu me afasto.

— Você estava desmaiado há 10 minutos Antônio!

— E agora estou muito acordado. Efeito Amanda.

Ela ri balançando a cabeça. Repito uma sequência de "see controla".

— Vamos, eu estava fazendo um almoço pra você.

— Sinto que a sobremesa pode ser muito melhor.

— ANTÔNIO!!

— Tô sendo sincero.

Ela ri novamente e eu só consigo admirar cada pintinha do corpo dela, enquanto ela se afasta enrolada na toalha.
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Bom diaaaaaa!

Espero que entendam cada vez mais os motivos e inseguranças dele 🤧

A CuraWhere stories live. Discover now