Companheiro livro 2: Destino Traçado

Capítulo 1

Ontem foi minha festa de aniversário, completei meus 18 anos.Vieram poucas pessoas, a maioria da nossa alcatéia e alguns colegas de escola, porque amigos mesmo eu não tenho, a única amiga de verdade mesmo é minha mãe.

Dizem que sou muito parecida fisicamente com minha mãe,além de ser uma bruxa como ela. Eu fico muito feliz porque minha mãe é uma linda mulher e isso quer dizer que eu também sou.
Ela me ensinou tudo o que tinha conhecimento e me contou toda história da família que sabia, eu a admiro muito.
Assim como o alfa meu pai,que é um grande líder e um grande homem, e ama demais minha mãe, não consegue ficar muito tempo longe dela e nem ela dele, é um amor lindo de se ver, mas que chega a enjoar de sempre vê-los se pegando pela casa.

Eu não me transformo em loba, mas tenho alguns sentidos dos lobos, como boa audição e olfato. Meu irmão já é totalmente um lobo e não tem os dons de minha mãe, acho que só passa para as mulheres da família.

Me levanto da cama depois de uma noite mal dormida, tem sido assim já faz uns três meses antes de eu completar meus dezoito anos.Tomo um banho, visto uma roupa confortável, não pretendia sair hoje, iria ficar o dia todo em casa, já que não preciso mais ir a escola e preciso pensar se vou fazer uma faculdade,ainda estou decidindo o que fazer.

Desço as escadas rumo a cozinha de onde vinha um cheiro maravilhoso de café que mamãe preparava. Paro atrás dela a abraçando e beijando sua bochecha, que sorri largamente com meu gesto carinhoso.

       - Ah, aí está você. Acordou cedo hoje, filha. - se virou me trazendo uma xícara de café.
       - Não consegui dormir direito denovo. - suspirei olhando em seus olhos.

Minha mãe era tão linda e nem mesmo o tempo a fez envelhecer, continua a mesma desde que conheceu meu pai, dizem que as bruxas param de envelhecer quando tem um companheiro lobo, para assim poderem viver juntos até quando um dos dois for morto, só assim podem se separar e mesmo assim o outro companheiro irá definhar até morrer, pela falta que sentirá do outro.

De qualquer jeito acho que é uma prisão ter um companheiro lobo, porque eles são muito grudados com seu par e depois se um morrer o outro morre também.
Deus me livre, de viver uma vida assim. Eu quero ser livre e escolher quem eu quiser para amar e não ser obrigada a aceitar o que o destino quis até a morte.

        - Vamos ter que descobrir o porquê de estar perdendo o sono, eu sinto que algo de ruim possa estar vindo e precisamos estar preparadas.- suspirou preocupada. - Sabe que estamos extintas, Alicia.E temo que algo que extinguiu nossa raça esteja por aí ainda, temos que ficar mais unidas do que nunca. - segurou minhas mãos tentando me passar conforto.
        - Eu também sinto que minha vida não será mais a mesma muito em breve, e confesso que estou com medo, mamãe. - apertei suas mãos um pouco amedrontada. - Precisamos treinar mais nossos poderes e alguns feitiços, hoje podemos fazer isso, o que acha?
         - Sim precisamos, termine seu café e vamos ver o que mais podemos aprender uma com a outra. - soltou minhas mãos e começou a tomar seu café também.

Como estávamos as duas sozinhas em casa, porque papai e meu irmão Ethan não iriam voltar tão cedo.Os ouvi sair logo cedo para resolver coisas da alcatéia, aproveitamos para treinarmos nossos dons.

Foi um longo dia testando nossos poderes e juntando forças. Mamãe é muito boa em controlar coisas ao nosso redor, entre objetos, raízes de árvores e galhos e tem bastante entendimento com ervas e plantas, conhecimentos que adquiriu nesses anos.
Eu também tenho todos os dons de mamãe, mas também consigo controlar o ar, e sentir as mudanças de energia ao meu redor, só preciso de mais experiência.
Nós na verdade conseguimos fazer muita coisa, mas em intensidade diferente. Estamos treinando agora para abrir e fechar um portal, caso precisemos um dia e isso demanda de muita energia, nos deixando exaustas no final.

Quando terminamos, fomos à cozinha comer alguma coisa, mesmo antes do banho, pois precisamos repor nossas energias e comer era uma delas. Depois fui tomar um banho e vesti uma calça moletom com uma camiseta larga, bem confortável.

Já era bem tarde, resolvi descer e ver se mamãe precisava de alguma coisa e a encontrei sentada no sofá parecendo preocupada.

         - Papai e Ethan ainda não voltaram? - perguntei já me preocupando.

Ela se virou me olhando e sorriu com certa apreensão.

        - Não, mas não é a primeira vez que eles demoram. Só que dessa vez eu sinto que tem algo a mais nessa demora e não acho que seja coisa boa.Venha deite-se comigo.- disse me chamando para deitar no sofá ao seu lado.
        - Sim mamãe, eu também tô sentindo algo estranho e só não sei dizer se é bom ou ruim. - me deitei ao seu lado sentindo seu cheirinho de flores com baunilha, que tanto me acalma desde pequena.
         - Pois é, mas seja o que for, nós resolveremos como sempre foi. - me abraçou forte.

Ficamos em silêncio as duas pensativas e logo olhei para o lado e a vi dormindo.Me aconcheguei mais em seus braços ouvindo as batidas de seu coração, sucumbindo ao sono logo em seguida.