Capítulo 33

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Depois do shopping não voltamos para a cabana e sim para a casa da alcatéia, acredito que para ficar mais perto de onde será a festa.
Então resolvi caminhar um pouco para conhecer melhor a região, já que parecia não ter ninguém por perto, estava tudo um silêncio só se ouvia os pássaros cantando e um vento fresco passear pelo meu corpo, trazendo um pouco de conforto para meus sentimentos conflitantes.

Que logo acabaram com o som de passos apressados atrás de mim, e quando me virei vi se tratar de Ben que se juntava a mim na caminhada.

         - Oi! Passo te acompanhar? - falou com um sorriso já caminhando ao meu lado.
         - Sim, já está né. - rimos e me senti mais relaxada, gostava de sua companhia, só conversei com ele uma vez, mas foi o suficiente para me sentir bem em sua presença e já o considerar meu amigo.

Caminhamos um tempo em silêncio até que nos sentamos em um tronco de árvore próximo a um lindo rio com água corrente e cristalina.

          - Nossa! Nunca imaginei que tinha um rio aqui e que esse lugar era tão lindo. - exclamei admirada com a paisagem que não conhecia.
          - Sim, na verdade é uma cachoeira, um pouco distante daqui tem o caimento dela, consegue ouvir o som?- disse apontando a direção.

Me atentei ao que dizia e realmente ouvi o som forte de água caindo em grande quantidade, e que não havia percebido antes por estar aérea.

          - É mesmo! Eu nem tinha reparado, estava longe. - sorri e olhei tudo à nossa volta, tinha muitas árvores floridas, borboletas voando coloridas acima da água.

Era uma visão de tirar o fôlego!

         - Eu percebi. Olha, eu fiquei sabendo o que aconteceu com você, aliás a alcatéia toda soube, e eu sinto muito pelo que passou. Não posso imaginar o que sofreu todo esse tempo. - me virei olhando para ele que tinha um olhar triste e preocupado.
        - Está tudo bem agora, eu acho! Mas porque todos ficaram sabendo? Se muitos ainda não sabem sobre mim? - perguntei curiosa e não muito confortável por todos, que eu nem ao menos conheço já saberem minha história.
       - Porque se o supremo não está bem, toda alcatéia sente. E ele ficou desesperado por todo o tempo que ficou desaparecida. A alcatéia teve que saber o motivo, porque ficamos muito afetados com isso. - explicou.
       - Eu não imaginava que seria assim. Eu sinto muito! - comentei chateada por ter feito mal a sua alcatéia também.
        - Não sinta, jamais. Você não tem culpa de nada. Nós que sentimos não poder te ajudar e consolar nosso Alfa! - segurou minha mão e parecia abatido.
        - Tudo bem! Esqueça isso, já está tudo resolvido agora. - coloquei um fim no assunto, pois isso me machucava ainda. - Estava pensando em voltar a estudar e ter uma profissão, eu só terminei a escola e não fiz nada além disso ainda. - mudei de assunto.
         - Sério? Isso é bom, e o que você quer estudar? - perguntou um pouco mais animado, parecendo entender que eu não queria mais falar sobre o assunto anterior.
          - Ah, eu não sei direito. Talvez biologia, ou medicina?! Vou pensar direito, são duas áreas que gosto muito. - me senti mais aliviada por mudar de assunto.
          - Eu também acho que essas aéreas combinam com você, qualquer uma que escolher é a sua cara. - sorriu. - Estou feliz que esteja tentando esquecer tudo, mas o que o supremo pensa disso? - questionou e eu soltei um suspiro.
          - Não sei, ainda não disse a ele. Comecei a pensar nisso hoje e só comentei com você até agora. -olhando novamente a paisagem à minha frente.
         - Hum, fico feliz de ser o primeiro a saber de seus planos. - sorriu e ficamos em silêncio por um momento apreciando a paisagem.

A conversa entre nós fluia muito fácil e leve, nos dávamos bem e eu estava contente de ter com quem ter uma conversa leve, sem cobranças, somente sendo eu mesma e expondo meus pensamentos e vontades sem julgamentos. Benjamin é um ótimo amigo, ouvinte e um grande homem, quando encontrar sua companheira, ela será muito sortuda.

Passamos tanto tempo conversando que começou a escurecer e quando sentimos fome, resolvemos voltar para casa.
Chegando próximo a casa da alcatéia,vejo Liam vindo a passos apressados completamente nervoso em minha direção.

E a cena se repete! - pensei me lembrando quando conversei pela primeira vez com Ben na estufa e Liam vinha do mesmo jeito aquela vez.

        - Acho que já vou desejar uma boa noite! - Ben disse me tirando do meu dejavu. - Até mais, Alícia! - se despediu e seguiu seu caminho sem me dar tempo de respondê-lo.

Quando Liam parou na minha frente, seus olhos estavam vermelhos e sua respiração pesada.

         - Então era com ele que você estava o dia todo? - rosnou bastante irritado.
         - Não é bem assim, só estávamos conversando. - suspirei, não queria discutir com ele.
         - Não é bem assim, só estávamos conversando. - me imitou com uma voz muito mais carregada de raiva.
         - Se não acredita, não posso fazer nada! - comecei a me irritar, odiava que me repetissem.

Tentei passar por ele já bastante irritada com sua infantilidade, mas não consegui porque logo ele agarrou meu braço e pude sentir um arrepio passar pelo meu corpo,apesar da força que segurou, chegando a doer um pouco.

         - Não me vire as costas! Estou falando com você e exijo uma explicação, O QUE ESTAVA FAZENDO COM ELE? - falou bem mais alto no final quase gritando e me assustou um pouco.
        - Eu já disse e não vou dizer novamente! - disse com firmeza, mesmo com um pouco de medo de sua explosão. - Você está machucando meu braço, por favor, solte. - murmurei pedindo.

Ele não disse nada, só ficou me encarando com seus olhos ainda vermelhos e raivosos e soltou meu braço com relutância.
Então eu pude respirar mais aliviada e me virar para entrar na casa, mas não foi como planejei, quando senti o chão faltar sob meus pés e minha cabeça ficar para baixo, quando ele me pegou nos braços como se tivesse carregado um saco de batatas.

           - Aiii, ME PÕE NO CHÃO!!! - gritei pelo susto e ele nem ligou para meus apelos.

Me sacudia em seus braços e ele não me soltava segurando fortemente minhas pernas, enquanto entrava na casa e eu via todos que ali estavam, nos observando. Pessoas que não conhecia que olhavam assustadas, outras suspiravam admiradas e meu irmão e Bellina nos olhava sorrindo com um olhar que dizia "Eu avisei".
Mas ninguém se meteu ou tentou me ajudar, só observavam a vergonha que o Supremo me fez passar.

Quando chegou no seu quarto ele me jogou na cama e trancou a porta.

         - Você é minha e eu não admito ter ver com outro homem. Vai entender isso apartir de hoje! - disse com uma voz rouca me arrepiando inteira, só não sei se era de medo.

Engoli em seco, nervosa com sua promessa e percebendo não sabia mais o que fazer, olhei para os lados e não tinha para onde fugir.

Merda! E agora?

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Companheiro livro 2: Destino Traçado Where stories live. Discover now