Companheiro livro 2: Destino Traçado

Capítulo 7

Sentada no seu grande sofá cinza, muito chique por sinal. Estava ao lado do meu irmão e meus pais estavam à frente, quando o supremo entrou depois de alguns segundos, com uma cara de irritado.

Ethan me olhou questionador e eu só balancei os ombros discretamente. O supremo então se sentou no sofá na minha frente, ainda me encarando, sem nem disfarçar e aquilo estava me incomodando demais, só havia o silêncio e ele continuava me encarando intensamente.

        - Rrr... - meu pai pigarreou quebrando o silêncio e assim chamando sua atenção. - Então supremo, estamos aqui conforme você nos orientou, mas eu realmente não sei o que pode ter sido aquelas criaturas que nos  atacou ou quem as mandou.
        - Eu tenho uma ideia de quem seja, aliás ele é o único que pode fazer tais coisas desse tipo, eu já o encontrei a séculos atrás, achei que nunca mais o veria novamente. - disse o supremo em sua voz grave e meio rouca.

Me arrepiei involuntariamente, pois era a primeira vez que o ouvia, juro que se ele cantasse ópera eu enlouqueceria com essa voz. Balancei a cabeça tentando afastar qualquer tipo de pensamento sobre ele e voltei a minha postura firme, sem mostrar que me abalei em só ouvir sua voz sexy.

       - Supremo temo pela minha companheira e minha filha, sabe que elas são as únicas bruxas que temos conhecimento da existência e precisamos pensar o que fazer e preciso saber com quem estamos lidando. - meu pai suspirou preocupado.
       - Vamos planejar o que fazer,vocês estão seguros aqui por enquanto, mas tarde quando vocês descansarem iremos nos reunir e discutir sobre isso. Vou levá-los até seus quartos. - se levantou e começou a ir em direção às escadas,enquanto nós o seguimos.

Primeiro ele mostrou um quarto para meus pais, que agradeceram e entraram, depois o quarto ao lado pro Ethan, que agradeceu também mas não entrou porque eu o olhei em súplica, não querendo que ele me deixasse sozinha com o supremo, que deixou pra apresentar meu quarto por último.

        - Pode entrar rapaz, sua irmã ficará logo ali ao lado. - falou rispidamente percebendo sua hesitação.

Ethan só balançou a cabeça e entrou no quarto me deixando sozinha no corredor com o supremo. Droga!

Me virei para ele esperando que me levasse ao meu quarto e o vi novamente me encarando intensamente, me deixando constrangida.

       - Então, senhor supremo, pode por favor me levar ao meu quarto? Estou um pouco cansada. - consegui dizer depois de alguns segundos, já que ele não se mexia.
       - Não me chame assim, meu nome é Liam Carson. Me chame de Liam, Bruxinha. - sua voz estava mais grave que antes e um pouco irritada, mas deu pra perceber que quando me chamou de bruxinha, sua voz se suavizou e mais uma vez  senti aquele maldito arrepio.
      
Eu não disse nada e fui andando um pouco à frente, querendo me livrar de sua presença que tanto me perturbava. Até que senti uma mão segurando meu braço e me puxando para trás, até quase me encostar nele, correntes elétricas passaram de onde sentia seu toque, para então viajar pelo meu corpo todo até minha intimidade.

       - Aqui... você passou a porta, esse é seu quarto por enquanto, Bruxinha. - murmurou próximo ao meu ouvido e respirou fundo.
       - Ok... Obrigada senhor supremo. - falei o provocando, já que me pediu para chamá-lo pelo nome. Puxei meu braço com um pouco de dificuldade já que ele segurava firme e engoli em seco com sua proximidade sem olhar para ele, não queria ver seus olhos em mim e entrei no quarto rapidamente, fechando a porta em sua cara.

Não deveria ter batido a porta na cara dele, porque estou em sua casa e ele é autoridade maior dos lobos, porém eu não sou uma loba e ele invadiu meu espaço me tocando sem permissão, então teve o que mereceu. Tranquei a porta com receio que ele possa talvez ficar com raiva e invadir exigindo respeito, apesar que ele não pode fazer nada comigo, mas mesmo assim quero evitar uma possível confusão.

Minha  bolsa já estava sobre a cama e nem sei como veio parar ali, se eu não vi quem a pegou, talvez deva ser algum empregado, apesar de não ter visto nenhum, afinal foi o próprio supremo que nos recepcionou.
Tirei uma peça de roupa limpa e fui ao banheiro tomar um banho para ver se eu me sentia um pouco relaxada, afinal só agora percebi como meu coração está acelerado, respirei fundo tentando me acalmar, já sabendo que minha estadia aqui não seria fácil, não poderia esquecer nunca de manter meu cheiro oculto.

Depois do banho me deitei um pouco para descansar e pensar no que fazer, não poderia ficar o dia todo trombando com o supremo pela casa, mas também acho que não deve ser o que tô pensando, é só coincidência que seu cheiro me incomoda, seria muita falta de sorte se ele for meu companheiro,um lobo companheiro já não é bom e se for alfa piorou, quanto mais um supremo, eles são extremamente pegajosos e possessivos, vejo isso todo dia com meu pai em relação a minha mãe. Não quero nem pensar em como seria com o supremo, minha vida seria um inferno e não teria liberdade pra nada.

        - Calma, fica tranquila, deixa de paranóia!  Ele não é seu companheiro, ele nem deve ter sentido nada quando te viu, mesmo que ficasse te encarando o tempo todo sem desviar os olhos, mesmo que tenha apresentado seu quarto por último pra ficar sozinho com você, mesmo que tenha segurado em seu braço com firmeza e sussurrado em seu ouvido, mesmo que queira que você o chame pelo nome e mesmo que tenha te chamado de "Bruxinha". Foi só o acaso, não tem nada demais, você tá ficando louca em pensar nisso. - disse a mim mesma para me convencer do contrário, senão minha vida e minha liberdade já era.

Fechei os olhos tentando dormir.

        - Se bem que, mesmo que eu seja sua companheira, ele pode me rejeitar e não me querer. Merda! Mas o Ethan e até o papai já comentaram que ele almeja encontrá-la. - suspirei já sentindo uma dorzinha na cabeça por pensar demais nisso. - Mas eu posso rejeitá-lo, daí não preciso lidar mais com um possível companheiro, é isso que vou fazer se realmente for confirmado minhas suspeitas. Eu vou rejeitá-lo. - sorri agora mais tranquila, pensando que não preciso mais me preocupar com isso, afinal já sei o que fazer.

Com esse pensamento consegui fechar os olhos e cair no sono, mesmo que fosse um pouco agitado.