Capítulo 24

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Não sei quanto tempo estava lá, mas eu só ouvia o silêncio e a única claridade que tinha era das chamas das tochas nas paredes.
Eu estava dentro de uma cela com grossas correntes presas em meu tornozelo e punhos, como se eu fosse um bicho perigoso que precisasse ser contido.

Ainda não consigo acreditar que deixei ser pega assim, sem nem lutar e gritar, somente aceitei o encanto que aquele homem me lançou e o deixei me trazer numa boa.
Fico me perguntando o que ele fez com Liam, que nem ao menos viu o que se passava ao seu lado enquanto dormia? na verdade não preciso nem questionar sobre isso, até eu já tenho uma ideia dos poderes desse mago.

Não tenho ideia onde estou, mas eu sinto que estou bem longe do meu companheiro pela dorzinha constante que sinto em meu peito.
Só espero que ele esteja bem e sinta minha falta.

Resolvi fazer uma ligação mental com ele. Tentei por diversas vezes e não consegui, me deixando muito preocupada. Então tentei meu irmão e nada, depois meu pai e só aí eu consegui uma resposta.
      
        - Alicia? O que houve, minha filha? Sua mãe está angustiada, porque está sentindo que algo está errado. - perguntou preocupado.
        - Papai, ele me achou e eu não sei onde estou! Estou em uma espécie de calabouço e presa por correntes. Não sei o que irá fazer comigo! - disse sentindo com voz embargada, ouvir a voz de meu pai me deixou emocionada.
         - Deusa! Não acredito nisso, onde seu companheiro está? Como ele não conseguiu impedir isso? - fazia várias perguntas de uma vez desesperado.
         - Não o culpe, ele não poderia fazer nada, nem eu mesma consegui. Escuta! Eu acho que não conseguirei mais entrar em contato, já foi difícil conseguir este. Eu só quero que saiba que amo vocês e diga à mamãe que ela não pode fazer nada, ele tem poderes que não sabemos lidar. - já estava em lágrimas, porque talvez essa seria a última vez que falaria com ele.
         - Nós iremos encontrá-la,minha filha. Me perdoe por te deixar sozinha, eu não devia...- percebi que papai engasgou com as palavras e chorei mais ainda.
           
E então nossa conexão foi interrompida. Quando vi, em minha frente estava o mago com uma expressão séria no rosto, meu coração deu um pulo.

       - Ora, ora quem diria que conseguiria contatar alguém de sua família. Estou vendo que o feitiço não foi tão forte e você conseguiu quebra-lo. Você é mais forte do que pensei. - tirou as mãos dos bolsos da sua roupa, que mais parecia uma túnica e colocou em seu queixo de forma pensativa.
       - Por que estou aqui? O que quer comigo? - mesmo com medo o encarei.
       - Porque eu quero seus poderes, isso não é novidade. Todas as bruxas são só um depósito de poderes, que logo depois eu os pego já que pertencem a mim, todo o poder desta terra é meu! - disse orgulhoso.
        - Você é um louco, que exterminou todas as bruxas da terra só por sede de poder. Mas eu serei a última e você não conseguirá mais ninguém.
         - Ao contrário, ainda existe sua mãe. Mas pensando bem eu não preciso dela, afinal eu tenho você. - chegou mais perto tocando meu rosto. - Você é tão linda, não seria nenhum sacrifício juntar seu poder com o meu. - engoli em seco virando meu rosto para escapar de seu toque.
          - O que quer dizer? - seria mentira se dissesse que não estava apavorada.
          - Quero dizer que faremos um descendente nosso e assim ele virá com meu poder e o seu. Já estou velho e preciso de um herdeiro. Mas antes preciso me alimentar um pouco de sua juventude, minha querida. - sorriu maquiavélico e colocou suas mãos em meus ombros.

Não consegui falar uma só palavra em resposta, porque meu corpo começou a tremer e uma dor insuportável tomou conta de mim, olhei em seus olhos e estavam totalmente negros me sugando para essa escuridão.
Foi nisso que percebi que ele estava  tirando meu poder, pois eu via uma energia branca saindo de mim e minhas forças diminuindo.

Quando parou, eu já estava totalmente cansada, enquanto ele parecia mais forte do que nunca, até mais jovial.

       - Você é realmente especial, não poderia ter escolhido melhor para ter meu herdeiro. Não tomarei todo seu poder e força, porque precisa ter um pouco para dar a luz. - sorriu novamente, um sorriso que já estava me irritando.
        - Eu nunca vou ter nada com você. Eu já tenho meu companheiro e eu terei um filho somente com ele. Não irá encostar em mim! - cuspi em sua direção com nojo.
        - Aí que você se engana, não verá mais seu companheiro. E depois que der a luz irei matá-la. Só preciso do que pode me oferecer. - ia saindo da cela.
         - Por que uma criança? - falei o fazendo parar no caminho.
         - Para continuar meu legado, se acaso algo acontecer comigo. Sabia que seu companheiro está tentando te encontrar? Pois é, mas será tarde demais se caso chegar perto. - sorriu mais uma vez.
          - Agora eu entendi, você tem medo que ele consiga te matar,  e quer deixar uma criança com seu sangue nojento, achando que ela fará todo o mal que já fez. Pois o que depender de mim, você não terá nada e eu irei te matar. - mesmo fraca eu estava determinada.

Riu alto com o que disse e desapareceu diante de mim. Me dando a certeza que ele poderia sim ser morto e se eu tivesse meu companheiro aqui comigo talvez seria muito mais fácil, preciso achar sua fraqueza.
Mas como? Se eu não consigo nem usar os meus poderes, e ele já comecei a tirá-los de mim.

Cai cansada no chão com uma dor no corpo, sem energia nem mesmo para pensar no que fazer. Preciso descansar e observar melhor meu inimigo, só assim saberei como destruí-lo.

Companheiro livro 2: Destino Traçado حيث تعيش القصص. اكتشف الآن