Capítulo 20 UMA NOVA ESPÉCIE

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---------- Rachel Leadger ----------

Não consigo abrir os olhos mas sei que recuperei os sentidos... mas eles estão confusos. Há uma mistura de sensações que não consigo mensurar. Me sinto pesada e forte... rápida e ágil... flexível e sensível... rígida e invulnerável. Meu metabolismo está alterado, e minhas funções motoras superdimensionadas. O que está havendo comigo?...

Ainda com os olhos fechados, tento me concentrar, apurar meus sentidos.

Após uns 20 segundos, eu abro os olhos e sinto meu coração acelerar absurdamente.

Estou em campo aberto, correndo a uma velocidade de mais ou menos 90 km/h... O vento quente e árido bate em meu rosto... a minha frente, vejo algo também muito veloz... uma gazela. Ao olhar pro lado e pra trás, vejo um rastro de poeira, e árvores e pedras se transformarem em borrões e se distanciando muito rápido. E ao olhar pra baixo, vejo as patas e garras de um felídeo tocar o solo com rapidez e graciosidade... Um Guepardo, ou Chita africano.

Fecho os olhos novamente, e em meio a escuridão, me concentro em outro sentido.

Abro os olhos e sinto a sensação da liberdade... meus pés, mãos ou corpo, não estão tocando nada sólido. Estou suspensa, sentindo apenas o vento passar sobre mim. À minha frente, um horizonte extenso... um lindo pôr-do-sol... abaixo, a superfície terrestre... Árvores, rios, colinas e vales num aspecto minúsculo. Estou a 3 mil metros de altitude. E ainda assim, consigo visualizar nitidamente, um coelho perto de um tronco oco... penas, presas... Uma águia.

Segundos depois, sou surpreendida com outros sentidos e sensações... Mais uma vez, não sinto o meu corpo em contato com nada sólido. Só que, diferente do anterior, não há vento ou ar a minha volta... sinto uma temperatura bastante baixa, porém confortável. Estou na água, submersa. Mas a densidade é de 1,019 g/cm³, ou seja, estou no mar. Estou nadando a 50 km/h. Sinto o cheiro de sangue de outra espécie marítima à aproximadamente, 200 metros de distância. Guelras, nadadeiras... Um tubarão branco.

Um rápido flash ao fechar e abrir os olhos e estou novamente voando, só que desta vez, a noite. A visão é prejudicada por causa da escuridão, mas posso usar ecolocalização, ou sonar, para me orientar e encontrar minhas presas. Com uma capacidade auditiva de 200 quilohertz, consigo ouvir à 250 metros... Um morcego.

Quanto mais eu me concentro, mais consigo visualizar e sentir as características e habilidades de cada espécie animal... São as mesmas sensações que senti quando utilizei o gx-14 e os NanoNeers pra me conectar a algumas espécies catalogadas pra poder controlá-las.

Mas o que está acontecendo comigo agora é diferente... eu lembro. Eu não estava controlando nenhum animal... simplesmente sentia sua força em mim. Fui eletrocutada e baleada... e senti o processo da regeneração que diversas espécies possuem, a qual estudei por anos.

Tudo isso é formidável, mas não é o que quero. Vidas estão em perigo... e criei um projeto pra ajudá-las.

Estou processando tudo isso porque minha mente está ativa, e estou consciente disso. Meu corpo está inerte, mas meus sentidos não. Está na hora de acordar, Rachel.

Instituto de Ciências Dust (DIS)
Nova York
17 de Outubro
19:06hrs da noite

Abro os olhos mas as luzes fortes do teto me ofuscam, então semicerro os olhos e viro o rosto pra direita. Vejo uma pessoa de costas para mim, uma mulher. Loira. Está de jaleco branco. Então, de imediato percebo quem é... ela está sempre de jaleco.

- "Evelyn..."

Ela se vira e abre um sorriso.

- "Rachel. Que bom que acordou... como está se sentindo?"

SPÉCIE E ELEMENTAL Where stories live. Discover now