EPÍLOGO

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---------- Rachel Leadger ----------

Uma das maiores coisas que a humanidade já conquistou em toda a sua história, foi sem dúvida a 'paz'. E ela se torna muito mais importante principalmente quando se é conquistada após uma jornada longa de conflitos, guerras e opressões...

E agora, sentada aqui na areia desta linda praia, eu entendo perfeitamente o valor dessa conquista e a importância de preserva-la.
Eu ergo um pouco a cabeça e sinto o calor do sol beijar o meu rosto e um vento suave soprar meus cabelos. O som do mar, das ondas indo e vindo, se chocando contra as rochas e arrastando a areia, provoca uma incrível sensação de relaxamento. A tranquilidade, e a calma... Uma sensação que desejei por muito tempo na minha vida.
Infelizmente, essa paz não veio nos moldes que eu planejei. Meu sonho era finalizar meu projeto e usa-lo para ajudar milhares de pessoas, e só então descansar. Mas tudo isso foi alterado bruscamente, e então tive que conquistar a minha paz em cima de outra batalha. Não foi fácil... mas estar aqui agora significa que consegui. Pelo menos em parte... sinto que estou apenas fechando um capítulo para iniciar outro. Confesso que estou com um pouco de medo sobre o que virá a seguir... terei que enfrentar algo novo na minha vida, e precisarei ter muito cuidado com tudo isso. Enfrentar o desconhecido requer muita coragem e abnegação... e não tenho certeza se estou realmente pronta para isso. Mas sei que pra dar certo, preciso primeiro aceitar essa nova condição... esses novos atributos que agora possuo. Acho que se partir daí, se eu acreditar realmente que a antiga Rachel Leadger não existe mais, ficará mais fácil pra mim encarar os desafios que com certeza virão. E quando digo desafio, me refiro em sentido duplo.

Olho pra Hanna brincando com um cachorrinho na areia, perto da água... ela também não é mais a mesma e assim como eu, precisará fazer certos sacrifícios daqui pra frente. Sinto um pouco de dó dela, pois passo a imaginar como será sua vida agora... mas dá a entender que ela não está nem um pouco preocupada com isso... A cabeça dela funciona totalmente diferente da minha. Sei lá, as vezes olho pra ela e parece que Hanna já aceitou de boa tudo o que aconteceu a ela, e que não dá a mínima pro que pode acontecer futuramente.
Acho que o que falta é eu admitir que tenho inveja dela... Hanna sabe esconder muito bem sua dor. E eu não... me entrego muito fácil às dúvidas e incertezas... Sei o quanto ela sofreu desde que sua mãe morreu e depois com o que aconteceu a ela... já provou o quanto é inteligente e corajosa. Ela venceu, e agora está aqui aproveitando a paz que conquistou. Tenho muito orgulho dela. Tá na hora de fazer o mesmo... e acho que consigo... só preciso parar de me preocupar demais e curtir meu momento.

Hanna vem correndo em minha direção e se joga sentada ao meu lado na areia. O cãozinho a acompanha.

- "Rachel, já sei qual nome vou dar pra ele... 'GX'! Que tal, hahaha..."

Fala sério... Eu sorrio mas não digo nada sobre isso. Hanna encontrou esse cachorrinho ontem, perambulando pela rua e o salvou de ser atropelado. Bom, ela fez o asfalto levantar e o carro bateu nele, ao invés de acertar o cachorrinho. Tivemos que sair de lá as pressas pra ninguém suspeitar. Como não encontramos nenhum dono, Hanna insistiu pra ficar com ele. O problema é que vou ter que persuadir a Marie por enquanto a aceitar o 'GX'...

- "Por falar nisso, também tenho um nome legal pra você..." - ela me encara rindo enquanto acaricia o pescoço do cãozinho. Lá vem...

- "Spécie. O que acha?"
Eu abaixo os óculos escuro e a encaro séria. Aposto que isso é coisa do Mike...

- "Hanna... quantas vezes vou ter que repetir pra você que não vou mais fazer aquelas coisas?... Não quero isso pra mim. Tenho outros planos e eles não incluem sair por aí bancando a 'super-heroína'."

SPÉCIE E ELEMENTAL Where stories live. Discover now