Capítulo 26

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RICARDO

Eu: Eu só tô querendo entender.

Giulia: Você não tem que que entender nada, Ricardo. Tá por minha conta, tá legal?

Eu: Por sua conta? Acha mesmo que tu vai passar por essa barra sozinha? - Ela fungou se encolhendo. - Para de infantilidade, garota. Eu só quero te ajudar.

Giulia: Infantilidade? Foi você quem escutou do cara que te criou que não é a filha dele? Ata, foi o que eu pensei.

Eu:Dantas eu só quero te ajudar.

Giulia: Então cala a merda dessa boca e me abraça, Ricardo. É demais? - Dantas se encolheu mais na cama e voltou a soluçar. Puxei ela que deitou a cabeça no meu peito e a abracei.

É foda ver a pessoa que tu mais ama, a pessoa que tu mais protege na sua vida, além de si mesmo, na merda de uma situação dessas.

Giulia não merece nada do que tá passando. Se eu pudesse ia lá em cima da uma palavrinha com O cara só pra deixar a barra dela mais suave, mas infelizmente não dá.

Irmão, imagina eu junto de mais umas quatro mulher, vendo elas tudo chorar sem saber oque fazer... imaginou? Rapaz, minha vida foi fácil não viu. Quando juntava minha mãe, Dona Ester, Larissa e Dantas pra chorar, não tinha aparelho ou fé que segurasse esse meu coração.

Eu esquecia que eu era bandido, que eu era homem e desabava do lado das quatro sendo o mais menininha possível! Por elas eu fazia – e faço – tudo!

Larissa e eu perdemos nossa mãe cedo pra esse caralho de câncer. Eu fiquei tão puto, mais tão puto quando soube. Ela era tão fiel a igreja, tão fiel a Deus. Eu acreditava que ela ia se curar mas depois de um tempo as coisas só pioraram.

Se Deus era tão justo, por que deixou que aquela merda matasse ela? Por que ele não curou ela? Era o tipo de coisa que eu me perguntava todos os dias e hoje tô pouco me fodendo pra quem tem as respostas.

Mandei umas mensagens pra Larissa, mas no meio do desenrolo giulia acordou e cortou o barato. Fiz um cafuné nela que adormeceu e mandei mensagem pro l7.

Deixei ela quietinha no quarto e fui pra sala espairecer as ideias maluca que tava rondando minha cabeça. Uma meia hora depois l7 chegou.

Eu: Tava por onde?

L7: Rocinha - Falou puto. - Cadê ele?

Eu: Botei os cara atrás dele, mas nenhum sinal até agora. Deixei uns de vigia na mata e reforcei a segurança da barreira.

L7: Tá certo. Só me diz uma coisa... como que o cara consegue subir a porra de um morro cheio de segurança sem ser visto?

Eu: Não vem jogar a culpa pra cima de mim não, irmão. Já tô cheio de problema na mente e...

L7: Não tô jogando culpa nenhuma pra tu - Me cortou. - tu mermo falou que tinha x9 do Barão aqui dentro e essa pessoa pode tá ajudando esse cuzão do Rael. E Ricardo, eu quero saber quem é!

Eu: Como se eu não quisesse né? - Ele ergueu uma sobrancelha me olhando de canto e foi buscar a Dantas, voltando com ela no colo. - Foi mal, eu só não tô com cabeça pra nada hoje.

L7: Relaxa - fizemos um toque. - Ninguém tá com cabeça pra nada hoje, irmão... ah! Micael pediu pra tu dar um pulo no morro pra ajudar ele com umas parada.

Eu: Apareço por la amanhã - Ele fez legal e saiu com ela. Fechei a porta e me joguei no sofá. - É. Sozinho de novo, neguin!

Nem deu tempo de marolar, já que a Raissa entrou igual um furacão com o celular na mão e a maior cara de puta. Ela já tava me emputecendo e ou eu despensava ela ou eu matava ela. Um dos dois tinha que ser feito e infelizmente minha arma não tava por perto.

Raissa: Que porra de foto é essa? - peguei o celular da mão dela e vi uma foto de uma das piranhas do morro pagando um boquete pra mim. - Não vai falar nada?

Eu: Você quer que eu fale o que?

Raissa: Alguma coisa que faça com que a minha vontade de te queimar vivo desapareça - Falou óbvia. - Qual é a porra do teu problema, Ricardo?

Eu: abaixa o tom pra falare comigo que eu tô na tua frente. Não tem necessidade de tu aumentar o tom de voz comigo - Bufou. - O que tu quer cara?

Raissa: Uma explicação.

Eu: Explicação de quê?

Raissa: Explicação de quê? - Riu falso. - O que a boca dessa piranha tá fazendo na porra do seu pau?

Eu: A resposta não tá óbvia com a foto? Quer que eu fale mesmo?

Raissa: O que tá acontecendo, Ricardo? Por que você tá grosso desse jeito?

Eu: O problema é que você tá tirando a pouca paciência que eu já não tenho. Te aturar virou o problema, Raissa - Ela parou de andar na sala e ficou de frente pra mim. Me encarando como se eu tivesse falado a pior coisa do mundo. Eu sei que falei merda, mas eu não queria ter mais problemas e não tava no clima pra relacionamento com uma adolescente emocionada. - Essa porra é um boquete, coisa que essa loira sabe fazer muito muito bem. Diferente de outras pessoas que nem a porra da buceta liber...- Meu rosto virou com o tapa e minha bochecha ardia. A mão era macia, mas pesada.

Raissa: Nunca mais - Disse com a voz falha. No seu rosto já caiam muitas lágrimas. - Eu disse: nunca mais olha na minha cara. Eu quero que você esqueça de mim, de tudo que já passamos mesmo que tenham sido poucas coisas e de nós. Se é que existiu esse nós pra você não é RD? - Riu fraco. - Você me ensinou hoje que não posso colocar a vida de outra pessoa na frente da minha e que não vale a pena amar um bandido. Eu te odeio com todas as minhas forças e eu quero que tu morra da pior forma possível, seu vagabundo de merda. -Desviei meus olhos do dela e cruzei os braços.

Raissa: Olha pra mim. Olha pra mim! - Gritou pegando no meu queixo. - Eu vou sofrer, Ricardo. Vou sofrer pra caralho, mas tu pode ter certeza que eu vou te esquecer da melhor forma possível.

Eu: Bom - Debochei. - Quer que eu pergunte como pretende fazer isso? - Ela riu me soltando.

Raissa: É simples - Deu de ombros sorrindo. - Vou sofrer - Repetiu. - Mas quicando em outro.

Escutei a porta bater e joguei um dos vasos da mãe naquela direção. Aquela porra quebrou e espalhou vários cacos de vidro pela casa, mas eu tava pouco me fodendo.

Eu tinha acabado de perder a única coisa boa que Deus tinha botado na minha vida em anos

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