Capítulo 75

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              ▪︎ GIULIA DANTAS ▪︎ 

Era quase madrugada quando acordei do pesadelo. 

O momento em que Lennon atirava uma bala bem na cabeça do Paulo me atormenta a dias, mesmo eu nem sabendo como tudo tinha ocorrido. 

Eu estava suada e com muito, muito calor. Cacau dormia do meu lado e beijei sua cabeça antes de me levantar.

Tomei um banho de agua fria e saí do box com a toalha no corpo. 

Me olhar no espelho naquele momento foi a pior coisa que fiz. Meus olhos estavam vermelhos e cheios de olheiras. Eu não dormia bem a dias e só comia por conta do meu filho. 

Voltei pro quarto e me vesti com um blusão e uma cueca boxer da Calvin Klein.

Me sentei na cama e apoiei os braços na perna e a cabeça nas mãos. Fixei meus olhos num ponto fixo e deixei as lágrimas caírem no ritmo delas. 

Cara, sinceramente. A dor de perder alguém próximo é imensa, dolorosa demais e eu não desejo isso nem pro meu pior inimigo. 

Nós realmente somos instantes. Em um instante você tá vivo e no seguinte pode não estar mais. A vida é mais imprevisível do que parece e isso é o que mais me assusta. 

Senti braços no meu ombro e olhei pra cima vendo Uriel me olhando preocupado. 

Aquilo só me fez chorar mais. 

Uriel: Porra! Aí tu me quebra - Ele sentou do meu lado e me puxou pra sentar no colo dele. Chorei com direito a meleca escorrendo pelo nariz e soluços. - Namoral? Se eu pudesse voltava no tempo e fazia Galego levar vocês embora, só pra não ter que te ver chorando desse jeito. 

Giulia: Eu sinto tanto a falta dele, cara. 

Uriel: Eu sei e você não é a única... mas é o que eu te falei... - Ele secou meu rosto me fazendo olhar ele. - Galego tá melhor que a gente. 

Balancei a cabeça e voltei a chorar sem controle algum. Uriel tava com o cheiro de sempre; maconha e perfume masculino. Aspirei o cheiro tantas vezes que com o passar do tempo fui me acalmando. 

Uriel: Tá melhor? - Neguei e ele fez careta. - Tá com fome? Trouxe lanche pra vocês - Assenti e ele se levantou indo pegar a sacola. Puxei a coberta pra me cobrir e abri o saco assim que ele me entregou. Uriel tirou o chinelo e a camiseta indo pro lado da Cacau. - Pessoal da creche ligou perguntando por que ela não tava indo mais. 

Giulia: Ela chora perguntando pelo pai sempre que acabo de arrumar ela - Olhei pra ele. - Quando ela começa, eu também começo e no final a gente acaba dormindo de tanto chorar - Ele sorriu fraco. - Não sei como contar pra ela. 

Uriel: Uma hora sai. - Assenti e voltei a comer querendo acabar com aquela conversa. Ele sentou na minha frente e pegou o pacote colocando em cima da cômoda assim que terminei. - Acho melhor eu meter meu pé pro quarto. 

Giulia: Não - Puxei ele. - Dorme aqui comigo, por favor. 

Uriel: Tem certeza? 

Giulia: Não vou pedir duas vezes, Davi.- Ele riu e eu fui escovar meus dentes.

Assim que terminei vi ele deitado na ponta da cama com o celular nas mãos.

Passei por ele e deitei no meio puxando a coberta pra cima.Virei de costas pra ele e fiquei fazendo carinho no rosto da Cacau.

O rostinho era igual ao do Paulo quando dormia. 

Uriel: Ei - Ele me virou e eu abaixei a cabeça com vergonha dele me ver chorar mais. - Giulia, para de chorar por favor. 

Giulia: Eu não consigo é uma coisa que tá no automático e eu não consigo tirar - Ele soltou o ar e me puxou pro peito dele. Limpei meu rosto tentando parar mas né, a dor no peito tava foda. 

Uriel levantou meu rosto e eu pudi olhar nos olhos dele. O seu polegar ficou num vai e vem na minha buchecha como carinho me acalmando. Ele passou a língua nos lábios e eu puxei seu rosto, dando nele um selinho demorado. 

Uriel: Eu tô aqui... - Falou assim que nos separamos. Virei de costas e ele me abraçou forte colocando a perna por cima das minhas. - E não vou sair não

Mente milionária Where stories live. Discover now