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• Lisa •
"Seu pai não te toca se essa for a minha vontade"
Semanas se passaram, tudo que ganhei ainda mais foi o desprezo daqueles que deveriam ser a minha família. Apesar de não apanhar mais, ficar trancada, ou ganhar insultos, os olhares de ódio sobre mim só pioraram. Era como se eu não existisse.
Eu entro em um cômodo da casa em que Jenna ou Susie está, elas se retiram na mesma hora, Carlos finge não me ver. Talvez assim é mais fácil ele conter a vontade de me bater a cada segundo que me vê pois lembra da minha mãe.
Vejo que minhas irmãs estão se contendo para não arrumar uma briga. Elas já me odiavam antes, agora então... A última vez que Jenna dirigiu a palavra a mim, disse: "deveria ser eu em seu lugar", "Hacker estava gostando de mim, mas você estragou tudo". Ah, quanta inocência... Eu deveria avisá-la ou deixar que ela se iluda com essas afirmações?
Ah se ela soubesse que Hacker não é o príncipe encantado, com olhos azuis, rico e com a ficha limpa, educado, nada possessivo e narcisista, faz de tudo pelo amor. A única coisa que ele tem são os olhos azuis e a parte do rico, o resto é inexistente. Hacker não parece saber amar alguém além de si mesmo, se eu pudesse, com toda certeza, eu passava essa missão para qualquer uma de minhas irmãs. Nada mais me afeta, mas devo admitir que me assusta me casar com um criminoso, viver sobre o mesmo teto com alguém que já matou sabe-se lá quantas pessoas.
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Assim que tomei meu café da manhã que eu mesma preparei, fui para o jardim, me sentei em um banquinho e fiquei olhando para meu anel de diamante em meu dedo, fiquei mechendo nele enquanto imaginava a minha vida depois disso aqui, será que meus dias serão iguais? Ficarei trancada no meu quarto? Serei torturada, estrupada, ficarei com fome? Por que eu não fujo com o dinheiro que tenho? Foda-se se não não é suficiente. Não quero continuar vivendo a mesma vida, não quero sentir medo, não quero dormir preocupada se serei morta durante o sono.
- Está pensando em quê Princesa ? - Alguém parece do meu lado me tirando dos meus pensamentos. Dou um pulo de susto. Quando olho para o lado, lá está ele, o homem de preto, alto, forte, com os olhos azuis vidrados em mim.
Hacker está sempre de preto, talvez essa deve ser a sua cor favorita.
- Meus deus. - Coloco a mão no peito. - Você me assustou. Quase me matou do coração.
- Se eu quisesse te matar, obviamente não seria de susto. - Ele se acomoda do meu lado, eu tento me afastar. - Não precisa ter medo de mim.
- Maneira estranha você tem de demonstrar confiança para as pessoas. - Olhei para ele suspeitando de suas palavras.
- O que estava pensando? - Ele perguntou.
- Em nada. - Digo rapidamente. Ele me lança um olhar curioso, não consigo lhe encarar, sem ficar vermelha ou desconfortável. - O que você veio fazer aqui? - Perguntei.
- Eu vim avisar que nosso casamento será no fim de semana. - Respondeu.
- Tá bom, é brincadeira, não é? - Eu ri. - O noivado você quer dizer não é?
- Pareço estar brincando? - Ele me olhar sério.
- Faltam cinco dias. Como assim? - Franzo o cenho.
- Quero agilizar as coisas. Preciso voltar o quanto antes para Los Angeles e quero te levar comigo.
Quase me engasgo quando ele diz Los Angeles.
- O que? Los Angeles ? - Arregalo os olhos. - Você não mora aqui?
- Não, estou apenas de passagem por causa da inauguração do meu restaurante e outros negócios.
- Está muito em cima da hora.
- Ache alguém para te ajudar com a decoração, vestido, essas coisas de casamento.
- Quem você quer que eu chame? Minhas irmãs? - Digo ironicamente. - Não tenho ninguém.
- Uma amiga? - Ele perguntou.
- Nunca saio de casa, como posso ter amigas?
- Deve existir alguém.
- Não há ninguém Hacker. Será que você ainda não compreendeu que eu sou completamente sozinha?
Eu encarei seu olhar frio, Hacker hesitou em falar. Agora sou digna de pena. Palmas para você Lisa, parabéns por se vitimizar na frente desse homem.
- Não importa. Tera pessoas que faram o casamento.
- Como você vai conseguir tudo tão rápido? Falta cinco dias. - Ele deu um sorriso torto e não disse nada. - Ah, claro. - Revirei os olhos. - Já havia me esquecido com quem eu estava falando.
- Amanhã virão te buscar para escolher o vestido de noiva. Não escolha nada muito chamativo ou volumoso, não gosto.
- Achei que o vestido seria meu. - Sorrio sarcasticamente. Mas me lembro quem é o Hacker, eu deveria mostrar mais respeito, e conter meu sarcasmo. - Me desculpe.
- Você tem razão. Mas a opinião do noivo também conta. Não quero que varias camadas de tecido me atrapalhem depois. - Isso pareceu tão malicioso, tão errado. Meu estômago embrulhou só de pensar. - Na hora da dança, eu quero dizer.
- Claro. - Me sinto mais aliviada. - Acho que eu deveria voltar para dentro. Nós não podemos ficar sozinhos aqui.
- Com o que está preocupada? Será minha esposa daqui uns dias.
- Meu pai é conservador.
- Não me importo com o seu pai.
- Você não se importa, por que não será você a puta depois.
- Ninguém dirá nada, muito menos o seu pai. - Ele diz com convicção.
- Você não o conhece, como pode ter tanta certeza?
- Por que Eu estou dizendo. - Tudo gira em volta de Vinnie Hacker, sempre.
Não vou experimentar vestido nenhum, pois amanhã já não estarei mais aqui. Hoje mesmo pretendo sair dessa maldita casa, não vou ficar a mercê de um homem que poderia me matar num piscar de olhos. Não mesmo. Eu sou burra, mas nem tanto.
Assim que Hacker foi embora, corri para meu quarto para preparar o que era necessário para minha sobrevivência. Coloquei tudo em uma mochila, que não era muito grande, e fiquei esperando anoitecer para que eu pudesse colocar meu plano em prática.
