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• Lisa •
"Enquanto eu estiver aqui ninguém vai te machucar" - Billie Elish
Diferente da última vez que jantei com Hacker, que no caso foi no dia em que oficializamos nosso noivado. Dessa vez foi diferente. Ele foi gentil, do jeito dele, mas foi.
Hacker se fazia de durão perto de qualquer pessoa que não fosse eu. Para mim ele sorria. Gosto do sorrido dele, é irritantemente sexy e fofo.
Gosto do jeito que ele pega na minha mão para não me deixar para trás ou me perder nos lugares que vamos, ou quando tem pessoas me encarando e me deixa extremamente desconfortável.
Tenho uma opinião dividida. Não sei se gosto da maneira que ele me olha e faz parecer que está vendo até minha alma, faz me arrepiar ou sentir uma coisa estranha na barriga. É uma sensação boa e ruim ao mesmo tempo.
Já perdi as contas das vezes que ele ameaçou qualquer pessoa que respirou perto de mim. Tenho medo da ameaça não ficar só na ameaça. Hacker me deixa confusa. Ele está mexendo com a minha cabeça.
Hoje prometi a Judith que ficaria com os gêmeos e cuidaria deles junto com a babá, para Kio e ela aproveitarem um tempo sozinhos. Hacker também não estaria em casa, por tinha algo para resolver no galpão. Negócios. Eles não demorariam para voltar e, enquanto isso, Ramon e a babá estariam em casa.
Como eu gosto de cozinhar, preparei uma sopa de legumes para Ária e Apolo e algo separado para mim e a babá. Os gêmeos adoram legumes.
Não sei se é impressão minha, mas os gêmeos estão mais agitados que o normal, eles não param de chorar. Acalmo um e segundos depois ele está chorando novamente. Talvez eu não tenha o talento com crianças como imaginei, a babá que contrataram também não. Ela não está dando conta nem comigo ajudando.
- Vamos Apolo, ajuda a titia Lisa. - Balanço a criança para lá e para cá, tentando acalmá-la.
Céus, ele está vermelho, esse menino vai passar mal. Por favor, comigo não, não passe mal comigo cuidando de vocês. Eu não saberia o que fazer.
Deve ser saudade dos pais, o que explica o choro desesperado. Porém eles já ficaram sozinhos comigo várias e várias vezes e nunca deram trabalho nenhum. Será que estão doentes? Dizem que o irmão gêmeo sente a dor do outro, talvez seja isso. Ou será que os dentinhos deles estão crescendo? Deus me ajuda! Tem algo de errado com essas crianças.
Depois do jantar e já mais calmos, os levamos para o quarto. Eu brincaria um pouco com eles, e os botaria para dormir. Simples. Aí eu tomaria um banho, os pais deles chegariam e tudo ficaria bem. Não é complicado.
Fiquei sentada ao lado de Apolo vendo ele brincar de carrinho, então ouvi um barulho, como se algo estivesse caído no chão. Meu lado curioso me manda ir ver o que aconteceu.
- Você ouviu esse barulho? - Perguntei a babá.
- Que barulho? - Ela disse confusa.
- Ham... - Me levantei do chão. - Fique aqui com as crianças, eu já volto. - Sai do quarto.
