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• Lisa •
"A família é um presente, pena que o papai Noel nunca me visitou"
Depois que Hacker saiu, decidi treinar um pouco, talvez trabalhar em uma melodia nova, algo criado por mim mesma. Para isso acontecer eu precisava estar inspirada. E o que é melhor do que descontar toda minha frustração e raiva nas teclas? O ódio me inspira. Peguei um caderno para anotar as notas que todas as notas saíssem de mim, só parei de praticar quando Judith veio me avisar que o almoço já estava na mesa.
- Ah meu meu! - Ela disse ao se aproximar, com um lindo sorriso no rosto. - Você toca tão bem.
- Obrigada! - Devolvo o sorriso.
- Essa casa estava precisando de um bom barulho, odeio ficar aqui sozinha. - Ela cruza os braços e revira os olhos. - Bom, parece que é só nós duas afinal.
- Nós e o nosso pingentinho chamado Ramon. - Reviro os olhos.
- Acredite, eu odeio essa situação tanto quanto você. Não gosto de pessoas atrás de mim como se fosse minha sombra.
- Você me entende então.
- Aliás, o almoço está pronto, espero que goste de legumes ao molho branco.
- Eu amo. Adoro inventer receitas, ainda mais com legumes e verduras.
- Ah você cozinha? - Ela fica surpresa.
- Sim. - Confirmo.
- Algum dia quero provar da sua comida. - Ela pisca para mim.
Vamos para sala de jantar, onde já está tudo montado, nos sentamos e nos servimos dos legumes, dou a primeira garfada antes de Judith, fecho meus olhos aproveitando a sensação deliciosa na minha boca. O molho estava excelente. Assim que Judith aproxima o garfo da sua boca ela o tira rapidamente com uma expressão de nojo.
- Meu deus, acho que vou vomitar! - Ela sai correndo.
Eu não entendi nada, mas fiquei preocupada e não pensei duas vezes em ir atrás dela, corro tentando alcança-la. Judith entra em um quarto, que eu imagino que seja o dela, logo vai para o banheiro, ajoelhando-se no chão ao lado do vaso sanitário. Ela quase arrebenta a porta do mesmo no processo.
Entro lago atrás segurando seus cabelos, que inclusive eram enormes, provavelmente se eu não estivesse aqui para ajudar ele encharcaria de vômito. Assim que ela termina ajudo-a levantar e lavar o rosto, lhe entrego uma toalha limpa que estava dobrada em cima do armário do banheiro.
- Obrigada. - Ela agradece limpando seu rosto.
- Está melhor? - Pergunto preocupa.
- Estou. - Ela balança a cabeça positivamente.
Judith sai do banheiro indo em direção a sua cama e se senta com a cabeça baixa e os olhos fechados.
- Acho que aquele molho não me fez bem. - Ela diz, o seu rosto está pálido.
- Mas você nem encostou na comida Judith. - Digo. - Não acho que você esteja bem.
- Eu juro que estou, não se preocupe. - Franzo o cenho.
