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• Hacker •
"Eu pareçoum louco? Você não viu nada ainda"
Quando chegamos em casa já era quatro horas da manhã, então não valia a pena eu dormir. Depois que entreguei meus tomei um chá com Lisa fui para o escritório resolver algumas coisas e ela foi para seu quarto. As sete horas eu deixei os negócios um pouco de lado e fui treinar, primeiro fiz um aquecimento na academia, depois fui socar um pouco o saco de pancadas, eu precisava desestressar e, só espancando algo para isso acontecer.
Eu era o único da casa que estava acordado. Quer dizer, eu nem dormi, possivelmente eu também não estaria aqui se tivesse ido pra cama. Depois do treino subi para tomar um banho bem gelado, separei uma camisa social branca, e uma calça preta. Assim que terminei de me vestir fui resolver um probleminha.
- Olha o recém casado. - Kio disse quando me viu entrando na sala de jantar. Todos estavam em volta da mesa tomando café. - Como foi a noite de núpcias? - Ele pergunta em um tom de brincadeira.
- Kio! - Judith chama a sua atenção. - Logo de manhã? Dá um tempo.
- Obrigado, Judith. - Agradeço a ela e dou um sorriso falso para meu irmão.
- Onde foi? - Nick perguntou.
- Fui demitir um funcionário incompetente. - Falo tranquilamente enquanto me sento na mesa.
- O que fizeram dessa vez? - Kio perguntou, levando uma xícara de café até a boca.
- Só não fizeram a porra do serviço corretamente que eu mandei.
- Onde está Lisa? - Aurora perguntou.
- No meu bolso que não é. - Digo em um tom arrogante. - Deve estar no quarto dormindo, óbvio. Onde mais ela estaria?
- Ela não vai descer para tomar café conosco? - Judith disse, enquanto comia uma uma fatia de bolo.
Eles devem estar achando que virei babá de uma mulher de dezenove anos.
- Por que vocês não sobem e perguntam? - Falo serenamente. Mas todos sabem que a minha cota de pacientes está quase estourando.
- Acho melhor você subir lá Aurora. - Diz Judith. - Você é a única pessoa que ficou mais próxima dela.
- Que foi um erro, inclusive. - Comento.
- Ela já não se dá bem com a família, não tem amigos. O que você queria que eu fizesse? Fingisse a Kátia e seguisse com a minha vida como nada tivesse acontecido? Ela é sozinha Hacker.
- Pedi para você fazer companhia para experimentar um vestido e de repente vocês viraram melhores amigas. - rebato. - Não quero que crie vínculos, isso não durará por muito tempo.
Senti os olhos de julgamento sobre mim. Sei que todos já estão acostumados com meu jeito, porém penso que as vezes eles tem vontade de me mandar para a casa do caralho.
- Quanto tempo Hacker? - Kio perguntou.
- O tempo que eu achar conveniente Kio. - respondi.
- Você foi bem específico, muito obrigado maninho. - Disse ele ironicamente e com um sorriso falso no rosto.
- De nada! - Me sirvo com uma xícara de café.
- Isso aqui será algum tipo de cativeiro, ou coisa assim? Essa é a sua vingança? - Perguntou Nick.
- Não sequestrei Lisa. Eu me casei com ela, é diferente.
- Me cansei dessa conversa idiota, vou chamar Lisa para tomar café, é estranho ela não ter descido ainda. - Aurora se levanta da cadeira com cara de tédio.
- Eu vou junto, também me cansei dessa conversa de macho alfa. - Judith se levanta também indo na direção da Aurora, que já estava se retirando da sala de jantar.
Assim que as meninas saíram deixando apenas os homens na mesa, Kio ainda tinha aquele olhar de julgamento e Nick a carranca de quem comeu e não gostou.
- Hacker, sei que você é o capo e te devemos respeito, mas eu peço gentilmente que não fale com a minha esposa desse jeito novamente. - Diz Nick com aqueles olhos frios e impiedosos.
- Tudo bem. - Digo com um sorriso de lado, pois estou com muita preguiça para caçar briga com meu capitão mais fiel. - Será que podemos parar de falar sobre meu casamento e o quanto vocês odiaram minha decisão e pular para a parte dos negócios?
- Finalmente uma coisa boa saiu da sua boca. - Kio disse brincando.
- Você vai ver o que vai entrar na sua se não começar a se comportar. - Digo com um sorriso de canto.
- Ok, mas e os negócios? - Nick interrompe nosso momento de se provocar.
- Não é bom falar sobre esses assuntos aqui na sala de jantar, logo as meninas irão descer, melhor irmos até o escritório.
Saímos da mesa e fomos em direção ao escritório. Me sentei na minha cadeira atrás da mesa, Kio sentou no sofá mais confortável e Nick na poltrona. Ambos de frente para mim.
- Sobre a gaiola... Vocês tem acompanhado? - Perguntei.
A gaiola era um de nossos negócios, além de nos divertimos participando também, conseguimos uma boa grana, simplesmente lutando com alguém até a morte. Esse é o intuito da gaiola, quem sobreviver ganha.
Mas vocês devem estar se perguntando: mas quem entraria em uma porcaria dessa? Bom a reposta é que todos aqueles que entram ou pedem para entrar, são aqueles desesperados por dinheiro, que estão devendo até a alma, ou que só são gananciosos e querem ser recompensados com mais de quinhentos mil dólares, depende de quanto apostam em você. No meu caso, já cheguei a ganhar mais de um milhão em um dia.
- Sim. - Respondeu Nick. - Aliás sua última luta tem rendido muitos lucros.
- Você é como um deus para aqueles imbecis cheios da grana. - Diz Kio. - Muitos apostam em você, porque sabem que você não deixa ninguém sair vivo daquele lugar.
- Quanto conseguimos na última luta? - Perguntei.
- Pelas apostas e pelo prêmio de ganhador, foi exatamente novecentos e oitenta mil dólares. - Nick respondeu. Coloco a mão no rosto pensativo, minha expressão fica séria.
- É muito pouco.
- Pouco? - Kio franze o cenho.
- No mínimo deveria alcançar a faixa do milhão. Não estou lutando de graça.
- Tá brincando? Foram novecentos mil Hacker! Na porra de um dia. - ele fica incrédulo.
- É pouco. - insisto. - O salão lota de gente querendo ver as minhas lutas, esse valor é uma miséria. Quero que aumenta o valor das apostas.
- Quantos por cento? - Nick perguntou.
- Quinze por cento. - Respondo.
- Tá bom, acho que eu ouvi você dizer quinze por cento. - Meu irmão diz rindo.
- Você está maluco! - Nick falou. - Quem será o louco que irá pagar tanto só para ver uma luta que durará cinco minutos? Você não dá nem chance para seus adversários.
- Então arrumem um adversário a minha altura.
- Você está correndo um risco muito grande. - Ele diz pacificamente.
- Impossível. - Diz Nick.
- Valerá a pena.
- Você tem mesmo certeza disso? - meu irmão perguntou.
- Absoluta. Dezoito por cento para verem eu lutar com dois adversários.
- Loucura. - diz Nick, balançando a cabeça negativamente.
- Ele é louco. - Meu irmão aponta pra mim.
- Comecem a espalhar o comunicado. Semana que vem será minha próxima luta, se não conseguirem alguém tão bom quanto eu, então arrumem dois desesperados que estão dispostos a ganhar uma grana fácil. - Eles assentem.
