Não estamos casados

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Quando Justin avisou que chegamos, um frio percorreu todo o meu corpo. Eu não sabia o que esperar, não sabia o que seria da minha vida dali em diante, e muito menos dos planos de Justin para mim. Eu estava parecendo uma mercadoria velha, sendo jogada de lá para cá.

Justin saiu do carro e ajudou-me a sair também, pegou minha mala e jogou para um segurança, que rapidamente veio até nós assim que os portões se abriram para o carro entrar. Quando saímos do carro, olhei em volta e senti minha boca se abrindo um pouco, involuntariamente. O jardim era enorme, em frente à casa, uma piscina gigante. Espalhados por todo o lugar, estavam vários homens vestidos de preto. Alguns com armas grandes e pesadas nas mãos. Perguntei-me para quê ele precisava de toda aquela proteção. Que ele era um homem bem rico, era bem óbvio, ele havia acabado de pagar meio milhão de dólares em mim, mas ele era tão rico e importante assim ao ponto de ter todas esses armários humanos rondadando sua casa?

Despertando-me de meus pensamentos, Justin me puxou pelo braço, arrastando-me em direção à enorme mansão branca. Tudo o que rondava minha mente agora era "o que ele planejava fazer comigo?"

A casa era enorme e incrivelmente linda. Assim que entramos na sala de estar, nos deparamos com três homens sentados no sofá, de forma despojada, assistindo a um jogo de basquete na enorme TV de tela plana.

– Que zona é essa na minha casa, seus filhos da puta? – Justin disse em tom brincalhão, indo cumprimentá-los.

– E aí, Drew! – um deles disse.

– Puta merda, Bieber! Que mina gostosa é isso aí? – um outro perguntou, eufórico, olhando para mim. Estava me sentindo uma vadia com aquele vestido minúsculo. Alô, Claire! É isso o que você é! – Você é um filho da puta mesmo, arma uma festinha particular e nem avisa?

– Se fosse uma festinha particular, seria particular, não acha? – Justin debochou, mesmo sério. O último cara, que não havia dito nada até então, deu um tapa na cabeça dos outros dois.

– Mais respeito aí, seus cuzões. Não tá vendo que ela tá acompanhada?

– Maria! – Justin chamou pro alguém em um tom seco. Uma mulher baixinha e ligeiramente gordinha entrou na sala com passos rápidos.

– Sim, senhor Bieber – estava na cara que ela não era daqui, tinha um pouco de sotaque.

– Leve-a para algum quarto de hóspedes – ele disse sério. – Agora.

– Sim, senhor.

A mulher me puxou pelo braço com gentileza e eu peguei minha mala, a seguindo.

Justin's POV

Chaz e Ryan olhavam Claire de cima a baixo. Chris ainda mantinha um pouco de respeito, por mais que olhasse, era mais discreto, ele era o mais cuzão de todos. Me incomodava o modo como eles olhavam para ela, por mais que não fosse nada minha, ainda assim estava como minha companhia e eles tinham que ter respeito. Poderiam ser meus amigos, mas eu ainda era chefe de todos eles.

Maria levou a garota para o segundo andar e eu me joguei no sofá no meio deles, de forma despojada, e tirando a cerveja da mão de Chaz.

– Quem é aquela garota e o que ela está fazendo aqui com uma mala? – disparou Ryan, olhando para mim com uma sobrancelha arqueada.

– Ela vai morar aqui a partir de hoje – respondi, como se trazer uma garota desconhecida para viver em minha casa fosse a coisa mais normal do mundo.

– Morar aqui? – Chris perguntou indignado e eu assenti. – Tá se amarrando em outra garota, Bieber?

– Que me amarrando, o quê! Tá maluco? – dei um grande gole na cerveja que roubei de Chaz, que a pegou de volta, fazendo uma careta para mim. – É uma longa história, depois conto para vocês.

– E o que vai dizer para sua mãe quando ela voltar? Quero dizer, é bem estranho sua mãe ir viajar e quando voltar, ter uma completa estranha morando na casa dela, que nem sua namorada é – Chaz disse.

– Sei lá, invento qualquer coisa na hora, esse é o menor problema de todos.

– Cara... Ela é gostosa pra caralho! – Chris disse, parecendo que estava pensando alto. Bufei.

– Quem está ganhando o jogo? – perguntando, desviando do assunto.

Claire's POV

Maria me deixou em um quarto que era absolutamente perfeito. Era maior e mil vezes melhor do que o meu em casa, e eu nem preciso falar que dava de mil naquele alojamento podre da boate, que eu dividia com aquelas piranhas. A mulher saiu e me deixou sozinha para que eu pudesse me acomodar, mas ela deveria ter cometido algum erro. É claro que eu ficaria no mesmo quarto que Justin.

Saí do quarto e abri cada porta daquele extenso corredor, procurando o quarto de Justin. Entrei em um que, pelo tênis jogado no canto do quarto, deveria ser o dele. Olhei em volta, ainda maravilhada com a beleza de cada canto daquela casa. Nem sei quanto tempo fiquei ali, olhando suas coisas. A cama tinha o cheiro do perfume dele. Deitei-me em sua cama e abracei um dos travesseiros, aspirando seu perfume. De repente, ouvi a porta se abrindo e me sentei rapidamente, me ajeitando.

– O que está fazendo aqui? – Justin me perguntou.

– Bom, você mandou eu ir para o meu quarto...

– Errou a porta, esse daqui é o meu quarto.

– Nosso quarto, não é? – ele explodiu em uma risada, e eu não entendi.

– Você bateu com a cabeça ou o que, Claire? Por acaso está pensando que vamos dormir juntos ou que teremos alguma coisa? – sim, foi o que eu pensei, mas pelo visto estava redondamente enganada.

– Não é isso? Então pra que me comprou?

– Pra quando eu quiser sexo, não precisar me deslocar até alguma boate.

Ouvir aquilo acabou comigo.

– M-Mas... Mas... Aquilo no carro...

– Foi sexo, Claire. Só isso. Eu te comprei, mas isso não significa que estamos casados! Entendeu? Agora sai do meu quarto. Pode deixar que quando eu quiser alguma coisa, eu mesmo vou chamá-la – eu estava inerte ouvindo aquelas palavras, sem reação alguma. Justin abriu a porta e esperou que eu saísse, mas eu não consegui me mover, ainda incrédula com suas palavras e com a frieza com que elas foram pronunciadas. Ele bufou. – Tchau!

Reuni forças e me levantei, segurando as lágrimas. Eu não ia chorar na frente dele novamente, não lhe daria esse gostinho. Assim que saí do quarto, ele bateu com força a porta atrás de mim, o que me fez pular levemente devido ao pequeno susto. Caminhei sem pressa para o quarto que agora ela meu, sentindo as lágrimas começarem a cair.

Que tipo de diversão ele poderia ter me machucando desse jeito, que graça ele via nisso tudo? Eu sentia nojo de mim por ter deixado que ele me tocasse, por ter deixado que ele me envolvesse daquela maneira.

Meu quarto era uma suíte, o banheiro era enorme e incrível, mas aquilo não me chamou atenção naquele momento. As palavras dele ainda faziam eco em meu cérebro. Me despi e entrei no box, ligando o chuveiro. A água quente caiu sobre mim e eu esperava que a água que ia embora pelo ralo, levasse todo e qualquer vestígio dele em mim.

Agora eu seria o brinquedo particular nas mãos dele e não tinha escolha. Aquele era o meu destino e eu não tinha para onde fugir.

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