Minha propriedade

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Após chorar durante horas, acabei adormecendo. A luz do sol entrando pelas cortinas brancas me despertaram. Imediatamente as palavras de Justin no dia anterior retornaram à minha mente, eu daria qualquer coisas para que aquilo fosse apenas um sonho ruim, mas, infelizmente não era.

Abri as cortinas para que o sol entrasse e iluminasse mais o quarto, fiz minha higiene matinal e saí do quarto. Desci as escadas com medo de encontrar Justin, não queria olhar na cara dele nem tão cedo. Demorei um pouco para encontrar a cozinha naquela casa enorme e, quando finalmente encontrei, agradeci aos céus, eu estava faminta.

– Oh, menina, venha tomar café, venha – Maria disse em seu sotaque estranho. – Precisa comer, está tão magrinha... Sente-se.

Ela puxou uma cadeira para mim e eu me sentei à mesa posta, colocou um pedaço de bolo em meu prato e me serviu um copo de suco. Era a primeira vez em meses que alguém me tratava bem. A obedeci e comi, não poderia recusar. Terminei de comer o bolo e ela me serviu uma porção de salada de frutas e ainda queria que eu comesse mais, mas eu já estava farta. Maria queria me empurrar comida goela abaixo de qualquer maneira.

– Justin já tomou café? – perguntei.

– Ah, sim... Senhor Bieber já comeu faz tempo, está em seu escritório agora.

– Hm... – fiz pouco caso.

Terminei de tomar meu café da manhã e ajudei Maria a retirar a mesa e lavar a louça. Ela disse que não precisava, mas insisti, não tinha nada para fazer naquela casa e eu precisava me ocupar com algo para não pensar nele.

1 SEMANA DEPOIS...

Eu passava a maior parte do dia trancada no quarto. Não queria olhar pra cara de Justin e nem sequer ouvir a voz dele, não conseguia esquecer as coisas que ele me dissera. Eu sentia ainda mais a falta de minha mãe, eu queria tê-la aqui para me abraçar e dizer que tudo ficaria bem.

Depois de uma semana trancada dentro de quatro paredes, decidi que eu precisava tomar pelo menos um pouco de sol. Pus uma roupa qualquer que peguei em minha mala, um short jeans surrado e uma camisa, e desci para dar uma volta no jardim enorme. Ao sair da casa, me deparei com Justin na piscina. Parei de súbito. Ele saiu da piscina e eu tentei desviar o olhar, não queria olhar para seu corpo, sabia que não daria certo. Ele vestia apenas uma boxer preta, as gotas d'água corriam por seu corpo e ele bagunçou o cabelo tirando um pouco de água.

– O que está fazendo aqui? – ele perguntou quando notou minha presença.

– Vim dar uma volta, tomar um pouco de sol.

– E por acaso você pediu permissão?

- E desde quando eu te devo satisfações ou tenho que te pedir permissão pra alguma coisa?

– Desde o dia em que eu comprei você. Agora você é minha propriedade – ri com deboche.

– Vai sonhando.

– Volta pra casa. Agora. Tá cheio de homens aqui e eles estão te olhando de cima a baixo.

– O que é que tem? Nada demais. Eu não vou mesmo, não sou obrigada a ficar trancada dentro de casa como um animal enjaulado só porque você quer – ele agarrou em meus dois braços, apertando-os com força, e aproximou seu rosto do meu.

– Você vai sim. Eu estou ordenando e você tem que cumprir minhas ordens – ele disse pausadamente e entredentes, a irritação completamente aparente.

– Vamos ver! – sem pensar duas vezes, cuspi em seu rosto. Com a raiva me tomando, não pensei que aquilo poderia ter uma consequência. E teve. Justin me lançou um tapa no rosto tão forte que me fez cair no chão. Senti minha bochecha queimando. Ele veio para cima de mim e segurou em meu rosto, apertando-o entre o polegar e os outros quatro dedos.

– Nunca mais ouse fazer algo como isso, está me ouvindo? Ou irá se arrepender. Você vai fazer o que eu quiser, quando eu quiser e fim de papo.

– Eu te odeio – disse entre dentes.

– Não ligo – ele sorriu debochado como sempre e me soltou, levantando-se. – Faça o que quiser agora, estou de saída. Mas espero que isso tenha servido de lição pra você.

Ele pegou uma toalha na cadeira de sol e voltou para dentro da mansão. Meu corpo inteiro tremia de ódio, eu não suportava mais isso! Se ele está pensando que vou ser seu saco de pancadas particular, está redondamente enganado. Isso não vai ficar assim, não mesmo.

[...]

Já era noite quando Maria entrou no meu quarto carregando um monte de sacolas.

– O que é isso?

– Senhor Bieber mandou entregar para você.

– Diz pra ele que eu não quero nada dele, que ele pode enfiar tudo isso no olho do c... – parei quando ele entrou no quarto.

– Me deixe a sós com ela, Maria – ela assentiu e saiu rapidamente do quarto. Revirei os olhos.

– O que são essas sacolas?

– Mandei que comprassem algumas coisas pra você. Se não forem o seu estilo, se não gostar de algo é só dizer que eu mando trocar tudo. Notei que suas roupas além de serem poucas, estão velhas, então...

- Não quero nada que venha de você, pode levar tudo de volta – falei séria, o interrompendo. – Acha que vai me comprar com essas coisas? Está muito enganado.

– Não estou tentando te comprar. Estou tentando ajudar você.

– Até parece que se importa! Está sendo legal comigo por quê? O que você quer?

– Eu não quero nada.

– E muito menos eu, então leve tudo isso daqui.

– Vai ficar aqui. Se quer continuar usando suas roupas velhas, fique a vontade, elas não vão durar por muito tempo mesmo. Então, a partir daí você pode andar pelada se quiser, eu não me importo. Na verdade, vou adorar – ele sorriu safado e eu desviei o olhar dele. Ridículo. – A decisão é sua, faça o que quiser.

Ele saiu, batendo a porta e mais uma vez me deixando furiosa de raiva. Mordi os lábios, sentindo a curiosidade florescendo em mim. Eu não ia morrer se desse uma olhada nas sacolas, certo? Levantei-me da cama e caminhei até as sacolas, eram muitas e tinham roupas, sapatos, tudo. Gostei de cada mínima peça e tinha certeza de que Justin estava sendo verdadeiro ao dizer que mandou que comprassem, ele não parecia ser o tipo que entende algo de mulher além de sexo, ou que sabe como agradá-las além da cama. Havia até um celular.

Eu não tinha como recusar mesmo, ele tinha razão sobre minhas roupas. Mas que fique claro que estou fazendo isso por mim, e não porque ele me pediu. Ser vencida por ele me deixava furiosa.

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