Contrabando

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Quando acordei, me mexi na cama preguiçosamente, resmungando um pouco. Gostaria de dormir mais. Virei-me para o lado e mudei de ideia quando vi Justin ali. Isso queria dizer que nada era fruto da minha imaginação, ele tinha passado a noite comigo e havia me tratado bem. Ergui um dedo para tocar seu rosto, mas me retraí com medo de sua reação. Fiquei o admirando enquanto ele dormia, eu poderia fazer isso durante toda a manhã. De repente, ele despertou, abrindo os olhos devagar.

– Bom dia – eu disse.

– Bom dia... – sua voz estava rouca devido ao sono. – Que horas são?

– Não sei exatamente, mas ainda é cedo.

Ele não disse mais nada e ficou me olhando. Fiquei o encarando de volta, também em silêncio.

– O que é? – ele perguntou por fim.

– Não vai me tratar mal? – mordi o lábio inferior. Ele sorriu, soltando ar pelo nariz.

– Está esperando isso?

– Na verdade... sim – ele riu.

– Não. Hoje não – sorri com sua resposta e ele se espreguiçou. – Vou me vestir.

– Tudo bem, te vejo lá em baixo? Ham... Para tomarmos café juntos? – ele assentiu e se levantou para sair do quarto. Reprimi a vontade de agarrá-lo quando o vi se afastar, usando apenas uma cueca boxer cinza. Depois que ele saiu, fui tomar outro banho para despertar e mudar de roupa.

[...]

Depois do café da manhã, Justin foi para o seu escritório e eu fiquei vendo desenho animado na TV. Depois de uns trinta ou quarenta minutos já não havia nada de interessante para assistir e eu estava entediada. Resolvi ir atrás dele.

Eu não tenho mesmo vergonha na cara.

A porta de seu escritório estava meio aberta, então entrei sem bater e encostei a porta.

– O que está fazendo? – perguntei.

– Trabalhando – me aproximei um pouco e ergui a cabeça. Ele fazia alguns círculos e traçava linhas em um mapa.

– Seu trabalho é rabiscar mapas? – fiz uma piada ruim. Ele me lançou um olhar de desdém e voltou sua atenção ao papel.

– Você não tem nada melhor pra fazer não?

Cheguei até a mesa e me sentei na mesma, ao lado do mapa que ele rabiscava.

– Você disse que não ia me tratar mal hoje – lembrei-o e ele revirou os olhos. – É sério agora, trabalha com o quê?

– Contrabando – respondeu, dando de ombros e dizendo aquilo como se fosse um "trabalho" normal. Minha primeira expressão foi de espanto. Depois franzi a testa. Ele olhou para mim e riu de minha expressão, depois tocou a ruga entre minhas sobrancelhas.

– Então pra que esse mapa?

– É o mapa da fronteira por onde alguns produtos vão entrar. Tenho que ver as melhores rotas para que nós possamos passar com todos as cargas, fazer o transporte tranquilamente, sem tiras.

– Nós...?

– Ryan, Chaz e Chris.

– Aqueles rapazes que estavam aqui outro dia?

– Exatamente.

– Hm... – Tentei fazer aquela conversa parecer normal. Agora sim estava explicado de onde ele tirava tanto dinheiro. Para ter uma casa dessas e dar 500 mil em mim, só fazendo coisas ilícitas mesmo. Ri em silêncio desse pensamento.

– Por que não vai fazer alguma coisa? Não tem nada que te interesse aqui.

– Tem sim – discordei. – Você – sorri para ele e ele me olhou de rabo de olho, sorrindo de lado e soltando ar pelo nariz. – Queria ficar um pouquinho com você, não tem nada pra fazer nessa casa.

– Pode ficar se quiser, mas em silêncio - assenti em concordância e fiquei calada, observando-o traçar um caminho pelo mapa. Ele fez rabiscou uma palavra que não fiz questão de entender em certo ponto do mapa. Devia ser alguma gíria de contrabandistas. Ou não.

Tirei suas mãos de cima da mesa, livrando o caminho e sentei em seu colo. Ele revirou os olhos sem dizer nada e passou os braços em volta de mim para alcançar o papel novamente.

– O que são esses pontinhos aqui? – perguntei, apontando no mapa.

– Os tiras que fazem vista grossa nessa área.

– Essa linha é o caminho traçado, certo? Por que vão passar por aqui? – perguntei novamente, indicando as linhas.

- Porque o caminho mais seguro.

– Mas é um pouco mais longo.

– Isso não importa, o objetivo é levar as cargas ao seu destino em segurança.

– Mas por que...

– Claire, caralho, você prometeu ficar quieta – ele explodiu e eu contive a risada. Alguns minutos se passaram e eu já não aguentava mais aquele silêncio. Arranquei a caneta da mão de Justin e me ajeitei em seu colo, sentando de frente para ele. – Claire... – antes que ele pudesse me dar mais um esporro, o interrompi, dando-lhe um beijo. Ao contrário do que eu pensei, ele não rejeitou. Segurou em minha cintura, apertando levemente a mesma, e mordeu meu lábio inferior. Entendi aquilo como um incentivo e entrelacei meus dedos em seus cabelos dourados.

Eu não tinha malícia naquele beijo, apenas queria sentir seus lábios quentes e macios nos meus mais uma vez. Ele me correspondia da mesma forma que eu o beijava: de forma lenta e doce, mas ao mesmo tempo de forma calorosa. Mas quando uma de suas mãos entrou em minha blusa, acariciando minhas costas e depois encontrando um de meus seios, percebi que ele não compartilhava minha falta de malícia naquele beijo. Ri em seus lábios quando ele apertou um de meus seios e me afastei um pouco dele para olhá-lo.

– Você nunca se cansa?

– Como você quer que eu fique com você usando um short desses, sentada no meu colo e me beijando desse jeito? – ri e ele voltou a me beijar, mas de forma mais intensa. Ele começava a levantar minha blusa para tirá-la, quando ouvimos vozes masculinas se aproximando. Me levantei rapidamente de seu colo com um susto e ajeitei minha roupa, enquanto nós ríamos juntos. Recostei-me na mesa como se nada estivesse acontecendo e logo três rapazes entraram.

– E aí, Drew!

- Porra, Justin! Isso não é hora não, deixa pra mais tarde – um deles disse e os outros dois riram. Justin revirou os olhos e eu senti meu rosto ficando quente com o rubor que se formava. Os lábios dele estavam vermelhos e inchados, consequentemente, os meus também deviam estar.

– Vão se foder – Justin respondeu.

– Olha a educação com a mulher dos outros – o mais baixo deles disse.

– Não sou mulher dele – disse, revirando os olhos.

– Ela não é minha mulher – Justin falou.

– Foi mal aí – o cara ergueu as mãos em sinal de defesa. – Sou o Chaz. Muito prazer, senhorita.

Ele pegou minha mão e a beijou, me fazendo rir. Justin balançou a cabeça negativamente.

– Claire.

– Ryan – o terceiro deles, que estava calado até então, disse. – Melhor amigo do cuzão aí desde moleque – ri e acenei para ele.

– Oi, Ryan.

– E eu sou o Chris.

– Oi, muito prazer – eu disse, sorrindo. – Hm... Acho melhor deixá-los a sós, devem ter coisas a fazer. Vejo vocês depois.

– Tchau, Claire – eles disseram em coro e eu me retirei.

Então ele era contrabandista... Aquilo ficou martelando minha mente durante o resto do dia.

Criminal MindsWhere stories live. Discover now