twenty three

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Lauren

Enfio as páginas de fotocópia na mochila e me apresso para o carro. Agora que tenho uma lista de números de telefone para testar, preciso comprar um cartão telefônico e voltar para casa o mais rápido possível.

Luis me alcança no estacionamento.

- Você deve estar muito perdida em pensamentos - diz ele. - Fiquei chamando o seu nome desde que você passou pela porta.

Coloco o cabelo atrás da orelha. Apesar de eu ter feito uma escova hoje de manhã, o clima quente está fazendo com que ele volte a ficar ondulado.

Normalmente, não ia me importar de passar alguns minutos com Luis, mas estou com pressa. Sei que a coisa que estou prestes a fazer é errada. As consequências em toda a minha vida vão ser enormes. Por isso, preciso encontrar Bradley Simpson antes que minha consciência tome conta de mim ou antes que cruze com Camila e ela tente me impedir.

- Para onde você está indo? - pergunta Luis, quando nos aproximamos do meu carro.

- Preciso comprar uma coisa na 7-Eleven.

- Será que você pode me dar uma carona?

- Tudo bem - respondo. - Mas estou com pressa.

- Eu posso descer na 7-Eleven e ir andando de lá.

Abro o carro e nós dois entramos. Quando Luis prende o cinto de segurança, reparo que ele tem três livros no colo. WeetzieBat e mais dois da série DangerousAngels.

- Agora você gosta de ler Francesca Lia Block? - pergunto. - Porque eu tenho bastante certeza de que estes livros não são para a sua irmã menor.

- São para Mel. Ela é obcecada por essa autora. Você já leu?

Percorro o estacionamento.

- Quem é Mel?

- Minha namorada. Ela mora em Pittsburgh, mas foi ao baile de formatura comigo.

- Ah - digo.

- Estamos juntos desde o Natal. Você tinha que ver o snowboard dela. Foi assim que a gente se conheceu.

Do jeito que ele fala dessa menina, parece sério. Mas não posso evitar de ficar um pouco incomodada. No verão em que Luis e eu fomos conselheiros nas férias, eu ficava lendo todos os livros de Francesca Lia Block sempre que a gente tinha um tempinho. O fato de ele parecer não se lembrar disso me dói, por algum motivo.

...

Luis segura a porta da 7-Eleven para eu entrar. Quando nos despedimos, confiro o estacionamento duas vezes para ter certeza de que Camila não é um dos skatistas que estão por lá.

No balcão, fico indecisa entre um cartão de telefone de cinco dólares ou de dez dólares. Escolho o mais barato, pago o sujeito e então volto para o carro.

Vou para casa devagar, observo um pai na entrada de casa, levantando o filho pequeno para que ele possa marcar uma cesta. Irrigadores automáticos de jardim fazem arcos silenciosos nos gramados da frente. Essas vizinhanças parecem tão serenas, quase paralisadas no tempo.

Enquanto isso, Camila e eu avançamos no nosso futuro. Ligo o rádio e aumento o volume. Está tocando "Wonderwall", do Oasis. Essa é a nova música preferida de Dinah. Ela a estava cantarolando quando saímos da sala de estudo mais cedo.

And all the roads we have to walk are winding

And all the lights that lead us there are blinding

Desligo o rádio. Não preciso me sentir mais culpada por ir para casa, trancar a porta do quarto e bloquear para sempre uma dessas ruas cheias de curvas.

The Future Of UsWhere stories live. Discover now