forty seven

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Camila

Estamos no estacionamento do Sam's Club, uma megaloja de descontos a uns quinze quilômetros da cidade. Abro o porta-malas do Jeep Cherokee de Hailee e pulo para dentro. A traseira já está cheia de coisas e preciso avançar agachada para não bater a cabeça.

— Está pronta? — pergunta ela.

Estendo as mãos e ela tira um saco de Cheetos tamanho família do carrinho de compras. Joga pra mim. Depois me entrega dois sacos de pretzels, seguidos por Doritos. Enquanto ela ajeita as caixas de refrigerante no porta-malas, vou arrumando o resto da carga para abrir espaço.

— Para que banquete é tudo isto aqui? — pergunto.

Hailee ergue um pacote de doze latinhas de Mountain Dew e estende para mim.

— Não é para a escola.

Eu faço o refrigerante deslizar até o fundo do porta-malas. Ela me entrega mais um pacote de doze latas e encaixo bem no primeiro, então puxo uma ponta da lona azul, que está amassada por baixo.

— Geralmente, as tarefas do Conselho demoram mais — diz ela. — Mas nós fizemos tudo tão rápido que achei que tínhamos tempo para uma atividade extracurricular.

Passei a tarde inteira empurrando carrinhos, erguendo caixas e colocando coisas no Cherokee. E está ótimo. Eu não vou reclamar de passar um tempo com Hailee. Nem me importo de ajudá-la em um assunto particular, mas teria sido legal se ela tivesse me avisado sobre a mudança.

Pulo para o chão.

— É para aquela festa na prisão?

Piquenique na prisão — diz ela, fechando o porta-malas. — Mas, não. É para a fogueira do meu amigo amanhã à noite.

Enxugo a testa com as costas da mão e me acomodo no banco. Quando ela dá a partida, baixo a janela até a metade.

— Não dá para servir só álcool em uma festa, se não as pessoas ficam bêbadas demais — explica Hailee. — Precisa ter alguma coisa para beliscar.

Todo mundo passou a semana inteira falando dessa fogueira. Normani pegou a caminhonete do pai dela para ajudar alguns skatistas do último ano a levar lenha para o lago.

— Além do mais, se a polícia chegar à festa, é bom ter refrigerante à mão — explica Hailee. — Você esconde a cerveja e pega uma Coca!

Não pensei muito em ir à fogueira porque minha mente anda ocupada com outras coisas. Principalmente com Hailee.

— Antes, Rick deixou um recado no meu celular — diz ela.— Pediu para eu comprar algumas coisas para ele. Eu ia fazer isso amanhã, mas, como tivemos tempo hoje à tarde, achei que era melhor dar conta logo. Além do mais, hoje eu estou com o Cherokee.

Hailee e eu passamos as últimas três horas rodando pela cidade juntas. No começo, eu nem conseguia acreditar que ela tinha me escolhido para isso. Cada vez que os nossos cotovelos se batiam ou os nossos dedos se encostavam, eu sentia a eletricidade percorrer todo o meu corpo. Mas, depois de um tempo, as coisas se acalmaram. Talvez eu estivesse esperando uma conexão instantânea. Apesar do fato de que nós vamos terminar juntas, neste momento nós mal nos conhecemos. Eu sou só a pessoa que ergueu a voz na aula quando o ex dela estava agindo feito um imbecil.

— Se você não se importar — diz Hailee —, será que podemos deixar as coisas da fogueira antes de eu levar você para casa? Fica no caminho.

— Tudo bem.

— Você já foi à casa de Rick?

— Que Rick? — pergunto. E então me dou conta de quem ela está falando. — Rick Rolland?

The Future Of UsOnde histórias criam vida. Descubra agora