thirty nine

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Camila

Passo com meu skate por uma casa amarela com um balanço de pneu na frente. Um chihuahua vem correndo pelo pátio e começa a dar latidos agudos para mim. Se eu diminuir a velocidade para fazer a próxima curva, ele vai me pegar. Apesar de não ter medo de ele dar uma mordidinha no meu tornozelo, a cabeça ossuda dele é do tamanho de uma das minhas rodas e não preciso desse tipo de culpa.

A essa altura, meu sorvete já acabou. Jogo o resto da casquinha na direção do cachorro e ela se despedaça na calçada. Quando ele para e come um pedaço, dobro a esquina e me dirijo para o cruzamento. Do outro lado da rua, o conversível de Hailee continua estacionado, vazio.

Rodo até um poste de luz e coloco o braço ao redor dele para parar. O sinal abre e eu poderia atravessar para o outro lado. Eu poderia estar à espera de Hailee no carro dela quando ela saísse da loja de gibi.

Em vez disso, vou com meu skate até uma máquina de refrigerante e compro uma latinha.

...

Quando tomo a segunda latinha, já dei a volta quatro vezes no quarteirão e estou agitada por causa de tanto açúcar. Viro a última esquina de novo e decido dar um olá se Hailee estiver andando na direção do carro dela. Se já tiver ido embora, então vou sair correndo para o banheiro mais próximo.

Quando o estacionamento entra no meu campo de visão, vejo o conversível dela saindo para a rua.

Hora de tomar uma decisão!

Dou um impulso bem forte com o skate na direção do telefone público e, então, piso na parte de trás da tábua para parar. Pego o telefone e, com dedos trêmulos, disco o número do celular dela.

Está tocando!

O carro dela está parado em um sinal vermelho. Dá para ver quando ela pega a mochila e coloca no colo.

Atenda!

Ela leva o celular ao ouvido.

— Alô?

O sinal fica verde e o carro dela começa a entrar no cruzamento.

— Hailee! — Consumi açúcar demais. — Aqui é Camila. Acho que eu... será que você...?

— Camila Cabello? — pergunta ela.

— Você está no seu carro? — pergunto. — Porque eu estava aqui tomando um sorvete e acho que vi você passando.

Observo quando ela olha na direção da calçada.

— Onde você está? Eu não sabia que você tinha celular.

— Encoste — digo. — Chego aí bem rapidinho.

— Certo — responde ela, ligando o pisca-alerta.

Desligo o telefone, pulo em cima do skate e dou impulso na direção do carro dela.

A janela do lado do passageiro está abaixada e apoio os cotovelos na porta. Ela sorri para mim, solta o rabo de cavalo e o cabelo cai como fitas por cima da blusa azul sedosa.

— Você mora aqui perto? — pergunta ela.

Aponto com a cabeça na direção da sorveteria.

— Não, mas estava com desejo de tomar sorvete crocante.

— Eu adoro sorvete — diz ela. — Então, para onde você está indo? Posso dar uma carona?

— Só estou indo para casa — respondo. — Moro perto do playground do parque Wagner.

The Future Of UsWhere stories live. Discover now