O caminho até a casa do Rick demora uma eternidade. Dirijo mais devagar quando chego ao trecho de terra, em parte para evitar buracos e em parte porque não estou nada contente de ser arrastada para esta fogueira. Sei que Dinah tem alguma coisa em mente. Ela me disse que cruzou com Camila quando foi entregar o meu carro, mas não quis dizer sobre o que conversaram.
Eu devia ter implorado a Dinah para cobrar o favor dela em outro momento. Ela podia ter ido com Normani de caminhonete ou pegado o carro que divide com a mãe. Mas ela quis que eu viesse junto. E, por saber que talvez haja uma gravidez no futuro próximo, cheguei à conclusão de que essa fogueira à beira do lago é um lugar importante para ficar de olho nela.
— Devem ser as endorfinas do trajeto de bicicleta — diz Dinah, agitando os pés no banco do passageiro. — Cheguei em casa, tomei um banho e agora estou me sentindo totalmente renovada.
Nós nos aproximamos de um terreno de cascalho cheio de carros estacionados.
— Só uma hora, certo? — pergunto.
— Uma hora — responde Dinah. — Damos um oi, sentamos um pouco perto da fogueira e, se você ainda estiver odiando, podemos voltar para sua casa e assistir a um filme.
Eu quase dou risada e digo a Dinah que aluguei Quanto mais idiota melhor. Mas a última coisa que quero é reconhecer que assisti àquilo para conquistar Keana.
Paro atrás de um monte de carros. Alguns garotos estão rondando a cerveja, mas a maior parte das pessoas caminha na direção de uma trilha de terra que atravessa os pinheiros.
Dinah aponta para um espaço vago à direita.
— Estacione ali.
Ao mesmo tempo, percebemos que isso vai nos deixar a duas vagas de distância do conversível de Hailee. Quando os pneus de uma caminhonete rodam no cascalho atrás de nós, Dinah e eu olhamos no espelhinho do lado dela.
— A caminhonete de Normani! — diz ela. — Vamos parar do lado dela em vez daqui.
Faço a manobra e paro ao lado de Normani. Tem um aluno do último ano no banco do passageiro e outro na caçamba, ajeitando uma pilha de lenha.
— DJ! — diz Normani, pulando para fora da cabine. — Oi, Laur!
Dinah abre a porta do carro e desce.
— Ei! Nós já temos nomes — diz. — Com duas sílabas.
Os alunos do último ano dão tapas nas costas de Normani; então, cada um pega uma braçada de lenha e sai na direção dos pinheiros.
Normani vai até a traseira da caminhonete e junta uma pilha de lenha.
— Querem ajudar? A caminhada até as fogueiras é curta.
Dinah cruza os braços.
— Por acaso eu tenho cara de ser talhada para o trabalho pesado?
Pego alguns pedaços de lenha.
— Obrigada, Lauren — diz Normani e balança a cabeça na direção de Dinah. — Pelo menos, alguém sabe ser útil.
Dinah ergue a tampa da traseira da caminhonete e fecha com um clique.
— Olhe só para mim! Estou sendo útil.
Ela sai saltitando pelo caminho com Normani atrás. Ajeito a madeira nos braços, respiro fundo e acompanho as duas.
...
O céu tem um tom profundo de púrpura com uma faixa fina de âmbar por cima da copa das árvores. A maior parte da luz aqui vem de seis fogueiras que salpicam a margem do rio. Do outro lado do lago Crown, fica a praia pública. Mal consigo distinguir os contornos sombreados da barraquinha de lanches e da tenda.
— Alguém quer uma cerveja? — pergunta um garoto. Ele é aluno do último ano. Scott, talvez? Ele pega uma lata de um pacote de seis e balança o resto a nossa frente.
— Não, obrigada — respondo.
Dinah ergue sua latinha de Sprite. Se Scott desse uma cerveja para ela, eu poderia me sentir tentada a arrancar da mão dela para impedir que bebesse hoje e tomasse alguma decisão ruim.
Normani olha para as latas de cerveja, mas Dinah coloca a mão na cabeça dela e faz com que balance em sinal de não.
— Nem pense nisso — diz ela. — Você está dirigindo.
— Tem razão — responde Normani. — O meu pai iria me matar.
— E eu iria esconder o corpo no concreto mole — completa Dinah.
Scott dá de ombros e prossegue seu caminho pela praia.
Nós três nos aproximamos de uma fogueira. Normani pega um pedaço de lenha em uma pilha próxima e joga no fogo. Solta fumaça por um minuto, antes de as chamas começarem a lamber a madeira.
Passo os dedos pela areia fria. Dúzias de pessoas estão reunidas ao redor de cada fogueira, mas ainda não vi Camila nem Hailee. Durante todo o tempo em que estive aqui, observei casais se afastarem para o meio das árvores. Imaginar Camila ali com Hailee faz meu estômago revirar.
Olho para o outro lado da água, para a margem tranquila da praia pública. Quando Dinah e eu estávamos lá outro dia, avistei a futura casa de Camila e Hailee em algum lugar deste lado do lago. Provavelmente fica a apenas uma caminhada curta pela praia. De certo modo, parece tristemente apropriado o fato de a fogueira ser aqui. Nesta noite, Camila vai começar a desaparecer em um futuro em que o único lugar em que continuamos amigos é na internet.
Reparo em Zayn sentado perto da fogueira seguinte, assando dois marshmallows em um pau comprido. Quando Zayn tira o galho do fogo, percebe que estou olhando. Ele acena para mim e eu respondo com um gesto de cabeça.
— Lá está ela! — Normani aponta para a praia.
Sigo o braço estendido de Normani. A duas fogueiras de distância, vejo Camila. Ela está sentada com Hailee e os amigos dela em um tronco grosso. Camila olha para o fogo com as mãos enfiadas nos bolsos do moletom.
— Camila! — grita Normani.
Puxo os joelhos para perto do peito e sussurro:
— Não vamos fazer isso.
— Não quer incomodar? — pergunta Dinah. — Falando sério, se essa garota está ficando VIP demais para nós, talvez eu precise dar um cacete nela.
Normani coloca a mão nas minhas costas e traça círculos lentos.
— Camila! — berra Normani de novo.
Camila levanta a cabeça, mas só para olhar para o outro lado do lago. Hailee está conversando com uma amiga. Acho que é Sophie Turner, mas só dá para ver a parte de trás da cabeça dela.
— Ela está meio que longe — diz Dinah. — Talvez não esteja escutando.
Pego na manga de Normani.
— Deixe Camila em paz, certo?
— Isso vai chamar a atenção dela — diz Normani. Ela coloca as mãos em concha em cima da boca e grita: — Ei, cabeção!
Em uma reação retardada, Camila se vira para nós.
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The Future Of Us
FanfictionÉ 1996, Camila e Lauren foram vizinhas por toda sua vida. Elas foram melhores amigas por quase todo esse tempo também - pelo menos até novembro do ano passado, quando Camila fez algo que mudou tudo. Tudo vem sendo estranho entre elas desde então, ma...