thirty

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Quarta-feira

Lauren

Martin põe uma tigela de cereais e uvas-passas no balcão da cozinha.

— Isso é muesli — comenta, estendendo o braço para pegar o leite de soja dele. — Os suíços comem no café da manhã e, com toda certeza, sua mãe e eu estamos começando a gostar.

— Bom saber — respondo.

Coloco um waffleEggo congelado na torradeira e olho pela janela, para a entrada da casa de Camila. O carro dos pais dela ainda está lá. Queria que eles saíssem logo para eu arrastá-la para cá e a gente poder conferir o Facebook.

Martin chega mais perto de mim.

— Você já viu as estatísticas da expectativa de vida na Suíça?

Fico praticamente em cima da torradeira, torcendo para que meu waffle fique pronto logo, torcendo para Martin calar a boca e torcendo para os pais de Camila saírem logo.

Minha mãe chega.

— Está pronto para sair? Achei que podíamos passar na loja de tinta no caminho do trabalho.

— Só preciso terminar meu muesli — diz Martin.

Mamãe coloca a xícara de café dela na pia.

— Lauren, você já ligou para o seu pai para agradecer pelo computador?

Detesto o jeito como ela fala dele, "o seu pai". Até o ano passado, ele era "o papai".

— Ainda não — respondo e coloco um monte de calda em cima do waffle. — Comecei a escrever um e-mail para ele, mas ainda não mandei.

— Ele deixou um recado na segunda-feira para saber se tinha chegado — diz minha mãe. — Quando você ligar, pergunte também como vai o bebê. Rachel já deve estar com cinco semanas.

Não estou a fim de ligar para o meu pai para falar sobre o computador. Essa questão toda neste momento está muito bizarra. Fico agradecida por ouvir a porta da casa de Camila se fechar. Corro para a janela e observo os pais dela darem a ré com o carro para sair da garagem. Então, pego o prato e o garfo e saio porta afora.

...

Toco a campainha de Camila pela terceira vez e espio pela janela. A mochila dela está na mesinha lateral e isso significa que ela ainda não saiu para a escola. Olho atrás de um vaso de planta e fico aliviada de ver que não mudaram a chave de emergência de lugar. Equilibro o prato com o waffle em uma mão e entro.

Ouço música alta saindo do quarto de Camila.

— Camila? — chamo, do pé da escada.

Nada de resposta.

Eu não entro na casa dela desde dezembro. A última vez foi algumas semanas depois de ela tentar me beijar e nós mal estávamos nos falando. Quando minha mãe disse que ela e Martin iriam ao vizinho para jantar e assistir à televisão, eu me convidei para ir junto, na esperança de ter alguns minutos para conversar com Camila. Mas ela engoliu a comida e logo desapareceu para dentro do quarto dela.

A parede toda ao lado da escada é coberta de fotos de Camila e David em todas as fases de desenvolvimento: todas as fotos de turma da escola, todos os cortes de cabelo horrorosos. Há até marcas das mãos deles em argila, ao lado de cachos emoldurados de quando eram bebês.

Dou uma mordida no meu waffle e bato na porta de Camila. Lá dentro, está tocando bem alto a música "Walking on Sunshine".

Através da porta, ouço Camila cantar:

The Future Of UsNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ