O Turista (Livro 1) [H.S]

Capítulo 23

Niall ficou furioso. Queria ir ao chalé, queria encontrar logo Madison, queria checar que Melanie estava bem... Mas a policia o cercou em Paris, o que o forçou a se retardar. A chegada no chalé foi silenciosa, a casa os acolheu, mesmo tendo os móveis cobertos por lençóis brancos. Melanie tinha um vergão negro vindo da direção do pulmão até a dobra do braço, e sentia dor ao mover ali. Todos estavam muito quietos, muito pensativos. Adrenalina era uma coisa, ter dois dos membros da família sobre ameaça de morte iminente era outra. Harry saiu pelo jardim, caminhando, ignorando o som dos helicópteros em sua cabeça, pensando em tudo. Matara uma pessoa. Salvara inúmeras antes, mas isso não lhe dava o direito. Atirou sem pensar duas vezes. Mas ele não podia permitir que aquela fornalha fosse acesa, ele não podia permitir... Uma vida em que ela não existisse. Caminhou até longe, até que ouviu um gemido. Franziu o cenho, na defensiva, mas não era humano. Ele adentrou as arvores, tendo cuidado pra não chegar perto da linha limite da cúpula, mas não precisou ir longe. Era um cachorro. Um labrador, cor de caramelo, caído entre as arvores, fraco. Provavelmente fora abandonado na estrada pelos donos, e penara até chegar ali.

Harry: Ei, garoto. – Disse, se abaixando e passando a mão na cabeça do cachorro. Estava fraco, ferido, o pelo começava a falhar, devia estar com pulgas, fome e sede, mas olhou Harry, farejando sua mão e lambendo em seguida. – Seus donos são mesmo idiotas, não são?

Harry tentou levar o cachorro pra casa, mas ele mancava da perna de trás, de modo que Harry o carregou. Era grande, mas não estava em seu peso ideal, logo não deu trabalho. Encontrou Melanie no caminho de volta pra casa.

Melanie: Graças a Deus! – Disse, suspirando – Eu não sabia mais onde procurar, eu não... O que é isso? – Perguntou, parando, com uma careta.

Harry: O que parece? – Perguntou, obvio.

Melanie: Parece que você perdeu o juízo. – Disse, lentamente – Onde o encontrou?

Melanie: Eu não entendo, se vão abandonar assim, pra que comprar? – Lamentou, olhando o cachorro nos braços de Harry, que deu de ombros – Sabe que não podemos ficar com ele, não é?

Harry: Conversaremos sobre isso depois. – Disse, retomando seu caminho.

Melanie suspirou, olhando a grama. Ali estava mais uma briga, programada. Harry levou o cachorro pro quintal, lhe dando água. O animal avançou no pote, quase derrubando-o, bebendo como se tivesse anos de sede acumulada. Mesmo machucado e fraco seu olhar para Harry foi de gratidão.

Harry conseguiu uma mangueira e sabão, notando que não havia nada ali que servisse pra cachorros. Fez uma lista de compras, com sabonetes apropriados, ração, remédios, coleira, escovas, brinquedos, enfim, tudo. Estava massageando o pelo do cachorro e sorriu ao reparar que era só um pouco mais claro que o cabelo de Melanie. O cachorro aceitou o banho quieto, colaborando em tudo.

Madison: Então aqui está nossa novidade. – Disse, e Harry ergueu a cabeça, vendo Louis, Madison e Melanie se aproximarem. Sorriu de canto.

Harry: Melanie, ligue pra Niall. Peça a ele para que traga isso. – Disse, enxaguando uma mão e erguendo a lista de compras pra Melanie, que franziu o cenho lendo.

Louis: Vejam como é a vida, a máfia, a policia, o FBI, a C.I.A, Deus e o mundo não conseguem entrar aqui, mas um cachorro consegue. – Disse, rindo em seguida. Melanie tinha o celular na mão, tentando achar sinal. – Outro dia eu consegui cobertura por aqui. Use o meu. – Disse, entregando um aparelho pequeno e preto a Melanie – Vá mais pra perto da copa das arvores. – Melanie revirou os olhos.

Harry enxaguou o cachorro, secando-o com uma grande toalha felpuda e passou um pente fino nele, se livrando das pulgas. Uma vez limpo e seco o pelo ganhou uma aparência melhor, assim como o cachorro. Melanie passou vidas tentando ligar, sem conseguir. Não podia sair da cúpula, sendo que os helicópteros estavam rodando. Quando por fim conseguiu telefonar, a ligação estava horrível. Ainda assim deu claramente pra ouvir a pergunta indignada de Niall, pelo telefone.