Vinte e Um

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Coréia do Sul - Ano de 1913

- O que achou Park Bom?

- É maravilhoso... Seung-Hyun, como achou esse lugar?

- Incrível como ninguém ainda o viu, não é mesmo?

O rapaz sorriu para a garota, ainda de mãos dadas com ela. Park Bom olhava maravilhada para a paisagem de gelo. Um lugar totalmente livre de humanos, nada além de árvores repletas de neve e um lindo lago prestes a congelar. Era uma daquelas lindas cenas naturais que qualquer artista gostaria de pintar.

- Não tem perigo? - olhou para os lados, averiguando se estavam mesmo sozinhos. - Você sabe... Eu ainda tenho medo...

- Enquanto eu estiver aqui ao seu lado não terá perigo, Park Bom. - Seung-Hyun apertou firme a mão da garota. - Quando tudo estiver pronto, poderemos fugir juntos. Só precisa ter mais paciência.

- Esperarei o tempo que for, oppa. - sorriu de canto, virando sua atenção para o lago - Quem sabe seremos os primeiros a patinar nesse lago.

- Está bem frio. Provavelmente ao amanhecer esse lago já estará congelado - Seung sorriu, puxando a garota - Vem, vamos mais para perto. Quero aproveitar cada segundo com você.

XXX

Era tarde da noite quando Park Bom voltou à sua casa. Desde que o general Lee se agraciou dela, sua vida se resumia a encontros escondidos com Seung-Hyun, aquele que ela tinha certeza ser o amor de sua vida.

Exatamente por isso, esperaria o tempo que fosse até que pudessem fugir do vilarejo. Iria para qualquer lugar com ele e assim poderiam se amar, sem ninguém para impedi-los.

Todavia, depois do belíssimo encontro perto do lago, Bom sentiu que algo estava diferente em sua casa. Havia uma movimentação estranha de pessoas, mais do que estava sendo ultimamente devido à invasão japonesa.

- Appa...? - Bom disse em um sibilo, adentrando pela porta estreita.

Seu pai estava sentado no chão, cabisbaixo. Só então que a garota percebeu a presença de guardas por lá. Imediamente lhe veio à mente a imagem de Seung-Hyun. Ela tentou sair correndo no mesmo momento, mas foi impedida pelos guardas.

Trancaram-na em seu quarto, deixando-a sozinha com suas lágrimas.

Disseram-na que Seung-Hyun já estava morto. "Ele teve a punição que merecia", disse o general Lee ao informar à garota que ele próprio fez questão de atirá-lo no lago frio onde se encontravam às escondidas.

Amargurada pelo estado da garota, a mãe de Park Bom arriscou a própria vida, ajudando-a a escapar no meio da noite. Fez a filha prometer que fugiria para longe dali, assim ficaria livre de viver com um tirano feito o general Lee.

Porém, Park Bom não cumpriu com sua promessa. Ela não fugiu para um lugar distante, mas sim correu na noite fria e congelante até o lago em que se encontrava com seu amor.

Não havia noite mais fria que aquela. As primeiras camadas de gelo já começavam a se formar no lago. Aproximando-se das águas, Park Bom viu, na água refletida pela luz do luar, a imagem de seu amor ao fundo...

Era como se o rapaz a chamasse; foi o suficiente para ela ter certeza de que não seria possível viver sem ele. Estavam destinados a ficarem juntos... Para sempre.

Sem questionar e seguindo seu desejo mais íntimo, Park Bom se atirou no lago, permitindo-se afundar até ficar junto de seu amor. Porque esse era seu destino. Ela não poderia amar outro que não fosse ele... Nem se quisesse.

Coração de Gelo  Where stories live. Discover now