Trinta e Quatro

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Vocês não sabem, mas, sou trainee da big hit há um ano.

 XXX

— Continuaria me amando se eu te dissesse que... Que talvez eu tenha culpa na morte de Yuju?

— Yuju? — perguntou.

O que Yuju tinha a ver? Por que Yoongi tinha que tocar no nome dela em um momento como aquele?

— Por que está falando da morte dela, Yoongi...— o coração de Tae bateu forte. Ele deu um passo para trás, ficando um pouco mais longe do garoto.

— Sinto muito patinador. Eu sinto muito. — ele balançava a cabeça. Yoongi também chorava.

— Sente pelo o quê? Fale! — gritou. — Fale! Como pode ter algo a ver com a morte de Yuju?

— E-eu...— a voz de Yoongi saiu falha. Ele mal conseguia falar, mas falaria. Mesmo que doesse mais que qualquer coisa, ele falaria. — Eu estava lá. Estava lá quando ela foi atropelada. E-eu...

— Não pode falar essas coisas. Não pode! — deu mais um passo para trás, balançando a cabeça. Colocou as mãos em seus ouvidos. Não queria ouvir o que Yoongi estava dizendo, era forte demais para suportar. — Está mentindo, Yoongi. Você não estava lá... Não tem nada a ver com você... Ela...

— Ela foi atropelada. Atropelado por alguém embriagado. Há seis meses. Por mim.

O mundo desmoronava. Sentia-se perdido no deserto, como se não tivesse nenhum lugar para ir; nenhuma esperança. Tentava forçar a sua mente a não acreditar nas palavras dele. Não poderiam ser verdade, de forma alguma.

— Quando eu te salvei... Do atropelamento... Eu estava indo à polícia... Me entregar...

Yoongi confessou. Uma explosão de emoções passou pela mente de Taehyung. Queria bater em Yoongi, até a morte dele. Por que chegou a gostar tanto de alguém como ele?

— Você é um monstro! É um assassino!

Gritou. Sentiu uma dor inexplicável no peito, principalmente quando disse a palavra "assassino".

— Patinador, eu...

— Não me chame assim!

Taehyung deu passos para trás, queria sair de perto dele. Não queria olhar para Yoongi.

Assassino. Assassino. Assassino....Yoongi era um assassino, um monstro. Não deveria ficar perto dele.

Correu, sem olhar para trás.

Passou pelo campus da escola, esbarrando-se nos alunos que o olhavam assustados. O coração doía. Não seria nem possível descrever o tamanho da dor. Era algo indescritível. Nem se o lançassem em um vulcão em chamas; nem se o torturassem... Nada seria mais doloroso do que sentia naquele instante. Deveria correr, o mais distante que pudesse. Arranjar um jeito, quem sabe, de acabar com a dor.

Então, a primeira coisa que lhe veio à mente foi o lago. Antes a melhor pista de patinação natural. Agora, só um lago fundo e vazio. Não havia ninguém lá. As pessoas eram assustadas demais por causa da lenda que o cercava para aproximarem-se dele no verão. A lenda não o deixava assustado e, por isso, se atirou nele. Não se permitiu nadar; não deu uma braçada sequer.

Deixou que as águas o levassem para o fundo do rio. Estaria terminado.

— Ei, garoto sorriso! Se levante!

Tae ouviu uma voz doce em seus ouvidos, até abrir os olhos. Era Jimin, de novo! Mas...O que ele fazia lá? E onde Taehyung estava?

Então, olhou à sua volta. Tudo era branco, inclusive as roupas de Jimin. Ele continuava sorrindo, estendendo as mãos para si. Se levantou.

— Onde estou?

— Tanto tempo sem me ver e é isso que pergunta?

Depois de filmar as paredes brancas, voltou-se para Jimin. Até que, como em um sopro de mágica, Jimin transformou-se em Yuju. Tae a abraçou imediatamente, apertando-a com toda a sua força.

— Acalme-se. — ela alisou as costas de Taehyung, enquanto seu rosto estava repousado nos ombros dela. — Tudo vai dar certo.

— Não vai. Não vai dar certo, Yuju. Ele contou para mim... Foi ele quem a atropelou...

— Ele contou? — Yuju o afastou do abraço, olhando com a testa enrugada para Taehyung. — Quem?

— Yoongi. — respondeu, aos soluços.

De repente, Yuju deu uma risada. Daquelas risadas humoradas que ela costumava dar quando Tae fazia algo engraçado durante os treinos. Ela não deveria rir de algo tão sério.

— Eu não tinha lhe dito que havia o perdoado?

— Mas... Yuju, ele...

— Eu o perdoei, já disse. — ela o ignorou, girando o corpo e caminhando em direção a um completo nada, com as mãos no bolso.

O seguiu. As paredes brancas tornavam-se mais estreitas.

— Como pode perdoar alguém que o atropelou?

— Ele não me atropelou. — Yuju disse convicta.

Taehyung parou de caminhar, assustado.

— Mas se não a atropelou, então porque Yoongi contou que foi ele?

Yuju se virou para Tae, fitando-o. Nesse momento, parou para analisá-la melhor e se deu conta da situação. Estava em um lugar branco, falando com alguém que já havia morrido. Tudo isso depois de ter se atirado em um lago fundo.

— Estou morto? — questionou.

A garota não o respondeu. Ela só virou seu olhar para o lado. A acompanhou e viu uma porta de madeira, com uma pequena janela de vidro. Não se lembrava de haver porta quando começou a caminhar no corredor branco.

— Eu não gosto dessa sala. — Yuju disse, até voltar a caminhar, dando as costas para Taehyung.

Parou por um tempo, olhando para a porta. Era uma porta normal. O que havia lá para Yuju não gostar? Então, deu uma atenção especial para o inscrito em uma placa de metal, logo acima da porta:

"Sala A – 102"

— Volte, patinador. — Ouviu Yuju falar consigo. — Não é hora de vir atrás de mim.

— Yuju...

— Não se preocupe. Eu estou bem. Mas ainda existem pessoas que precisa cuidar. Volte, patinador. Volte, patinador.

— Patinador! Volte! Volte! Volte!

Taehyung sentiu lábios gelados encostarem aos seus, sugando a água entalada em sua garganta. Então, como se um sopro de vento passasse por seus pulmões, expeliu a água, voltando a respirar.

Abriu os olhos e o viu. O capitão, completamente molhado, agarrado a si.


Coração de Gelo  Where stories live. Discover now