Trinta e Seis

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XXX

Caminhando como se estivesse perdido, Yoongi meditava sobre qual direção seguir. A mensagem de socorro de MI-Cha continuava lá. Ele não tinha certeza se deveria ir até ela ou até onde pretendia ir. Uma coisa era certa: O garoto não estava disposto a fugir ou simplesmente acabar com a própria vida. Não, ele não faria isso. Antes de tudo, resolveu acabar com as dúvidas e todo o mal que Tae, o patinador dele, poderia carregar.

Seu intuito era ir direto à delegacia de polícia mais próxima. Falaria tudo o que sabia – ou o que queria falar. Já que ninguém havia chegado ao autor do acidente que matou Yuju, seria ele, Yoongi, que se autointitularia como autor. Antes que qualquer prova ou investigação apontasse para o irmão. Ele o protegeria.

Neste ponto, vale a pena discutir como o destino pode ser engraçado – para quem acredita nele. Dizem que fazemos o nosso próprio destino. Isso pode ser verdade. Pode ser verdade, também, que quando alguém decide mudar as coisas, influencie no destino de outra pessoa. Agora que isto está esclarecido, talvez seja possível entender o que aconteceu quando Yoongi ainda tinha dúvidas sobre que caminho seguir.

Mi-Cha enviava mais uma mensagem.

"Yoongi, estou na sala que guarda os artigos esportivos da escola. Por favor, me ajude. Eu te imploro. É a minha única esperança.."

Foi aí que, mudando o próprio destino, Yoongi resolveu ir até a escola.

XXX

Taehyung acordou.

"Ótimo!", pensou, "de novo no hospital!". As costas dele doíam um pouco, mas respirava melhor. Por isso, tirou o aparelho de oxigênio do rosto, sentando-se na cama e olhando para as paredes claras. Estava sozinho dentro do quarto de hospital. Então, como se um flash de lembranças voltasse à sua mente, recordou-se do lugar de paredes brancas e de Yuju, naquilo que poderia ter sido um sonho enquanto se afogava.

— Yoongi não o atropelou. — disse convicta a si mesma. — Ele não atropelou Yuju...

Não sabia se estava lúcido ou não. Se estava ficando louco, que se dane! Estava cansado! Por isso, saiu da cama do hospital sem nem se dar conta de que vestia um roupão verde água exclusivo para pacientes.

— Ele não atropelou Yuju... — repetia.

Abriu a porta do quarto. O corredor parecia ser mais extenso do que se lembrava – se é que já esteve naquela ala.

Olhou para os lados e continuou a caminhar. Até que chegou na recepção. Viu seus pais, Jungkook, Minhyuk, Hoseok e inclusive SinB. Todos se levantaram dos bancos de espera, olhando atônitos para Taehyung. Obviamente seu cabelo deveria estar bagunçado e, dadas suas condições, aparentava como alguém que havia fugido do manicômio. Mas não se importou com isso.

— Onde está Yoongi?

Todos se entreolharam. No mesmo momento, viu Jimin chegar. Tae arregalou os olhos, surpreso por vê-lo ali, em pé. Ele realmente estava recuperado e sua felicidade só não seria maior, porque não via o boneco de neve.

— Garoto sorriso.

— Jimin! — correu até ele, o abraçando.

Um enfermeiro tentou se aproximar, mas foi afastado pelo pai de Tae, dizendo para que o deixasse ali. Ao menos por enquanto.

— Eu preciso falar com o Yoongi. — balbuciou.

— Eu o vi. — Jimin se desvencilhou dos seus braços. — Eu falei com ele, garoto sorriso. Agora está tudo bem. Ele mandou dizer que o ama.

Coração de Gelo  Where stories live. Discover now