Capítulo 11

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Depois da Tempestade...

O plano estava dando certo, deixar Ares louco era fácil, ele era o tipo de pessoa que explodia facilmente, mesmo que tentasse se mostrar calmo a maioria das vezes.
Atena era inteligente, e logo bolou algo simples e fácil de executar. Afinal, quem não gostava de beber e dançar?
Kevin também havia sido incrível em concordar com o plano, ele realmente achou minha vingança engraçada e disse que me ajudaria com tudo. Boates sempre foram péssimos lugares para fazer amizade, mas essa estava dando certo por enquanto, embora no final meu novo amigo talvez acabe no hospital totalmente machucado.
Mesmo com tudo isso, o beijo do ruivo não despertava nada em mim, era algo vazio e sem graça, como beber água mas nunca passar a sede. Quando o beijava, meu corpo não queria corresponder e buscava sempre o beijo de um certo alguém nos lábios de Kevin, porém sem o encontrar.
Deixamos Ares preso e saímos de mãos dadas quase saltitantes — o plano havia dado certo — procurando o carro dele e já pensando na próxima boate que iríamos quando ouvi o grito de raiva, quase gutural, atrás de mim.
Parei e me virei lentamente, era impossível ele ter se soltado tão rápido, as pessoas estavam bêbadas demais para o ajudar mas estava ali.
Seu terno negro se encontrava amassado, o cabelo loiro preso em estilo samurai tinha alguns fios soltos e ele caminhava lentamente enquanto os sapatos caros estalavam no chão sujo da rua. Sua expressão facial não estava nada feliz, com os olhos avermelhados crispados e a mandíbula trincada com a raiva contida.
Tentei não demonstrar surpresa mas era impossível diante daquilo. Ares estava irreconhecível, saia ódio de seus olhos e o ar perto dele parecia estar mais quente que o normal, como se sua raiva fosse transmitida para tudo a sua volta, meu coração batendo descompassadamente a cada passo dele.

- Kevin, é melhor você ir. – Falei rapidamente e quando olhei para o lado ele concordou com a cabeça, saiu andando apressado. Menos uma morte por hoje.

O brutamontes pareceu se acalmar, seu rosto se suavizou, e isso serviu para me deixar ainda mais apreensiva. Odiava calmaria, preferia uma tempestade a uma brisa suave. Preferia que gritassem comigo a me deixarem sofrer em silêncio.
Arqueei a sobrancelha como um convite para ele falar, já estava na hora de tirar toda aquela história a limpo, independente do final dela.

- Por que fez tudo isso?

- Você sabe o motivo, não te devo explicações, seu sínico. – Retruquei cruzando os braços sobre minha barriga, como uma forma de proteção, enquanto lançava um olhar fulminante em sua direção.

Ares chegou mais perto, ficando cara à cara comigo. O rosto escultural tão próximo que podia ver cada detalhe dele, enquanto procurava por imperfeições que não existiam.
Nossas respirações disputando espaço, deixando o ar eletrizante.

- Roza realmente já foi minha amante, não posso negar. – Explicou enquanto tocava meu rosto com suavidade, tentei me afastar de seu toque mas foi inevitável, pois com a outra mão ele já segurava meu ombro. – Aquele filho não é meu, mas não podia a envergonhar na frente de todos.

- Então simplesmente fingiu que era seu? Merece o Oscar.

- Ela é irmã do meu melhor amigo, não podia a humilhar assim.

Mas me humilhou.
Quis gritar isso, porém minha voz não saia, e as palavras morriam em meus lábios. Ele não era nada meu, nada. Não podia cobrar por algo que não me pertencia, não podia exigir algo sobre essa relação de fachada. Ares Bellator era tudo, menos meu.
Uma lágrima solitária escorreu pelo canto do meu olho, corri para limpa-la, mas o loiro foi mais rápido.
Suspirei e virei de costas para ele, totalmente abalada porque finalmente percebi a realidade, e eu não podia mudar ela.
Era incrível como o brutamontes fazia tudo isso, o plano era o levar à loucura, mas parece que nem mesmo teve efeito. Ares devia estar irritado por perder seu "precioso" tempo, apenas isso. Não era como se ele realmente se importasse.
Acabei me desequilibrando, ainda sentia meu corpo doer em algumas partes, mas a dor interior que eu sentia foi capaz de me fazer andar mais um pouco até que eu pudesse estar a uma distância segura dele, mesmo que por alguns segundos, pois logo ela acabou.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora