Capítulo 18

94.6K 6.7K 998
                                    

Desabafo...

Ares conseguia me fazer rir mesmo sendo, na maior parte do tempo, um brutamontes, egoísta, prepotente e arrogante. Tinha pena de Arthemis quando começasse a namorar, o tio provavelmente iria matar o pobre coitado.
Me apoiei no cotovelo e o olhei em seus olhos, estava praticamente deitada em cima dele, enquanto o loiro olhava para o céu, contemplando sua imensidão. Sem desviar o olhar, passou o braço por minha cintura e me trouxe para mais perto, fazendo com que eu eu caísse ao seu lado mais uma vez, minha cabeça em seu ombro enquanto ouvia sua respiração calma. Era bom estar assim, fechados para o mundo, como se tivesse uma casinha de vidro ao nosso redor. O único problema era que casas de vidros, quebram.
E eu não sabia até quando aquela casa poderia aguentar.

- Precisamos falar sobre o casamento. – Começou enquanto deslizava suas mãos por minhas costas, fazendo carinho. – Minha família é praticamente grega e bom, teremos um casamento grego.

- Com direito a pratos quebrados? – Perguntei rindo.

- Não, isso é antiquado. – Riu um pouco enquanto me apertava a cintura. – Meu avô quebra pratos porque ele é velho e sempre viu as pessoas fazendo isso, ainda fala que não considera um aniversário se não tiver o benditos pratos quebrados.

Dei mais um sorriso, lembrando da festa. A quebra dos pratos havia sido dos melhores momentos, todos estavam felizes e se divertindo enquanto quebravam as porcelanas e depois dançavam sobre elas.
Não iria reclamar se tivesse um momento como aquele, mesmo não acostumada com essas tradições.

- Vamos nos casar em Navagio, uma praia em Zakynthos. – Explicou com a respiração mais pesada. – A festa será em uma outra parte da ilha, iremos para lá de helicóptero e depois iremos para Santorini. Depois de alguns dias você virá comigo e vamos para Paris.

- Sempre quis conhecer Paris. – Comentei com um pequeno sorriso. Pelo menos aproveitaria toda essa loucura, uma viagem à uma das minhas cidades dos sonhos.

- Podemos ficar alguns dias lá, se quiser. – Falou retirando a mão de minhas costas e indo para meu ombro. – Mas precisamos voltar para Nova York em duas semanas, terei uma luta importante.

Nem tentei disfarçar minha expressão de desgosto, mesmo que ele nem estivesse a vendo. Aquilo não me agradava e não iria mentir. A imagem de Roza Petrov veio rápido, quase como um flash e principalmente, a imagem de Ares beijando sua barriga.
Não gostei nada daquilo e agora gosto menos ainda. Os dois mais uma vez numa bendita luta. Era estranho detestar algo sem nem ao menos ter o direito. Ares me pedia para tratar aquilo como algo real, verdadeiro, mas não era. Já estava ficando difícil não me iludir com suas palavras e atitudes. Me sentia confusa, perdida, quase sufocada com as mentiras que pareciam estar uma por cima da outra. Máfia... família... amigos...
Era sufocante estar perdida, sem saber se era realmente verdade. A maior vontade era de perguntar ao meu pai se ele realmente fez aquilo, se todos os "eu te amo" e beijos de boa noite na infância eram mentira, se todos os cuidados eram falsos e principalmente se minha mãe sabia de tudo. Eu nunca teria essa chance. Aquilo pesava, e como era grande o peso disso na minha mente. Estar perdida não era algo que alguém queira. Sempre fui decidida, mas agora parece que nem mesmo consigo me afastar ou bolar um plano para fugir. E o pior de tudo, eu já não sabia se queria fugir.

- Você vai me ver lutar, certo? Será ótimo ver minha mulher torcendo por mim. – Falou como se não fosse nada, deixando um beijo em minha testa. – Pode ficar sentada com minha equipe, assim, quando eu ganhar vai ser mais fácil roubar um beijo.

Ares - Um Boxeador MafiosoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora